O sol já começava a se inclinar, pintando o céu de um laranja quente e estonteante quando notei que o moreno do futevôlei finalmente estava vindo em nossa direção. Ele passou a mão pelos cabelos molhados e ajeitou a sunga como quem sabia exatamente o que estava fazendo e queria ser notado por isso.— Olha o galã vindo aí — Rafaela comentou em um sussurro divertido, sem disfarçar o sorriso malicioso. — Alerta de problema — Beatriz murmurou, tomando o último gole do seu drink.O cara parou bem na nossa frente, com aquele sorriso de quem se acha irresistível e cruzou os braços, destacando os músculos definidos e brilhantes de protetor solar.— Boa tarde, meninas. Vocês três chamaram tanta atenção que o jogo até perdeu a graça.Pela forma de falar já percebi que é um idiota, revirei os olhos por dentro, mas sorri de forma educada.— Boa tarde. Estávamos justamente comentando como o jogo estava interessante. — respondi, mantendo a diplomacia.Ele se aproximou ainda mais, deixando o ego
Enzo Albuquerque O dia começou estranho. Eu não estava com a menor vontade de trabalhar, mas, como sou o novo chefe, preciso mostrar a eles que o trabalho vem em primeiro lugar.Resolvi levantar e tomar um café. Passei pela sala de Ana Beatriz e encontrei Richard conversando com a assistente dela. Nós dois acabamos trocando farpas, e faltou pouco para trocarmos alguns socos. Entrei na minha sala e me servi de uma dose generosa de uísque. Estava tentando relaxar quando minha irmã me ligou.— Fiquei sabendo o que aconteceu aí. Quer conversar? — Ela perguntou, e eu respirei fundo.— Não quero conversar nada. Estou apenas relaxando.Minha irmã ficou muda por algum tempo.— Ana Luiza está rebolando igual uma dançarina da Carreta Furacão. — Rafa estava rindo, e eu sem entender.— O que é isso?— Deixa pra lá.— Vou trabalhar agora. Boa viagem e se cuida.— Pode deixar, irmãozinho.Desliguei a chamada com Rafa ainda sem entender o que significava “rebolando igual dançarina da Carreta Furacã
Um tempo depois, minha mãe percebeu o meu incômodo e me chamou para que conversássemos e, assim que nos afastamos, já despejei tudo que estava sentindo. — Mãe, você não pode simplesmente decidir com quem eu devo sair. Eu não pedi isso. — Enzo, é só um jantar. Ninguém está te obrigando a casar com ela — respondeu baixinho, ainda mantendo o sorriso de “boa anfitriã”. — Mesmo assim, você sabe o que está fazendo. E isso me irrita — falei entre dentes. Ela se aproximou e sussurrou no meu ouvido, com aquele tom que me dava nos nervos: — Já está feito, meu amor. Tarde demais pra surtar agora. E, por favor, não seja rude com a moça. Ela é de boa família, bem-educada, tem classe... Exatamente o tipo de mulher que você precisa ao seu lado. Engoli em seco. Lá vinha aquele velho discurso da "classe social", como se amor e sentimentos tivessem pedigree. — Mãe, pare de se meter na minha vida. Sério. — Só estou tentando ajudar — ela sorriu e voltou para onde Bianca estava, mudando de
Acordei mais cedo do que o costume, o que já era um feito e tanto para um sábado. Depois da noite anterior, tudo que eu queria era ficar na cama, esquecer do mundo e do fiasco que foi o jantar forçado com Bianca. Mas hoje era aniversário do Juninho, meu afilhado, e se tem algo que me faz esquecer dos problemas, é aquele moleque.Me arrumei no automático, joguei uma camisa qualquer, jeans, e peguei os presentes que tinha embrulhado na noite anterior. Três no total. Um exagero, talvez, mas o sorriso do Juninho valia qualquer gasto. Joguei tudo no banco de trás do carro, liguei o motor e segui para o outro lado da cidade, onde Tatiana e Fábio resolveram se enfiar.— Quem é que escolhe morar no fim do mundo, meu Deus? — murmurei para mim mesmo, encarando o GPS e suas infinitas curvas. Demorei uma eternidade para chegar, e quando finalmente estacionei em frente à casa deles, respirei fundo, tentando esconder o cansaço que me consumia por dentro.Assim que desci do carro, Tatiana apareceu n
Festa de criança é insana. Várias crianças corriam de um lado a outro vestidas de super-heróis, gritando, enquanto os pais bebiam sem se importar se o filho ia quebrar uma perna ou um braço, e as mães ficavam desesperadas. Eu apenas observava tudo horrorizado. Acho que não estou preparado para esse papel de pai.Finalmente a festa encerrou e a paz voltou à casa. Fábio Júnior dormiu, e meus amigos se juntaram a mim. Abrimos uma cerveja e ficamos conversando sobre assuntos aleatórios.— Como vocês aguentam? — perguntei enquanto abria outra cerveja.— Aguentam o quê? — minha amiga perguntou.— Um bando de crianças gritando de um lado a outro, fazendo a maior bagunça.— Isso faz parte da missão de ser pais — Fábio disse, sorrindo, e Tati concordou.— Isso não é pra mim.— Você diz isso porque ainda não tem o seu.Continuamos bebendo, e Fábio levantou e voltou com uísque, gelo de coco, Coca-Cola e energético.— Vamos relembrar os velhos tempos?— Isso aí, Fabão! — sorri animado.— Enzo, ma
Ana Luiza MartinelliAssim que desliguei a ligação, voltei para o quarto e minhas amigas me encararam.— Aposto que estava falando com o falecido que resolveu ressuscitar — Bea disse, e Rafa a olhou de cara feia.— Ei! Não fala do meu irmão.— Desculpa, Rafa, mas o seu irmão está parecendo uma mosca de padaria, *aff*! Ele acha que vai chegar, contar uma lorota qualquer e a minha amiga vai se render aos pés dele novamente. Duvido! A Ana está muito esperta e não vai cair em qualquer papinho.Bea e Rafa iniciaram uma pequena discussão, e eu apenas deixei as duas pra lá e resolvi escolher uma roupa para sair mais tarde.As duas pararam de discutir e me encararam.— Por que está tão quieta? — Rafa perguntou, e Bea me encarou.— Só estou escolhendo um look para a baladinha.— Amiga, eu amo sair, mas você já viu a hora?— Já, Rafa, não sou cega. Preciso de uma festa pra curtir, me jogar na pista, dançar até sentir que minhas pernas vão cair. Quero viver naquele ditado: “Mente vazia, copo che
— Uma piña colada, por favor — pedi ao barman.— Com certeza. Mas você tem cara de quem gosta de algo mais forte — disse ele, com um sorriso brincalhão no rosto.Levei um segundo para perceber que ele estava falando em português.— Você é brasileiro?— E muito observadora! Me chamo Caio, e você?— Ana Luiza. Mas pode chamar de Ana.— Prazer, Ana — respondeu, me entregando o drink. — Essa vai por minha conta.— Sério?— Sim. Não é todo dia que uma brasileira linda aparece por aqui.Dei uma risada e aceitei o copo.— Cuidado com o charme, Caio. Isso pode me conquistar.— Essa é a ideia, Ana.Ficamos ali conversando por um bom tempo. Caio era divertido, simpático e tinha um jeito leve de falar que me fez esquecer completamente dos dramas da minha vida.— Quer dar uma esticadinha depois dessa baladinha? — perguntou, de forma sugestiva.— Vai ficar pra próxima. Vou ligar para minhas amigas e voltar para o hotel.Me despedi dele, liguei para as meninas e avisei que estava a caminho. Elas as
— Não acredito… — murmurei.— Quem é aquele deus grego? — perguntou Rafa, arregalando os olhos.— É o Gabby. Meu irmão. — respondi, sorrindo.— Eita! Que o Gabriel ficou bonito assim? — Rafaela deu uma risadinha. — Quem diria que o fedelho ficaria tão...— Gostoso! Pode dizer, amiga. Meu irmão é um gato mesmo. Mas não chama ele de fedelho, vocês têm quase a mesma idade.— Eu sou mais velha — ela disse, revirando os olhos.— Está bom, senhora de sessenta anos.Me aproximei dele com um sorriso malandro e soltei:— Olha só… que lindo, o Gabby veio buscar a irmãzinha.Ele revirou os olhos e tirou os óculos.— Não enche, Ana. Tô de folga hoje e consegui vir, só por isso. E eu não queria que a mamãe viesse te buscar, porque teria que trazer o Nandinho.— Claro, claro. Mas bem que você estava com saudade de mim, admite.Ele me encarou com aquele jeitão sério de sempre, mas depois sorriu de leve.— Depois que você me ajudou a comprar meu carro, como eu poderia negar uma carona?— Sabia que me