A noite estava silenciosa, com o som suave preenchendo o ar enquanto a taça de vinho nas mãos da minha mãe refletia a luz fraca da sala. Nandinho já dormia há algum tempo, e Gabriel já havia ido embora. Eu sentia meu coração apertado, o peso da verdade me consumindo. Precisava contar. Precisava dividir o que estava me sufocando.
— Filha, eu te conheço e sei que tem algo te afligindo. Me conta o que é — ela disse, me encarando como só mães sabem fazer.
Soltei um suspiro longo, como se estivesse liberando parte do medo que me prendia.
— Estou com medo de você brigar comigo quando souber...
Ela manteve o olhar firme, mas a voz saiu calma.
— Prometo que só vou escutar.
Aquelas palavras me deram o empurrão que faltava. Engoli em seco, abaixei os olhos e comecei:
— Mãe… Eu dormi com o Enzo.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Ela me encarou por alguns segundos que pareceram horas. Sem expressão. Sem palavras. Apenas me olhava.
O incômodo foi crescendo dentro de mim.
— Mãe… fala algum