Fernanda Mendonça:
Minha cabeça lateja impiedosamente. A dor pulsante atrás dos olhos me faz espremê-los com força antes mesmo de abri-los. Cada pulsação me lembra exatamente do porque eu odeio beber. Meu corpo está pesado, e o simples ato de abrir os olhos parece um esforço sobre-humano.
Que inferno!
Solto um gemido baixo, esfregando o rosto com a palma da mão. Meu estômago se revira, e o gosto amargo impregnado na boca me faz desejar nunca mais encostar em uma gota de álcool pelo resto da vida.
Com um suspiro profundo, finalmente forço meus olhos a se abrirem. A luz suave filtrada pelas cortinas me faz piscar várias vezes, enquanto tento organizar os pensamentos.
O problema é que... algo não está certo.
A cama é macia, os lençóis são fofos, mas... o cheiro não é nem um pouco familiar.
Este não é o meu quarto!
Meu coração dispara, e eu me sento num rompante, apenas para me arrepender no mesmo instante. A dor latejante me faz recostar com um gemido, e minha visão se embaralha perigosam