(Ethan)Depois que a euforia passou, Ella se acomodou ao meu lado, ainda com o corpo quente e o olhar brilhando. Mas o silêncio dela era diferente… carregado. Eu sabia que algo vinha. E veio.— Por que você não deixou eu comandar… sobre você não gozar? — ela perguntou, virando o rosto pra mim, os olhos apertados de desconfiança.Respirei fundo. Eu precisava responder. Mas como explicar o que nem eu mesmo queria aceitar?— Porque eu queria sentir… já que vamos passar um bom tempo sem isso. Sem nós — falei baixo, observando como as palavras batiam nela.O brilho no olhar de Ella se apagou.— Você já decidiu isso sozinho? — ela perguntou com um tom ferido. — A minha opinião não importa?Doeu. Claro que importava. Tudo nela me importava. Mas eu não podia dizer isso agora. Eu precisava que ela confiasse. Como eu confiei da última vez, quando ela arriscou a vida pelo pai dela. Ela tinha me pedido pra confiar, e eu confiei. E mesmo sem ter controle, sem nem entender quem era por completo, el
(Ella) Eu sei que o fuzilei com os olhos. Sei exatamente o impacto que minhas palavras tiveram. Senti a fúria dele atravessar o ar como uma tempestade prestes a desabar. Mas eu não podia ficar quieta. Não podia só acenar com a cabeça enquanto ele decidia tudo por mim, como se eu fosse apenas uma espectadora da minha própria vida. E mais do que isso... eu precisava de tempo. Tempo pra digerir, pra entender, pra respirar. Liora já estava no quarto, recolhendo algumas coisas, empilhando-as em cima da cama como quem queria fazer tudo com cuidado. Eu fiquei ali, deitada, abraçada a um travesseiro. Ele abafava um pouco da minha frustração, mas não era o suficiente pra calar o burburinho dentro de mim. — Você e o alfa estão brigados? — ela perguntou, a voz suave como sempre. — Pode-se dizer que sim — resmunguei, apertando o travesseiro contra o rosto. — Ele não quis saber se eu queria ir ou não... Minha voz morreu no final. Era difícil admitir aquilo. Que doía. Que parecia injus
(Ethan)Eu não dormi naquela noite.Fiquei virando de um lado para o outro na cama, os lençóis frios e o vazio ao meu lado só reforçavam o quanto tudo parecia errado. Eu estava ao quarto ao lado do dela. Porém, minha cabeça girava, cheia de pensamentos sobre Ella, sobre tudo que eu fiz — e deixei de fazer.Eu reconheço meus erros. Errei feio com Ella. Escondi verdades, segredos, situações que eu achei que estivesse protegendo ela, quando na verdade só a afastei. E agora… tudo o que eu queria era ter uma segunda chance. Uma única oportunidade de mostrar que posso ser melhor. Que vou ser melhor.Mas eu não sabia o que se passava na cabeça dela. E isso me deixava louco.A ansiedade no meu peito era como uma corrente me apertando por dentro, me prendendo no próprio arrependimento. Eu via como os olhares ao meu redor mudaram. Não por medo do alfa, mas por verem minha vulnerabilidade. Por enxergarem meu medo.E sim, eu estava com medo.Não da guerra, não de Lucian, nem de qualquer inimigo.
(Ethan)Voltei pra casa no fim da noite, exausto. Meus passos me levaram até a cabana que estávamos usando antes da mudança oficial. Havia algo reconfortante naquele lugar, mas assim que abri a porta, percebi que algo estava errado.Estava quieto demais.Não havia cheiro de comida no ar, nem vozes, nem passos apressados. Nenhuma bruxa, nenhum lobo. E, principalmente, nenhum sinal de Ella.Fechei a porta devagar atrás de mim, franzindo o cenho. Eu sabia que tinha passado o dia fora, mas... todos tinham sumido? Não era nenhuma data especial, ou era, e eu tinha esquecido? Minha cabeça andava tão cheia que já não confiava nem na minha memória.Ella.Meu peito apertou.Eu não sentia o cheiro dela ali. Nenhum traço recente.Pensei o pior — que ela tivesse ido embora, fugido, me deixado. Talvez por raiva, por impulso, por mágoa...Me joguei no sofá da sala e passei as mãos nos cabelos, frustrado, sem saber o que fazer. Tudo nela era um caos dentro de mim. Um caos que eu aceitava de bom grado
(Ella)Eu sentia.Sentia que ele estava no limite.Pronto pra ceder.E o mais delicioso disso era saber que ele o faria por mim.A forma como Ethan se entregava, como me olhava com os olhos escuros de desejo, era um contraste brutal com o homem controlado que ele sempre foi. O alfa. O exilado. O predador.Naquela noite... ele se tornou meu. Do jeito que eu quisesse. Submisso. Pronto pra obedecer.E eu?Eu estava disposta.Mais do que isso.Estava faminta.Queria fazer as pazes da forma mais carnal possível — e só depois, conversar.Me levantei, com os cabelos caindo pelos ombros, sentindo a pele quente do nosso toque anterior. Estendi a mão pra ele, firme.— Me leva pra fora.Ele me encarou, confuso.— O quê? Agora?— Agora — murmurei, com um sorriso nos lábios. — Confia em mim e me obedeça.Sem dizer uma palavra, ele se levantou. Estava tão bonito... o peito nu, marcado por cicatrizes, e os olhos brilhando com aquela coloração azul profunda que, aos poucos, ia escurecendo.Eu conheci
(Ethan)Ella estava deitada ao meu lado, completamente inconsciente. Não de exaustão... mas de prazer.O tipo de prazer que não se explica com palavras.O tipo de prazer que eu jamais imaginei proporcionar a alguém — muito menos na forma do meu lobo.Meus pelos aqueciam o corpo nu e sensível dela, que respirava de maneira lenta, como se ainda estivesse presa no sonho selvagem que compartilhamos. Nossos corações batiam em sincronia. Calmos. Unidos.Eu não me movi. Não queria quebrar aquele momento. Porque, apesar da intensidade, do instinto bruto, do nó... havia algo profundamente sagrado naquela união.A forma como meu lobo se conteve... como ele se entregou por completo... Era contra a natureza dele. Contra tudo que somos. Mas pelo amor que sentimos por Ella, ele escolheu proteger. Escolheu ser gentil. E ainda assim foi a coisa mais sensual que já fizemos.E quando ela não estiver mais grávida...Quando eu não precisar conter o lado mais animal, mais brutal... Meu lobo vai tomar o qu
(Ella)No dia seguinte, acordei mais tranquila. Algo dentro de mim dizia que as coisas iam se ajeitar, que estávamos no caminho certo. Ethan conversou muito comigo e abriu seu coração de um jeito que me desmontou por dentro. Ele também estava lidando com tudo isso, tentando ser forte por mim, por nós… e por nosso filho.Os olhos dele sobre mim… meu Deus. Era como se ele me enxergasse de verdade. Sem filtros, sem medo. Era amor puro, cru. Real. Nada no mundo poderia tirar aquilo de nós. Eu estava tão feliz. Feliz de saber que ele cuidou de tudo, inclusive da ida do meu pai. Papai estava ótimo, disse que o lugar era tranquilo, perto da praia, e que seria bom pra ele recomeçar. Ele me ligava quase todo dia, preocupado e ao mesmo tempo animado. E eu… eu me sentia mais leve.As coisas iam melhorar. Eu queria acreditar nisso. Queria que papai voltasse antes do nosso filho nascer. Queria que ele estivesse aqui nesse momento, pra ver o quanto as coisas estavam mudando. E além de tudo aquilo,
(Ethan)Os dias passaram como um borrão. E quando percebi, Bryce já estava aqui para buscar Ella.Eu colocava as últimas coisas dela no carro, enquanto ele me ajudava em silêncio. A cada bolsa guardada, parecia que eu empacotava um pedaço do meu coração.— O lugar pra onde vamos não tem sinal de celular — ele comentou, sem rodeios.Minha testa franziu na hora. Aquilo me incomodou. Um mundo sem notícias dela?— Mas tenho certeza que Dominique vai arrumar um jeito pra vocês se falarem — ele completou, percebendo minha expressão. — Ela é muito boa nisso.Assenti, tentando parecer mais calmo do que realmente estava. Meus olhos, no entanto, estavam nela.Ella se despedia das pessoas próximas. Recebia abraços, sorrisos, conselhos. Dália também se preparava para partir. Ela ficaria com um grupo de ômegas exilados de confiança, fora de comunidades organizadas, mas vivendo com conforto e segurança. Lá, poderia ter seu parto longe dos riscos e das sombras que ainda pairavam sobre nós.Ella fina