Fecho a porta com uma hesitação absurda, ainda pensando porque deixei que ela viesse a meu quarto. Beatrice entra como se já fosse dela, parece realmente não ligar o não sentir o mesmo que eu, estando aqui comigo. Seus olhos esmeraldas observam tudo, como se fosse uma detetive particular procurando algo suspeito.
Observo sem dizer nada. Não há muito o que mostrar, na verdade. O quarto, afinal, é só um cômodo provisório, emprestado por Lady Arabelle. As paredes são de cores creme, os móveis elegantes, mas impessoais. Sem nenhum traço de quem eu sou de verdade, o que, neste momento, é quase um alívio. Ainda estou pensando se ela deve ou não saber tanto assim sobre mim.
Ela caminha com naturalidade. Passa os dedos por cima da escrivaninha, observa um livro aberto, me olha e o fecha devagar, sorrindo, talvez pelo prazer de saber que me fez perder a página que estou lendo. Depois, vai até a mala no canto do quarto. Se abaixa e, sem nenhum pudor, começa a examinar o conteúdo.
- Está procura