— Esta puta.
Virei a cabeça devagar, os olhos estreitando a cada segundo que passava, até finalmente ver ela parada no batente da porta como se fosse uma tempestade pronta para arrebentar tudo.
Camilla.
Claro que seria ela.
O cabelo estava desgrenhado. O delineador borrado. A pele pálida e suada, as pupilas tão dilatadas que pareciam manchas de tinta escorrendo pelos olhos.
A boca dela se contorcia em um sorriso torto, mas as mãos tremiam, e ela tinha aquele olhar — aquele que eu já tinha visto antes. Várias vezes. Demais.
— Camilla — Proferi com lentidão, a voz baixa e afiada. — Que porra você tá fazendo aqui!?
Ela não respondeu de imediato.
Ela riu.
Não uma risada normal.
Foi frágil. O tipo de som que a gente escuta quando algo está se desfazendo por dentro enquanto tenta fingir que está inteiro.
— Quem deu o direito de entrar aqui? — Questionei de novo, posicionando-me diante da Lyra, não para escondê-la, mas para encarar a falta de respeito. — Hein? Quem foi que mandou a senhora en