~Lyra~
No segundo em que o ar frio bateu no meu rosto, eu desmoronei.
Nem cheguei a descer os degraus. Simplesmente caí na varanda da frente, como se minhas pernas tivessem desistido, como se o corpo finalmente tivesse entendido que a alma já tinha ido embora. Meus joelhos bateram no concreto, e eu me encolhi ali mesmo, abraçando os braços com tanta força ao redor do peito que parecia que eu estava tentando segurar o coração no lugar.
E então eu comecei a chorar.
Não era um choro bonitinho. Nada de fungadas discretas, lágrimas silenciosas ou aquela choradinha dramática de filme, em câmera lenta, sob a chuva com piano ao fundo. Não. Era o outro tipo. O feio.
O barulhento, escorrendo ranho, perdendo o ar. O nariz escorria. O rosto estava encharcado. O delineador tinha desistido de mim e agora morava em algum lugar perto do queixo. O peito parecia afundar, e cada vez que eu tentava respirar, parecia que os pulmões travavam.
E o pior?
Eu não conseguia parar de falar.
— Merda... — Sussurre