Capitulo 06

Você está saindo da minha vida

E parece que vai demorar

Se não souber voltar ao menos mande notícias

Cê acha que eu sou louca

Mas tudo vai se encaixar

- Na sua estante , Pitty.

___

Sammy

Terminei de me arrumar e olhei o relógio no meu celular. Eram quase oito horas. Mandei uma mensagem pra Branna dizendo que estava indo falar com Marcus e ela me desejou boa sorte. Bem, eu preciso. Não seria fácil chegar pra ele e dizer que eu estava grávida. Tinha medo de que ele nos rejeitasse, mas eu tentei me controlar. Tudo podia acontecer. Coloquei meu exame de sangue dentro da bolsa e me olhei no espelho outra vez. Eu havia vestido uma calça preta, blusa vermelha sem mangas e um casaco preto. Meu cabelo estava solto caindo pelos ombros em ondas e meus lábios pintados de rosa claro.

Respirei fundo e desci. Sean estava no sofá com papai e Benjamin estava tentando fazer um sanduíche pra ele. Ele estava espalhando maionese não só no pão, mas no balcão e no chão também. Eu sorri vendo ele fazer isso.

- Bom trabalho, mano. - elogiei.

Ele levantou o polegar pra mim concordando e eu balancei a cabeça. Sean riu e se levantou pra ajudar ele.

- Ele está quase lá.

- Vou sair. - avisei e dei um beijo na bochecha do meu pai.

- Marcus?

- Sim. Eu prometi, certo?

- Boa menina. - ele disse sorrindo e eu saí de casa.

Peguei um táxi e dei a ele o endereço da casa de Marcus. Eu estava rezando para que ele estivesse em casa. Sabia que ele saía cedo pra ir pra academia e depois pra oficina, mas estava esperando que ele não fizesse isso hoje. Sim, eu poderia ter ligado e pedido pra ele ficar, mas eu nem sabia se ele sabia que eu estava em Chicago. E não pensei muito no assunto. Só coloquei uma roupa e vim. Você é uma pessoa ótima, pensei irônica. Era horrível chegar na casa das pessoas sem avisar, mas e daí? O taxista ficou olhando da rua pra mim e de volta pra rua. Me mexi desconfortável no banco traseiro e tentei ignorar ele, mas não foi possível. Ele estava sendo bem descarado.

- A moça está sozinha em Chicago? - perguntou me fazendo saltar de surpresa.

Eu realmente não estava esperando por isso. Olhar era uma coisa, agora falar? Ainda mais em um tom que deixa claro suas segundas intenções? Não mesmo, baby.

Olhei pra ele com minha famosa cara má.

- Não consigo ver onde no inferno isso seria da sua conta, moço. - respondi áspera.

Ele riu obviamente se divertindo.

- Oh, eu gosto de cadelas raivosas.

Fechei os olhos e sorri sem acreditar. Esse filho da mãe não disse isso! Abri os olhos e olhei pra ele incrédula.

- Vai se foder. - disparei irritada e ele sorriu.

- Eu ia adorar foder essa sua boquinha inteligente, Preston.

Eu estava pronta pra responder de uma forma bem suja quando me toquei que ele me chamou pelo meu sobrenome. Senti os pelos dos meus braços se arrepiarem e olhei para ele de verdade pela primeira vez. Ele parecia ser mais jovem do que Marcus, talvez uns vinte e seis anos. Ele era moreno e forte, tinha uma pequena cicatriz na bochecha. Seus braços eram cobertos por tatuagens e ele usava um piercing na língua. Vi isso porque ele ficava lambendo os lábios enquanto me olhava pelo espelho. Segurei minha bolsa com força e meu coração disparou.

- Para o carro. - eu disse tentando manter a voz firme.

- Agora, Sammy? Eu estava só começando...

- Para a porra do carro! - gritei e ele parou o carro.

Ele estava sorrindo pra mim sabendo o quanto havia me deixado afetada e eu saí apressada. Corri pela calçada tentando me afastar do táxi e minhas pernas tremiam. Tentei controlar minha respiração e parei em um restaurante pra respirar. Me encostei na parede e fechei os olhos. Coloquei a mão no peito e meu coração parecia uma caixa de som no último volume. Estava estrondando feito louco. Como ele sabia meu nome? , me perguntei e balancei a cabeça. Eu não queria saber como, tinha medo só de pensar.

Depois de controlar minha respiração, eu comecei a andar mais devagar e segui pelo caminho que me lembrava. Avistei o prédio de Marcus um tempo depois e corri pra lá. O porteiro me deixou entrar desde que me conhecia e eu fiquei grata pelos dias que passei indo ali. Entrei no elevador e apertei o botão do décimo primeiro andar.

Ajeitei minha roupa e forcei um sorriso legal.

- Oi, Mar. Então, tô grávida... e você é o pai... - falei sozinha revisando os olhos.

As postas abriram e eu saí. O apartamento dele era o 55B e parei na porta. Mordi o lábio com força e respirei fundo. Você consegue... Toquei a campainha de leve e esperei. Meu coração parecia que ia pular pra fora e eu estava quase tremendo. A porta abriu e eu segurei a respiração. Eu ia sorrir e dizer olá, mas a visão de uma loira semi nua me fez fechar a boca. Minhas entranhas se torceram e quis vomitar. É claro que uma loira gostosa e semi nua iria atender a porta, sorri irônica mesmo sentindo meu coração machucado.

A loira ergueu as sobrancelhas pra mim e sorriu indecisa.

- Oi?

- Ei. - sussurei de volta e depois sorri. - Marcus está aí?

- Sim, está no banho. - ela franziu a testa. - Quer entrar?

- Claro.

Ela saiu do caminho e eu entrei. O apartamento estava arrumado, mas as roupas masculinas no chão diziam o contraíro bem na minha cara. Olhei pro sofá bagunçado com uma cara de nojo e senti vontade de vomitar quando olhei pro chão e vi quatro camisinhas usadas jogadas ao pé do sofá.

Me virei pra loira e sorri. Ela era só um pouco mais alta que eu, magra e os olhos azuis claros. Ela estava vestindo uma langerie preta e cruzou os braços.

- Meu nome é Sally. E o seu?

- Ah, não sou ninguém especial. - eu disse sorrindo.

Eu estava nervosa quando entrei no prédio, com medo e até apavorada com o que ia acontecer, mas surpreendentemente tudo havia passado e deu lugar pra ironia. Bem, era uma situação bem irônica e eu tinha muita vontade de rir. Eu tinha mandado a Sammy insegura viajar pela Índia por um tempo. Não era hora para ser insegura.

Sally cerrou os olhos e apontou o indicador em minha direção.

- Você é a menina da foto.

Me lembrei da foto na mesinha ao lado da cama de Marcus e concordei.

- Sou a menina da foto. - apontei para mim mesma.

- Você é irmã dele? Não sabia que ele tinha uma irmã.

- Não sou irmã dele. - falei fazendo uma careta.

Ela balançou a cabeça entendo.

- Bem, desculpe. É só que você parece muito jovem... desculpa perguntar, mas quantos anos você tem? Dezesseis? Quinze?

Pisquei fazendo uma careta e ri baixinho. Ela não estava sendo chata comigo, só atrapalhada e aquilo era engraçado.

- Tenho dezessete anos.

- Uou. - ela disse sorrindo. - Marcus não é desses, mas quem julgaria? Você é muito bonita.

- Obrigada.

Eu estava parada ao lado do balcão e fui tirar minha bolsa pra colocar em cima, mas Sally me impediu.

- Vi como você olhou pro sofá, sei que não iria tocar em nenhum lugar em que nós... bem, só não encosta no balcão também. - ela disse e percebi que suas bochechas ficaram vermelhas como tomate.

Engoli em seco me afastando do balcão.

- Obrigada por avisar, Sally. - ajeitei a bolsa de volta no ombro, dei mais uma olhada no estrago que eles fizeram e bufei. - Noite divertida.

- Ele estava precisando. - ela disse dando de ombros e eu concordei sorrindo pra ela.

- Quem era na porta, Sally? - Marcus perguntou e apareceu ao lado dela.

Ele estava apenas com uma toalha branca envolta da cintura e molhado. Seu cabelos estavam curtos de novo e ele havia feito a barba. Engoli em seco ao olhar pro seu corpo imenso e poderoso. Marcus havia feito uma tatuagem que começava na costela do lado direito e sumia debaixo da toalha. Eu pisquei e desviei os olhos da toalha. Marcus estava me encarando sem dizer nada e aos poucos franzia a testa.

- Bem, eu vou me arrumar. - Sally disse e foi pro banheiro pegando as roupas dela no caminho.

Marcus deu um passo em minha direção e parou.

- Samantha, o que está fazendo aqui?

Pagando de idiota, respondi mentalmente. Ao invés de responder isso de uma forma bem rude, eu dei de ombros e sorri.

- Eu vim dizer oi. - limpei a garganta. - Oi.

- O que você tá fazendo em Chicago?

- Ah... isso, é, meus pais se separaram e nos mudamos pra cá. Eu, Sean, Papai e Benjamin. - expliquei.

Marcus colocou as mãos na cintura o que atraiu minha atenção e eu suspirei.

- Quem é Benjamin?

- Meu irmão. - respondi ainda olham pra cintura dele, mas depois desviei os olhos. - Meu irmão mais velho.

- Achei que Sean fosse seu irmão mais velho.

- Benjamin é mais velho que ele. Tem a idade do John. Eu não falei dele antes... bem, não tinha porquê.

- Ah.

- Hum.

Nós ficamos nos encarando por um tempo e eu senti meu corpo esquentar como o olhar que ele me lançou. Era quente e cheio de desejo, e algo mais que não entendi. Meus olhos se fixaram em sua boca e eu quis beijá-lo. Era tão bom beijar Marcus...

Sally saiu do banheiro vestida com um terno feminino preto, pegou a bolsa e parou ao lado de Marcus. Ela olhou pra nós dois e sorriu.

- Bem, estou indo. Me liga se precisar da minha... ajuda de novo. - olhou para mim. - Foi um prazer conhecer você, Senhorita Ninguém-especial.

- O prazer foi meu. - acenei e ela foi pra porta. - Até mais, Sally.

Sally saiu sorrindo e eu revirei os olhos. Marcus continuava me encarando e eu tossi. Ele pareceu despertar e gaguejou apontando pro quarto.

- Eu vou colocar uma roupa. Podemos tomar o café da manhã juntos e a gente conversa? - sugeriu.

- Ah, não. - disse negando com a cabeça e ele franziu a testa confuso. - Vou tomar o café da manhã com Branna. Eu só vim dizer oi mesmo.

- Samantha, da última vez que nos vimos...

- Você me disse que não valia a pena e eu te dei um tapa. Eu lembro, não tenho Alzheimer. - disse rude e fui pra porta.

- Samantha, por favor...

Me virei pra ele com raiva.

- Sally é sua namorada ou só uma vadia com quem você fez sexo mais de quatro vezes só na sala? - falei com a voz bem mais elevada e senti as malditas lágrimas se amontoarem nas beiradas. - Eu fui só isso, Mar? Só uma transa? Um... brinquedo novo?

Marcus estava com os olhos arregalados olhando pra mim.

- Claro que não, Samantha...

- Então porque me sinto usada? - perguntei com a voz trêmula. - Porque sinto que fui só mais uma na sua cama? Caramba, eu sou apaixonada por você, seu infeliz. Esse deveria ser um momento e tanto, obrigada por estragar.

Eu passei a mão no rosto pra limpar as lágrimas e me virei. Saí do apartamento e corri pro elevador. Eu tinha esperança de que quando olhasse pra trás, visse ele correndo em minha direção como nos filmes de romance, mas quando me virei encarei um corredor vazio. Meu coração estúpido estava em pedaços e eu engoli o choro. Saí do prédio de cabeça erguida, mas o coração em pedaços no chão. Eu não sabia se eram os hormônios ou a maldita paixão, eu só sabia que doía.

Eu não queria pegar um táxi, não depois daquele fodido idiota, mas eu não tinha opção. Felizmente, o taxista era um velho e foi gentil, me deixou chorar no banco de trás enquanto dirigia pra casa de Branna.

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