Caroline HartAbri o guarda-roupa, procurando por um casaco.Me deparei com um novo — macio, escuro, perfeitamente dobrado.Damon...Só podia ser ele.Suspirei. Eu não sabia o que ele pretendia ao me levar para fora, mas, de algum modo, a ideia de estar com ele longe da casa — sem paredes, sem regras — fazia meu estômago se revirar.Vesti o casaco. O cheiro dele estava impregnado no tecido.Meu celular vibrou em cima da cômoda.Atendi no impulso."Carol! Você sumiu!" ele disse, com a voz carregada de preocupação. "Tá viva nesse fim de mundo?"Sorri, aliviada por ouvir aquela voz familiar."Estou bem, Dan. O sinal aqui é péssimo, por isso não consegui ligar antes.""Desde que soube do que o Zion fez, fiquei em alerta. Você sabe... você é minha filha, Carol. Mesmo não sendo de sangue."Engoli em seco. Ele não precisava dizer aquilo. Eu sabia."Quando minha mãe morreu, só restou você," sussurrei. "E você sempre foi o meu pai. O único que conheci. Te amo, e darei noticias.""Também te amo
Damon ThornA floresta sussurrava.Eu sabia que alguma merda não estava certa aqui."Maldição."O cheiro no ar era inconfundível — ferro, lã molhada, sangue seco.Cheiro de lobo. Mas não da minha alcateia.Corrompido. Selvagem demais. Errado demais.Caroline ainda admirava o lago, encantada, até que seus olhos se fixaram nos meus. Ela sentiu.O lobo em mim estava em alerta.“Damon?” ela perguntou, hesitante.Levantei uma mão.“Não se mexa,” murmurei.E então, ouvimos.Um galho se partindo. Não por acidente.Me movi com velocidade, empurrando Caroline para trás de mim.“Tem alguém nos seguindo.”“Quem? Um animal?”“Não sei.” Menti." Às vezes caçadores entram aqui."Mas eu sabia.Três presenças.Pulsando como trovões abafados.O cheiro era denso, familiar… e ainda assim, manchado. Como algo que já havia cruzado o limite da selvageria e não podia mais voltar.Um rosnado veio da escuridão.Ela agarrou minha camisa pelas costas.Eu avancei um passo.“Mostre-se.” Minha voz foi um comando.N
Caroline Hart O cheiro de café fresco preenchia a cozinha enquanto eu mexia a frigideira distraidamente.Era como se, se eu me concentrasse em algo normal — ovos fritando, torradas dourando — eu pudesse esquecer o que tinha acontecido naquela floresta.Mas era inútil.A lembrança da noite anterior ainda latejava sob minha pele.Os olhos de Damon brilhando no escuro. O som dos passos na névoa. A sensação de ser perseguida.Fechei os olhos por um segundo, respirando fundo.Eu estava assustada, e apesar de saber que esse lugar era distante e recluso, eu não esperava tanta loucura.A mesa estava posta para o café da manhã, mas a casa parecia vazia.Victor e os outros andavam em silêncio, tensos.Algo pairava no ar, algo que eu não conseguia nomear — ainda.Peguei o celular da bancada.Nenhuma ligação de Zion. Nenhuma nova ameaça.Era estranho.Ele, que sempre fora insistente, agora estava… quieto.Quieto demais.O que, na verdade, eu deveria agradecer a Damon, se ele estava quieto, é por
Damon ThornMinha mão fechava a porta enquanto segurava a humana com a outra.Caroline.O nome dela pulsava dentro de mim como um segundo coração.O cheiro dela — doce, quente, um pouco salgado pela ansiedade — me envolvia inteiro.Era um cheiro perigoso.Um cheiro que fazia o meu lobo se agitar sob a pele, impaciente, faminto.Eu a encostei contra a porta, sentindo o corpo dela colado ao meu.Pequena.Frágil.Mas havia uma força nela que me chamava.Nossos lábios se encontraram de novo, e eu perdi o resto do controle que ainda fingia ter.Beijei o canto inferior da sua boca primeiro, até deslizar a língua com calma, sem pressa, mas com uma urgência latente.Ela respondeu na mesma moeda.Sem hesitação.Sem medo.Minhas mãos deslizaram pelas curvas dela, traçando um mapa que eu já sabia que jamais esqueceria.Pele quente.Coração acelerado.Mãos pequenas agarrando minha camisa, como se eu fosse sua única âncora no meio do caos.E talvez eu fosse.Talvez ela também fosse a minha.Peguei
Caroline Hart O primeiro sentido que me acordou foi o calor.O calor do corpo dele, do quarto, da pele ainda sensível da noite que compartilhamos.Abri os olhos devagar.O teto acima de mim era diferente.Mais alto. Mais escuro.O aroma do ambiente era inconfundível — madeira, fumaça e o cheiro inebriante que eu começava a associar a Damon Thorn.Demorei alguns segundos para entender onde estava.No quarto dele.Damon estava deitado de lado, um braço pesado jogado sobre minha cintura, como se até inconscientemente quisesse me manter perto.Meu olhar deslizou por ele sem pudor.A pele bronzeada sob a luz fraca, o cabelo bagunçado, a expressão relaxada — tão diferente do homem que eu conhecia acordado.E então vi.No ombro dele, descendo pela lateral do braço, uma tatuagem.Não era um desenho comum.Era uma lua cheia, envolta por marcas tribais — símbolos rústicos, quase primitivos, que pareciam vibrar com a respiração dele.Meus dedos, guiados por vontade própria, tocaram a pele aquec
Caroline Hart. Eu não conseguia parar de pensar naquelas fotos.O olhar daquele lobo. A tensão naquele quarto.O cheiro, o sexo… Eu não conseguia tirar Damon da minha mente, ao mesmo tempo, precisava saber o que eram aquelas imagens?O cheiro do café fresquinho tomou a cozinha, me trazendo de volta à realidade. Eu estava ali, tentando fazer o que sabia fazer melhor: cozinhar.O café da manhã tinha que estar pronto. Os funcionários da mansão não iriam esperar, e a rotina não parava.O som da chaleira me trouxe de volta ao mundo. Botei as torradas na grelha, e organizei as bandejas com precisão. Fiquei em silêncio, mas meu coração ainda batia descompassado.A porta da cozinha se abriu, e Daiana entrou, com seu jeito sempre carrancudo."Você está bem,Hart?" ela perguntou, seus olhos me avaliavam com cuidado.Eu a observei por um segundo. Eu sabia que ela percebia algo. Ela sempre percebia."Sim, estou bem", disse, com um sorriso forçado. "Só um pouco cansada."Daiana me olhou por mais
Damon ThornO vento ainda carregava o cheiro dela. Doce, forte, marcante.No meu quarto, observei o lençol amassado, travesseiro quente, o perfume doce da pele humana misturado ao meu.E mesmo com a janela aberta, mesmo com o frio da floresta cortando o quarto, nada limpava sua presença.Caroline.O nome dela era um problema. Um erro. Um risco.E ainda assim… era a única coisa que minha mente repetia como um mantra.Eu a queria. Mais do que querer, eu queria reivindicá-la como minha. Ela era uma humana, eu um lobisomem. Quais as probabilidades disso dar certo?Passei as mãos pelos cabelos, ainda tentando recuperar o controle. A noite passada tinha sido intensa demais. Instintiva demais. Verdadeira demais. Eu tinha deixado o lobo chegar perto dela. E pior — tinha gostado da sensação.Ela não fazia ideia do que significava se deitar com alguém como eu.Do que o lobo dentro de mim podia querer a partir de agora, de quanto eu me controlei para não a machucar e deixar ele assumir.Reivind
Caroline Hart“Damon!”Minha voz saiu mais alta do que deveria, mas não importava.Ele parou no mesmo instante, o corpo tenso, o cheiro de terra e chuva ao redor dele como uma segunda pele.Eu o encarei, sem hesitar.“Precisamos conversar, ou você vai continuar me evitando?”Ele virou devagar. Os olhos encontraram os meus.Intensos. Profundos. Inatingíveis.Mas eu não recuei. Já tinha recuado demais.Andei até ele com passos rápidos.O bilhete amassado estava na minha mão.Levantei e mostrei. “Você vai me dizer o que é isso?”Ele não respondeu. Só olhou para o papel por um segundo e depois de volta para mim.“Quem escreveu isso, Damon?” Minha voz falhou por um instante, mas eu não deixei a emoção tomar o controle. “Você sabia. Sabia desde o começo. E mesmo assim, me proibiu de sair sem me dizer o porquê. Me deixou aqui, no meio do nada, sendo vigiada, observada, ameaçada!”“Eu estava tentando te proteger.”“De quê?” Quase gritei. “Do que você está me protegendo, Damon?”Ele não respon