103. Provas
Damon Thorn
O cheiro da floresta ao amanhecer sempre trouxe um tipo de paz primitiva, mas hoje, nem isso conseguia aliviar o peso na minha cabeça. Eu não dormi.
Passei horas andando de um lado para outro na varanda, ouvindo o uivo distante da matilha, vigiando a estrada como um animal acuado.
Hart sentiu meu distanciamento. Eu sabia. Ela tentava ser forte, mas vi nos olhos dela — aquele olhar de quem espera que você a escolha, mesmo quando tudo desaba ao redor. E eu… eu queria escolher, queria segurar, prometer o mundo, mas estava vazio. A raiva por Richard. O medo por Ava. O instinto de proteger a alcateia e nosso filho. Tudo ao mesmo tempo, tudo uma tortura.
Eu queria que ela soubesse que eu estava extremamente feliz por nosso filhote ser menino. Eu teria um sucessor, e enfrentaria o que fosse por ele.
Naquela manhã, quando Hart apareceu na cozinha, cabelo bagunçado, pele brilhando à luz do sol, ela tentou puxar conversa. Falou das consultas, dos chutes do bebê, de Daiana planejando