O dia seguinte amanheceu coberto por uma névoa espessa, como se a própria floresta hesitasse em revelar seus segredos. Alicia caminhava ao lado de Kael até o Círculo Sagrado — um espaço ancestral no coração da matilha, onde os rituais mais antigos eram realizados.
— Eles vão tentar te derrubar — Kael disse, sem rodeios. — O Conselho não aceita facilmente mudanças. Ainda mais quando vêm de uma forasteira.
— Eu sou mais do que isso — Alicia retrucou, ajustando o casaco de couro nos ombros. — E vou provar. Nem que eu precise fazer cada um deles engolir o próprio orgulho.
Kael olhou de lado, o traço de um sorriso surgindo nos lábios.
— Essa é minha garota.
Ela o ignorou, mas sentiu o coração acelerar. "Minha garota". Três palavras e o chão parecia ceder sob seus pés. Ele ainda não havia dito o que sentia — talvez nem soubesse ao certo — mas Alicia percebia os sinais. O toque que se demorava. O olhar que se suavizava. O instinto de protegê-la, mesmo quando ela não precisava.
Ao chegarem ao