CAPÍTULO 14 Narrativa de Mirtes
Eu conhecia o RB como ninguém.
Sabia de cada gesto, cada silêncio, cada mania. Fui mulher dele quando ninguém ousava se aproximar. Cuidava dele quando voltava baleado, sangrando, fugindo da polícia ou da própria culpa. Eu era abrigo, cama quente, comida pronta. Fiel, presente. Sempre ali.
Mas agora, tudo tinha mudado.
Aquela desgraçada da Aline entrou como quem não queria nada e foi logo se esfregando no meu homem. Não era segredo pra ninguém o que eles faziam trancados no quarto. Os gemidos dela ecoavam pela casa, como se fosse de propósito. Como se ela quisesse me provocar. Como se soubesse que eu estava ali, mordendo a boca de ódio.
E o RB… ele se deixava levar. Fraco, fugindo da dor que só eu entendia. Se agarrando nela como se fosse solução. Mas era só fogo. Só carne.
Era em mim que ele confiava. Era minha boca que ele procurava quando o mundo desabava.
Até essa semana.
Ele não me olhava mais como antes. Não me tocava mais. Nem bronca ele