Preocupado com Bela, Michael foi até o quarto dela. Ele bateu na porta.
- Bela?Ela não respondeu. Michael olhou no relógio. Quase três horas da manhã. Ele teve que esperar a remoção dos corpos e o reboque dos carros.Michael abriu a porta. A luz do quarto estava acesa. Bela adormeceu com a roupa que estava. Deitada de lado, ela estava descoberta. Michael entrou sem fazer barulho, pegou uma coberta no armário e a cobriu. Ele sorriu. Bela parecia um anjo.
Cansado e com sono, Michael apagou a luz, tirou o sapato e se enfiou na cama de solteiro. Ele entrou debaixo da coberta e abraçando Bela por trás, a puxou para si.
Ela estava exausta demais para acordar. Foram muitas emoções para um só dia. Michael suspirou profundamente e pela primeira vez em muito tempo ele não precisou usar drogas para dormir. O cheiro suave de jasmim o levou ao mundo dos sonhos em questão de minutos.
Bela acordou assustada e teria caído da cama se braços fortes não estivessem a segurando. Ela prendeu a respiração e ficou imóvel.
O corpo de Michael estava quente igual uma fornalha e pela respiração tranquila, ele dormia. Dormia agarrado a ela! Que loucura, pensou Bela. Do orfanato direto para o purgatório.
Ela tentou ter algum bom senso e afastou a coberta. Dois braços enormes a seguravam pela barriga. Sem sucesso, Bela tentou afastar Michael. Ao contrário, ele a puxou ainda mais e continuou dormindo.
Bela tentou levantar pela segunda vez e novamente foi puxada. Ela chegou a desconfiar que Michael estava acordado e se virou para ele. Céus, como pode ser tão lindo? A vontade de fazer xixi apertou e Bela usou todas as suas forças para sair do abraço de urso.
Outra tentativa frustrada e dessa vez, Michael enroscou as pernas nela. Bela fechou os olhos e respirou fundo. A vontade de urinar com a excitação a deixaram fraca e zonza. Ela abriu os olhos e decidiu acordar Michael e pedir para ele a soltar e explicar o porquê.
- Michael. - A vontade apertou e Bela o chamou com seriedade. - Michael!
Ele acordou assustado e a puxou com força como se estivesse a protegendo de alguma coisa.- O que foi?- Eu preciso ir no banheiro.Sonolento, Michael ergueu o tórax e beijou Bela na bochecha. Ele pediu manhoso.
- Não vai não. Fica comigo.- Agora!Bela foi solta e correu para o banheiro. Quase não deu tempo de levantar a tampa e sentar no vaso sanitário branco. Ela começou a respirar aliviada, mas lembrou de trancar a porta imediatamente.
Um longo banho seria a sua próxima prioridade. De preferência um banho gelado para apagar o fogo que a consumia viva.
No corredor, Michael ganhou um sorriso debochado de Romeo.
- Perdeu o rumo do seu quarto, chefe? Sabia que pedofilia é crime?Michael ficou sério.
- Cale a boca, antes que eu mesmo cale.Ainda sorrindo divertido, Romeo ergueu os braços.- Eu só estou dizendo.- Sai da minha frente.- Sim, chefe.Antes de chegar no seu quarto, Michael ainda esbarrou em Milan. O segurança o olhou dos pés a cabeça e zombou:
- Parece que o tiro saiu pela culatra.- Mais o que é isso? Um motim contra mim? Não pensem que eu vou deixar vocês colocarem as asinhas de fora só porque deram meia dúzia de tiros ontem.Milan riu.
- Meia dúzia? Eu não sabia que era engraçado, Michael.Rindo, o segurança se afastou.Michael bebeu, fumou e cheirou cocaína. Tudo em uma sequência só. Ele estava tenso e começou a andar em círculos pelo quarto. Sob o efeito de álcool e drogas, pensamentos desordenados começaram a ganhar forma.
Dominic acompanhava de perto os dois serralheiros que consertavam os portões. Arthur e Thomas lavavam a entrada. A chuva tinha dado uma trégua, mas o frio era cortante.
Ao olhar para o céu nublado acima da mansão, Dominic viu Michael na sacada do seu quarto. Ele estava completamente nu e com uma garrafa de Corona Extra pela metade.
O segurança bravo, gritou:
- Você está querendo pegar uma pneumonia?!Rindo, Michael se aproximou do parapeito da sacada e gritou de volta:- Eu vou pular!A uma distância de aproximadamente sete metros de altura, uma queda não mataria Michael. Porém, resultaria em alguns ossos quebrados.
Dominic praguejou:
- Filho da puta! Entra agora!Michael bebeu um longo gole de cerveja e passou uma perna por cima da grade de proteção. Dominic correu para amortecer a queda.De volta do hospital com o tornozelo esquerdo torcido, Michael deitado na cama ainda sob o efeito de substâncias entorpecentes, sabia que estava sendo colocado abaixo dos cachorros por Dominic.
No impacto o segurança teve um corte no ombro provocado pela garrafa de cerveja e também precisou de atendimento médico.
Milan colocou o raio-x e a receita médica sobre a poltrona.
- Esquece, Dom. Ele não faz ideia do que você está falando.Arthur coçou a barba escura.- Não é a primeira e não será a última vez que ele apronta uma presepada dessa. Eu vou providenciar muletas.- Faça isso. - Dominic disse ainda furioso.Em pé ao lado da cama, Milan cruzou os braços e olhou para Michael.
- Uma hora Dom, nós vamos achar ele morto por overdose. É melhor fazermos alguma coisa agora antes que a gente perca o nosso ganha pão.Dominic abriu um pequeno sorriso. Milan sempre consegue colocar um pouco de humor no caos. E ele estava coberto de razão.
- Sem álcool e sem cocaína. Ele pode gritar, espernear e ameaçar. Avise Arthur, Thomas e Romeo. Ninguém vai ceder.- Eu vou pegar a arma dele e dar uma limpa nos pinos e papelotes.Michael murmurou alguma coisa. Milan e Dominic se aproximaram para ouvir.
- Eu quero a Bela.Michael apagou.