Que dor de cabeça violenta. Abro os olhos que estão latejando e vejo tudo rodar. Onde é que estou mesmo? Aliás, o que foi que aconteceu? Minhas lembranças estão embaralhadas, parece que eu tomei um porre de bebida barata.
Apoio meus braços para poder me erguer. Estou deitada em uma cama beliche, na parte de baixo. Estou sobre um colchão duro e velho, sem lençol e sem travesseiro. É um quartinho limpo, porém escuro. Tem cheiro de umidade e de coisas guardadas há muito tempo. E aqui faz um silêncio absoluto. Tento me levantar da cama, mas tudo começa a rodar novamente e me sento para não cair.
Pensa, Márcia. Olho para o alto para chafurdar as lembranças e tentar entender o que estou fazendo aqui. Joalheria. Apagão. Kim Na-Ri. Arregalo os olhos e é como se eu estivesse fazendo um download de tudo o que me aconteceu recentemente.
— Meu Deus! Foi isso! A Kim Na-Ri me trouxe para cá!
Eu me lembro agora das exatas palavras que ela me disse com aquela voz sombria: “Acha que me esqueci de você