MADAME SUÍÇA
MADAME SUÍÇA
Por: Anne Vaz
01 - Carolina Alcântara

Carolina Alcântara

O olhar de todos estão cautelosos no carro, sei que se tivesse falado com o Bruno no avião teríamos brigado feio, ainda bem que ele seguiu para o Rio para ficar com nossos filhos.

Preciso me acalmar antes que Laís e Matheus chegue aqui, minha menina é experta e perceberá que algo está errado, por mais que o Bruno tenha sido drogado, não consigo fechar os olhos e não ver a cena que ele estava fodendo aquela menina.

Tive sorte que aqui em Miami já temos essa casa para sempre tenhamos onde ficar, muito melhor que ficar em um hotel, não consigo dormir olho para o lado da cama que está vazia, que seria o lugar do meu ex-saco de músculo.

Outra lágrima solitária começa a escorrer por minha bochecha com a falta que ele está fazendo, me viro de costa e me arrasto para o meio da cama, assim pelo menos a minha mente talvez perceba que agora sou apenas eu.

Respiro fundo e tento encontrar uma lógica para quem tentou me separar do meu marido, infelizmente a pessoa conseguiu, porque por enquanto sem nenhuma chance de que voltemos a ser um casal, Bruno perdeu a minha confiança e talvez nunca recupere.

Somos mafiosos, como confiarei no homem que trepou com outra mulher, mesmo que ele estivesse com uma tonelada de ópio no juízo, ele deveria não beber as merdas daquelas garrafas.

Quando olho para o despertador na cabeceira da cama ainda são 2 h, meu estômago está agitado, uma ânsia começa a surgir, me levanto correndo para o banheiro, me curvo no vaso e coloco o pouco que tenho no estômago para fora, os espasmos da ânsia me deixam tonta, me sento no chão frio.

Minha mente começa a pensar nos motivos dessa náusea e me lembro que não voltei na ginecologista para aplicar meu anticoncepcional trimestral, as coisas foram acontecendo com os intermediários que o Liam enviou para um acordo de casamento para a Laís que não voltei para a minha consulta.

Não acredito que estou grávida justo agora que me separei dele.

Começo a fazer as contas para saber de quanto tempo estou, mas é até complicado, não menstruo faz alguns meses, terei que marcar uma ginecologista e fazer um ultrassom aqui mesmo, quando souber realmente conto para ele o que está acontecendo.

Tenho 36 anos, sou uma mulher madura, bem sucedida nos negócios, não tenho porque me preocupar como criarei uma criança sozinha, ela será amada por mim e tenho certeza que pelo pai também.

Não posso tirar o mérito do Bruno de ser um bom pai, ele sempre é presente na criação tanto da Laís como o do Matheus, meus filhos têm uma criação totalmente diferente do que tive, principalmente porque não tive pai presente, ainda era muito nova quando o meu genitor trocou minha mãe por outra mulher que estava grávida dele.

Me ergo do chão, lavo a boca e decido descer para a cozinha, sei que esse horário Hassan ou o Frank já devem ter se retirado para descansar, abro a porta sem fazer muito barulho e vou caminhando com os pensamentos em um redemoinho.

Já não me basta estar com a cabeça nesse problema com o meu ex-marido, agora estou grávida dele, ainda tenho que negociar meu divórcio com a organização, que tenho certeza que dificultará e muito para liberarem o meu divórcio.

Paro de andar assim que sinto o cheiro agradável de café fresquinho, olho para a minha roupa e constato que estou apenas de camisola quase que transparente, com mais pele amostra que outra coisa, me nego voltar ao meu quarto agora.

Para a minha surpresa, Hassan estava na cozinha com uma calça de flanela e com a camisa de botões aberta completamente, não consigo desviar o olhar do seu abdome trincado, meu coração idiota e partido começa a bombear ocitocina que o meu cérebro machucado por uma traição está produzindo em um nível anormal.

Meus mamilos começam a ficar rígidos assim como meus seios estão esquentando desejando ser tocados, ou pode ser apenas a reação de excesso de hormônios gestacionais, isso claro se estiver mesmo grávida.

Me aproximo mais ainda do homem, que se assusta quando me ver, tenta fechar a camisa e me aproximo dele por trás, toco em seu ombro e vou em direção ao armário onde guardavam as xícaras, quero tomar algo para amenizar o desconforto do mal-estar de ainda pouco.

— Não se preocupe com isso, agora sou apenas a Carol, uma mulher adulta recém-separada e cheia de hormônios. — Tento esconder o meu rosto do meu segurança.

Não consigo pegar a xícara que estava um pouco mais alta que o necessário, ouço os passos do homem que logo se põe atrás de mim, baixo um pouco a minha cabeça quando observo que o braço dele passar pelo meu e pega a xícara.

— Acho melhor me retirar senhora, não é certo. — Ele diz tão próximo de mim que sinto meus pelinhos se arrepiando.

— Não consegui dormir, minha mente traiçoeira está gostando de me torturar Hassan… — Digo ainda de costa e envergonhada em estar assim tão vulnerável para outro homem.

— Acabei de fazer café, Frank precisou ir olhar algo na casa da senhora Carrillo e logo está voltando para a sua segurança. — Apenas concordei com a cabeça. — Por favor, não se vire até que saia da cozinha, lhe respeito como a minha senhora e é minha obrigação lhe proteger… — Nego com a cabeça e me viro para o homem que ainda estava tão próximo que conseguia sentir o calor do seu corpo.

— Nesse momento não quero ser protegida Hassan, quero esquecer os problemas. — Olho em seus olhos negros, sua barba comprida e muito bem cuidada, ele é bem mais alto, me sinto ofegante com o clima que surgiu entre a gente.

— Sabe que amanhã se algo acontecer você vai se arrepender e serei provavelmente demitido, pela senhora Carrillo e logo depois o seu marido vai me matar. — Ele fala com um certo humor, olhando em meus olhos, enquanto olho para os lábios dele e desejo que me toque.

— Nunca demitirei você, se me arrepender volto para outro café, para me lembrar o porquê ele estava incrivelmente atraente durante a madrugada. — Digo quando levanto a mão para toca em seu peito.

— Senhora… — Não deixo que ele termine o que iria dizer.

— Carol, por favor, senhora não, não agora, quero ser apenas uma mulher sem um título ou alguma importância. — Ele confirma com a cabeça, seus passos começam a me empurrar em direção ao balcão.

Ele segura a minha mão em seu peito e sinto que sua pulsação está tão acelerada como a minha, que ele deve estar tão nervoso e indeciso como estou, mas quero apenas esquecer o que aconteceu nas últimas semanas, quero esquecer que fui traída, esquecer que deixei de ser a deusa do homem que amo.

— Tem certeza, porque não sei se conseguirei parar quando começar a beijar você, não sou um homem que se deixa ser dominado por uma mulher Carol, sou um homem que ama domar uma mulher… — Ele fala quase que sussurrando próximo aos meus lábios.

— Quero apenas esquecer… — nesse momento seus lábios grudam nos meus, não posso evitar comparar as diferenças que existem.

Me rendo aos seus beijos, suas mãos vão até a minha cintura, me erguendo e sentando na sua frente, abro as pernas para que ele se acomode entre elas, minhas mãos vão para a sua nuca e me colo ao seu corpo, a umidade entre as minhas pernas começa aumentar.

Ouço seus gemidos me deixando ainda mais excitada, seus lábios saem da minha boca e começa a descer por meu pescoço.

— Tem certeza, Carol? — Ele continua a me perguntar, apenas confirmo porque se parar para pensar tenho a certeza que vou recuar. — Sinta o que essa camisola me causou.

Ele encosta a sua pelve em minha perna, sinto que ele é um homem bastante grande o que me tira um suspiro de rendição, desejo sentir esse homem dentro de mim, sua barba passou do meu pescoço para o meu busto.

— Me faça esquecer o que me atormenta. — Digo quase chorosa, ele para de me beijar e aquelas duas ônix que me sondavam.

— Não me demita amanhã, ok? — Concordo com a cabeça.

Hassan me puxa para mais próximo de seu corpo, circula a minha cintura com uma das mãos e outra sustenta a minha coxa, saímos da cozinha e subimos para o meu quarto entre beijos e alguns gemidos.

— Vou deixar você na cama e já volto, tenha esse tempo como uma chance de pensar se quer realmente isso. — Ele me olha nos olhos, sei que ele está assustado e principalmente com medo.

No mundo em que vivemos uma coisa dessas é motivo de morte, observo-o saindo, aproveito, não deixo de olhar para a ereção que estava tão presente, já que parecia que ele estava sem cueca, quero deixar que aconteça o que for.

Amanhã é outro dia e pensarei nas consequências sobre isso com o tempo, mas jamais deixaria que algo aconteça com ele devido a algo que decidi fazer, nesse momento somos apenas um homem e uma mulher que sentiram uma atração sexual e que querem aliviar esse momento.

Caso em algum momento o Bruno desconfie de algo, impedirei que ele faça algo com o meu segurança do mesmo jeito que protegerei ele da organização, não deixarei que a Vanessa me o leve de perto de mim nesse momento.

Preciso dele e mesmo que por hora ele seja apenas um estepe, preciso para que não afunde em uma depressão pelo que aconteceu, estava em pé olhando entre as persianas e ouço o som da porta do meu quarto se fechando e sendo trancada, continuo olhando para as estrelas e pensando em uma forma que possa fazer isso dar certo.

Meu casamento destruído com a traição do Bruno.

Minha traição com o meu segurança que se tornou um puta sedutor, com um simples café.

Como manter o segurança vivo e empregado assim que amanhecer.

— Sua convicção se mantém? — Ele me pergunta, suas mãos vão para o meu ombro e descem por meus braços, com carinho.

— Hassan, sou uma mulher perigosa, sou aquela que protege os seus sem medir esforços, ainda não sei como farei para te manter comigo, tão pouco seguro e vivo, mas prometo que irei pensar em algo. — Digo a ele, porque sei que ele deve ter se enchido de perguntas nesse tempo em que saiu.

— Sayidati, não se preocupe com isso, sei me cuidar muito bem, quero apenas ter a certeza que não vai se arrepender. — Ele me pergunta mais uma vez, mas preciso se sincera com ele.

— Hassan, não sei se vou me arrepender depois ou não, mas nesse momento quero sentir o seu toque e seus beijos pelo meu corpo. — Digo baixinho.

— Então Jamil, diga isso me olhando, quero ver seus olhos. — Ele me vira, põe seus dedos no meu queixo, para olhar aquelas duas pedras ônix que ele chama de olhos, que me traz uma tranquilidade que não sinto desde que iniciamos a aventura para ajudar Vanessa e o Gustavo.

— Preciso sentir seus lábios em meu corpo Hassan. — Ele me puxa para mais perto do seu corpo.

Ele se senta na cama e me puxa em direção ao seu colo, me sento com as pernas abertas, meu corpo tem a reação que ele desejava, meus seios se empinam ansiando por algum toque, Hassan mantém meu rosto erguido em sua direção, acho que ele procura alguma indecisão, mas estou convicta de quero curtir esse momento, que preciso sentir que minha vida não inicia e termina com o Bruno e tão pouco com a máfia.

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