Cap. 96

O choque o paralisou. O corpo ainda latejava, mas a culpa o esmagou como uma onda brutal.

Maya tombou sobre ele, ofegante, o rosto enterrado na curva do pescoço dele. Os braços trêmulos envolveram seus ombros, e Kan a segurou com força, suplicando internamente para que não fosse ela — mas sua mente lhe devolveu o cheiro e a mesma sensação daquele dia.

Ele a deitou devagar, deslizando para o lado e mantendo o corpo próximo, enterrando o rosto no cabelo dela. O cheiro dela, o mesmo daquela noite, o sufocou de culpa — a mulher que ele tomou no passado era a mesma que estava com ele agora, voluntariosa, sem lembrar dele.

— Me desculpa… — sussurrou, a testa pressionada à dela.

Maya abriu os olhos, sonolenta.

— Pelo quê? — perguntou, a voz baixa e suave, os dedos acariciando os cabelos dele. — O que foi?

Kan não respondeu. Não podia. Sua garganta travava. Seus olhos se fecharam com força.

Ela envolveu a cintura dele com as pernas, puxando-o para mais perto, tentando acalmá-lo sem en