Cap. 46 trigêmeos nas empresas Kan.Maya volpyn.As portas do elevador se fecharam, me selando naquele cubículo metálico, mas a imagem de Kan ainda queimava vívida por trás das minhas pálpebras. Minhas mãos tremiam levemente, e eu apertava a pasta de documentos contra o peito como se fosse um escudo ridículo contra o que estava sentindo. Meu coração batia descompassado, como se quisesse escapar do peito, tão confuso quanto eu. O que diabos acabou de acontecer ali?Encostei as costas na parede fria do elevador e tentei puxar o ar para dentro dos pulmões, mas parecia que até o ar havia decidido se rebelar contra mim. A proximidade de Kan, o modo como ele havia mudado — e ainda assim parecia o mesmo — me deixava zonza, como se o chão tivesse sumido sob meus pés. Era uma vertigem estranha, uma mistura de familiaridade e estranheza que me desorientava por completo.Durante anos, construí um muro de ressentimento. Me convenci de que o odiava. Enterrei tudo o que um dia existiu sob camadas d
Cap. 47 A Família que ele construiu.Maya ficou escondida, observando a entrada do prédio com o coração apertado. Seus olhos se arregalaram quando viu Kan saindo, acompanhado de três crianças. O mundo pareceu parar por um instante.O ar ficou mais pesado. Uma tristeza silenciosa a invadiu — profunda e inexplicável. Seus olhos marejaram antes mesmo que tivesse tempo de entender o porquê.— Quem... são eles? — sussurrou para si mesma, mas o nó na garganta a impediu de continuar.Seus filhos sentiram. O mais velho, Ayel, captou a instabilidade dela em um segundo. Com um olhar firme, indicou aos irmãos o que fazer. Os três se entreolharam e, em silêncio, ergueram uma nova barreira — uma camada energética sutil, mas poderosa — para esconder a presença da mãe.E assim Maya observou, invisível aos olhos daquele que um dia a quebrou. Seus olhos marejaram ao vê-los, sentindo o coração apertar.Kan parou ao avistar Lana, que o esperava encostada na lateral do carro, as mãos apoiadas na barriga
Cap. 48 Contratada por Kan!— Não! — berrei, o som ecoando pelo quarto pequeno enquanto eu desabava na cama, ainda com o pijama amassado. — Eu pedi tanto, tanto pra qualquer outra empresa me contratar! Mas tinha que ser justo a empresa daquele… daquele ser desprezível? Sério mesmo, universo? Tá de sacanagem comigo, né?O comunicado tinha chegado frio, cruel, como uma bala silenciosa atravessando a rotina: "Você foi contratada pela Kan Industries. Comparecer ao endereço abaixo… daqui a dois dias?"Li e reli a mensagem no celular, os olhos grudados nas palavras que pareciam cuspir na minha cara. O sangue gelou nas minhas veias. Era como se o mundo, de repente, tivesse ficado minúsculo demais para o pânico gigante que crescia dentro de mim, me sufocando. Por quê? Por que justo essa empresa? De todas as empresas do mundo, tinha que ser a dele?— Não! Eu não posso aceitar! — gritei, histérica, as lágrimas começando a embaçar minha visão. — Tem que ter outra opção! Tem que ter! — resmunguei
Cap. 49 Encontrando Kan na nova escola.Maya seguia em alta velocidade, sem conseguir parar de olhar para o relógio, aflita a cada segundo que passava, com medo de chegarem atrasados.— Se tivéssemos nos teletransportado, seria bem mais fácil — resmungou Ayel, sentado ao lado dos irmãos. Os três estavam com os braços cruzados e olhares emburrados, como se a culpa fosse da mãe caso se atrasassem.— Ufa... — Maya suspirou, descansando a testa no volante ao ver que ainda faltavam dez minutos para a prova.Ao descerem, Maya se deparou com a imponente fachada da Academia de Talentos Acadêmicos, uma das instituições mais luxuosas e prestigiadas da cidade.O edifício era moderno e elegante, cercado por jardins meticulosamente cuidados e esculturas que mais pareciam obras de arte esculpidas em mármore branco. As janelas refletiam o céu límpido, e o símbolo dourado da academia brilhava acima da entrada principal, como uma coroa.O estacionamento parecia um desfile de alto padrão: só carros de
Cap1: A menina da adaga no coração. Maya VolpynEu tinha doze anos quando abri os olhos pela primeira vez.Literalmente.Desde o dia em que nasci, estive em coma. Mas não era um coma qualquer. Eu vim ao mundo com uma adaga cravada no peito — uma lâmina mágica atravessando meu coração, protegida apenas pela minha caixa torácica. Ninguém jamais conseguiu explicar como isso foi possível. E muito menos como remover a adaga sem me matar no processo.Não tenho lembranças. Nenhuma infância. Nenhum som, cheiro ou rosto familiar. Só o vazio.Meus pais passaram anos buscando desesperadamente alguém com magia suficiente para salvá-la. Tentaram de tudo. Magos, curandeiros, rituais. Mas a resposta era sempre a mesma: retirar a adaga significaria assinar minha sentença de morte.Ninguém entendeu como, um dia, simplesmente acordei.O que lembro é uma voz. A voz de um garoto. Familiar, mesmo que eu não tivesse memórias para compará-la. Logo depois, senti uma luz azul vibrar no centro do meu peito. E
Cap. 2 Lançada para a morte;Tudo aconteceu rápido demais.Confusa, encarei Lana se aproximar com um olhar estranho. Antes que eu pudesse reagir, senti suas mãos me empurrando com força, direto para a água gelada do lago.O impacto foi brutal. O frio cortou minha pele como lâminas invisíveis e meus pulmões arderam, implorando por ar. Afundava cada vez mais, como se o lago quisesse me engolir inteira.Lá em cima, entre as ondas, vi o rosto dela — sereno, cruel. Eu a implorei com o olhar, mas Lana apenas virou as costas, desaparecendo como se fugisse de algo... ou de alguém.Nunca aprendi a nadar. Meu corpo lutava por instinto, mas era inútil. A dor me puxava para o fundo, até que... tudo mudou.De repente, não estava mais no lago.Estava em um campo de batalha.Espadas colidiam com estrondo, a guerra explodia ao meu redor. Lobos enormes corriam em disparada, seus uivos se misturando aos gritos de feiticeiros e magos.Em minhas mãos, uma espada brilhava com um poder estranho. Eu lutava.
Cap. 3: Rumores de armação.Meus pais pareciam hesitantes naquele dia, o que era compreensível. Como poderiam contar para sua filha que dormiu toda a vida que, agora com apenas três anos, precisaria se preparar para um casamento iminente? Disseram que eu tinha um parceiro, mas não revelavam muitos detalhes. Imaginei que se tratava de algo complexo, que eu precisaria reconhecer meu parceiro e ele a mim. Como podiam escolher algo assim para mim?— Não se preocupe, Samuel Kan é um homem inteligente e bonito — disse minha mãe, demonstrando insegurança e desviando o olhar. Isso me deixou ainda mais intrigada.— Mamãe... vocês me ofereceram a ele?— Nunca faríamos isso! — protestou ela.— Mas... de repente Samuel Kan se interessou por uma de vocês.— Tem certeza que não foi por minha irmã Lana? — perguntei esperançosa.— Não é sua irmã, ele foi bem claro. Além disso, foi naquele... — ele ia dizer algo, mas minha mãe o interrompeu. Que segredos eles estavam escondendo agora? Quem era Samuel
Cap.4: Trama dos trigêmeos.Samuel kanA aurora despontou, anunciando o dia do meu casamento. No entanto, meu coração não pulsava com a alegria habitual de um noivo. Em vez disso, era tomado por uma mistura de ansiedade e melancolia.Horas antes da cerimônia, eu me encontrava em meu escritório, cercado por uma comitiva de líderes das empresas da nossa família. Eles discutiam animadamente sobre os detalhes do casamento, enquanto eu me perdia em pensamentos sobre Maya. Será que ela já havia chegado?Com dificuldade, tentava me concentrar nas palavras dos anciões, mas meus pensamentos se voltavam para ela, a mulher que amava e que havia sacrificado sua vida para me salvar. O casamento arranjado com outra mulher era apenas um meio para um fim, uma exigência da deusa do destino que eu precisava cumprir para poder encontrá-la novamente.Quando ela tinha morrido em meus braços, a deusa do destino me garantiu que ela renasceria e eu aceitei a derrota naquele dia, mas fui salvo por um triz, um