O fim da tarde tingia o céu com tons de âmbar e lilás quando Lyra se sentou na varanda da casa da tia, o olhar perdido no horizonte. O cheiro de chá recém-feito flutuava no ar, mas ela mal o notava. A tia, sentada ao lado com o crochê no colo, lançou-lhe um olhar de soslaio.
— Você está quieta demais pra quem passou o dia fora — comentou a mulher, sem tirar os olhos da agulha. — Aconteceu alguma coisa?
Lyra hesitou por um momento. O coração ainda apertava no peito, como se tentasse entender o que ela própria sentia. Por fim, soltou um suspiro e olhou para a tia.
— Eu o encontrei — disse baixinho.
A agulha da tia parou no ar.
— Quem?
— Meu companheiro. — Ela encarou o chão, como se as tábuas pudessem dar respostas que faltavam. — O vínculo... apareceu. Foi real, tia. Tão forte que doeu.
— Então por que está com esse olhar de quem perdeu tudo?
Lyra engoliu seco. Seus olhos marejaram, mas ela os manteve firmes.
— Porque ele me deixou pra trás. Me olhou como se eu fosse um