CAPÍTULO 04

Lucian...

Não sei por que que só o toque de Isabel me enfurece, odeio sua mania de controle. Deixei ela sozinha e fui abraçar Alma, antes de vir me trancafiar no escritório. Passo a maioria do tempo sozinho refletindo sobre minha medíocre vida.

Há muito tempo não venho aqui, apenas mando um dos meus betas e as vezes Alma vim se certificar de que tudo está em ordem, mas agora me vi obrigado a comparecer na maldita cerimônia que minha amada companheira organizou pelas minhas costas.

Bufei.

Caminhei até a mesa onde havia umas  bebidas, peguei uma garrafa transparente com o líquido dourado e o despejei sobre o cálice que segurava,  me aproximei dá porta de vidro dá varanda e passei a encarar o nada.

Suspirei fechando os olhos.

O rosto dá bela dama vem nos meus pensamentos, me fazendo acalmar.

" Quem será você"

Algo dentro de mim se interessa muito em saber quem ela é, devo está maluco, como posso ter interesse na vida de uma mulher que eu nunca vi antes? Eu não sei! Mas, não vou descansar até descobrir absolutamente tudo sobre ela, talvez seja apenas uma curiosidade, ou uma pequena atração momentânea.

__ Pensando em mim?

Revirei os olhos quando identifiquei de quem pertencia aquela voz.

Olhei de rabo de olho e vi Isabel parada a poucos metros de mim com seus braços cruzados. Os cabelos negros estavam jogados somente em um de seus ombros e seus olhos verdes me encaravam com cautela.

__ O que quer Isabel?

Perguntei dando um gole na bebida que segurava.

__ Conversar sobre um assunto, que está me incomodando.

Sua voz sai como se estivesse dando uma ordem.

"Eu mereço"

__ E o que seria esse assunto?

Não estava muito interessado em saber, eu só queria me livrar dela e quanto mais rápido ela falasse, mas rápido isso aconteceria.

__ Lídia é o problema.

Me virei para fita-la, vi sua postura firme vacilar na medida em que me aproximava.

__ Qual o problema com ela? - Levemente arqueio uma sobrancelha.

Isabel me encarava, como se ainda estivesse inventando uma história qualquer para me falar.

__ É que ela...

__ Ela o quê Isabel? Dá pra falar de uma vez?

Parei bem próximo a ela.

__Ela não é digna de sua confiança, é isso.

Sorrio com sarcasmo e pergunto:

__ Por que não?... Lídia nunca demonstrou ser alguém que não merecesse minha confiança.

__ Meu amor, ela é uma bruxa.

Reviro os olhos.

__ Idaí?

__ Uma bruxa não está a altura de um cargo tão importante, então eu não quero ela aqui, simples assim.  - Ela coloca as mãos na cintura, aquele gesto fez uma nostalgia me invadir.

" Estranho"

Sorrio sem humor.

__ Sabe Isabel - Me aproximo de seu rosto- Como supremo tenho total autoridade de escolher quem trabalha comigo, por acaso está insinuando que não sei fazer boas escolhas?

__ Não é isso, meu lobo. - Ela passa os braços sobre o meu pescoço, mas eu os tiro tão rápido quanto foi posto.

__  O que é então? - A essa altura já estava totalmente irritado.

Ela pensou um pouco, parecia procurar as palavras certas, ou então era só medo. Cheguei a pensar que ela não falaria mais nada, mas, de repente ela ergueu o queixo e falou:

__ Ela pode vazar informações importantes para nossos inimigos, por acaso esqueceu que as bruxas são  responsáveis pelas maiores atrocidades que aconteceu na história dos sobrenaturais?

__  Não generalize Isabel! - Deixo minha raiva transparecer em minha voz - Por acaso esqueceu de quem você é filha?

Faço questão de relembra-la de que ela é filha de um caçador, uma das maiores ameaças que nossa espécie já enfrentou, mas, que eu o matei no mesmo dia em que a encontrei,  prestes a ser morta por ele.

__ Não! - ela fala firme - mas, aquele verme está morto e eu sou sua companheira, jamais trairia você, nem o nosso povo.

Não vejo verdade em suas palavras.

__ É bom que não! Ao contrário você faria companhia ao seu pai seja lá onde ele estiver. - Rosno - agora me faça o favor de sair daqui.

__ Ainda não terminei o que vim falar.

Ignorei totalmente o que ouvir.

__ Lídia! - Chamei pela a bruxa em tom elevado.

Isabel me olha incrédula e sai pisando duro do escritório. Ouvir ela gritar com alguém do lado de fora, até pensei em ir até lá, mas o assunto que tinha a tratar agora era muito mais importante e nem se quisesse, conseguiria deixar pra depois.

__ Chamou chefia? - Perguntou Lídia com seu jeito bem humorado de sempre. Ela é uma das pessoas que mais tenho confiança, depois de Romeu e Felipe.

__ Chamei, sente-se.

Fiz a volta na mesa e me sentei na cadeira giratória.

__ O que houve? - Ela questiona intrigada.

__ Quero que descubra algo pra mim.- Disse sério.

Lídia é mestre em descobrir qualquer coisa em um curto tempo, por isso sua colaboração na alcatéia é de extrema importância, ela é mais conhecida como, a bruxa rastreadora.

__ O que é?

__ Quero que descubra tudo sobre a vida de uma mulher, que eu vi hoje.

A vi pegar uma folha e uma caneta.

__ Qual o nome? - Ela estava atenta a cada palavra proferida por mim.

__ Eu não sei.

Confusão! Era o que seu olhar transmitia.

__ É exatamente o que quero que você também descubra. - Continuei.

__Me fala as características dela, assim poderá ser mais fácil a identificar.

Respirei fundo e trouxe a bela dama para o meus pensamentos, visualizei cada traço de seu corpo, para logo começar a narra-lo para a mulher que segurava o riso a minha frente.

Fechei os olhos.

__ Seus cabelos são brancos como a neve, sua pele é alva e delicada, seus olhos são tão azuis que pode hipnotizar, seu sorriso é o mais lindo que já vi...

__ Certo, Certo. - ela me interrompe-  Isso é suficiente! essas características não são comuns e pode facilitar meu trabalho. Vou começar a vasculhar cada canto dessa alcatéia, agora mesmo.

Lídia se levanta com pressa e sai quase correndo deixando a porta do escritório aberta, eu sei bem o que ela pensou e por isso não me perguntou nada, para ela, qualquer pessoa é melhor que, Isabel.

Sorrio ao lembrar dá mulher misteriosa, que despertou minha curiosidade apenas com um olhar, porém logo minha alegria se vai, ao lembrar que a cerimônia é amanhã e terei que apresentar Isabel, como luna  suprema.

__ Maldição.

(...)

Aurora...

Encostei meu rosto na madeira do estábulo onde havia acabado de guardar meu cavalo. Passei a refletir sobre o que poderia significar a visão que tive mais cedo e qual seria sua ligação com o assassinato dá minha mãe, ou... com minha origem! Deixei as lágrimas que embassava minha visão caírem, algumas escorregava até o final do meu rosto indo de encontro ao chão de barro avermelhado,  criando manchas circulares e escuras.

...

Não sei quanto tempo havia se passado, mas sei que foi muito, pois com o canto do olho vi que já era noite. As cigarras já faziam seu canto dentro dá densa floresta, e as luzes amareladas do estábulo já estavam acessas, em poucos minutos viria os lobos que fazem a ronda e como não queria encontrar e nem dá explicações a ninguém, sai dali com passos vacilantes, indo em direção a minha casa.

Suspirei. Sentia uma exaustão imensa na alma.

A noite estava fria, mais que o normal. Olhei para o céu e o vi avermelhado, avisando que logo teríamos chuva, todo o cenário ao redor caiu muito bem para meu estado deprimente, senti um vazio por dentro, algo que nunca havia sentido antes, como se toda minha alma estivesse dilacerada.

" O que é isso"

Fechei os olhos tentando amenizar o que sentia, a lembrança do homem que vi mais cedo surgiu em minha mente me causando calafrios, mas não por medo, é algo que não sei explicar... é como se ele me atraísse de alguma forma.

Despertei quando ouvi murmúrios alterado vindo de dentro de casa, eu sabia que era por minha causa, mas não consegui me sentir culpada como deveria. Eu sabia que teria que dá uma explicação e não fugiria dessa responsabilidade.

Vi quando a porta se abriu e meu pai veio correndo em minha direção.

__  Filha! O que aconteceu?

Ele parecia tão aflito.

__ Muitas coisas! - Respondi mas não olhei em seus olhos.

Pensei que ele me daria uma bronca, mas fui surpreendida por um abraço caloroso. Demorei um pouco para retribuir, meu pai parecia aliviado em me ver ali, mas ao mesmo tempo, demonstrava preocupação, com seus gestos.

Olhei de relance para a porta e vi Vanessa e Lucinda abraçada uma na outra, as duas estavam chorando.

__ Vem. Me conte o que aconteceu.

Fui guiada por ele,  para dentro de casa.

...

Me sentei no largo sofá de couro e soltei o ar que estava preso em meus pulmões. Vanessa sentou- se ao meu lado e me abraçou, com força.

__ O que houve com você querida? - Perguntou Lucinda olhando atentamente para minhas mãos coberta pelo o sangue seco, seu semblante também estava, aflito.

Suspirei antes de começar a falar o que vivenciei enquanto estive no mausoléu.

" A noite vai ser longa"

(...)

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