Eu me viro para ele ao ouvir isso e digo:

__Você tem ideia do quão bipolar você é?

Ele apenas me olha sério e diz:

__Eu sei.

Que ótimo, ele sabe.

Eu apenas digo:

__Ótimo! Então procure ajuda.

Mas quando vou me virar para sair, ele segura meu braço me fazendo virar e ficar cara a cara com ele e com nossos corpos muito próximos um do outro.

Seus olhos estão olhando dentro dos meus agora e minha respiração só vai ficando cada vez mais pesada, por causa da proximidade em que nos encontramos.

Ele então diz bem devagar:

__Eu sei que você também está atraída por mim.

Eu engulo em seco, um segundo e então digo soando pouco confiante:

__Acho que eu posso superar isso.

Ele se aproxima ainda mais e fica a centímetros do meu rosto, sua boca está roçando a minha orelha quando ele diz:

__Tem certeza disso?

Até que não tenho muita agora, mas não vou admitir isso para ele.

Apenas murmuro um:

__Umhum.

Então sinto sua mão entrar por baixo da minha camiseta agora e o contato quente da sua mão,  me faz ficar arrepiada instantaneamente. Até fecho os olhos e ele roça seus lábios em meu pescoço,  indo de volta para a  minha orelha e pergunta mais uma vez:

__Mesmo?

Eu não digo mais nada e ele retira sua mão de perto da minha pele e também afasta seu corpo do meu e me observa enquanto ainda estou meio aérea depois do que ele acabou de fazer.

Olho para ele meio envergonhada agora e ele tem aquele meio sorriso no canto dos lábios.

Ele está encostado a mesa atrás dele e apoia suas duas mãos de cada lado do corpo quando diz:

__Eu ouvi você dizer pra sua amiga o que acha sobre mim.

Quero mesmo morrer agora.

Até fecho meus olhos para tentar disfarçar meu constrangimento. Mas quando vou tentar consertar isso, ele continua:

__Também ouvi ela dizer que você precisa de sexo.

Tá, agora minha cara caiu no chão.

Meu rosto está queimando quando ele continua:

__E a julgar pela forma que eu te deixei somente me aproximando de você...

Isso já foi longe demais e eu o interrompo:

__Minha vida sexual não lhe diz respeito, aliás, nada sobre mim te diz respeito.

Ainda estou respirando pesado pela raiva e ele apenas me olha calmamente.

Ah ,eu desisto de tentar  entender esse cara. Vou me virar outra vez para sair quando ele diz:

__Eu sei como você se sente.

Eu me viro outra vez para ele e questiono:

__Sobre o quê?

Ele parece meio constrangido agora quando admite:

__Sexo.

Olho para ele incrédula. Ah, ele não sabe. Não tem como isso ser possível.

Então apenas rio, reviro meus olhos e digo:

__Aposto que não.

Mas ele ainda está sério e diz:

__Estou sem sexo há dois anos e meio.

Isso realmente me pega de surpresa.

Até me aproximo para ter certeza de que ele não mudou seu humor outra vez e está brincando comigo, mas ele parece sério ao dizer isso.

Então ele parece ainda meio constrangido e completa:

__Por escolha.

Isso parece mais aceitável, mas não comum.

Ainda devo parecer surpresa, porque ele respira fundo, passa as mãos no cabelo e parece meio desconfortável quando diz:

__Olha eu nunca disse isso a ninguém e juro que preciso confiar em você.

Eu apenas respondo:

__Eu nunca diria isso a ninguém. Não é um segredo meu. 

Ele ainda parece totalmente desconfortável, mas eu preciso perguntar:

__Mas por que está me contando isso?

Ele agora me olha sério, morde o lábio inferior e diz:

__Porque eu tenho uma proposta para te fazer.

...

Estou em meu carro dirigindo de volta para casa e resolvo não correr muito porque minha cabeça está a mil.

Meu pensamento ainda está na cena de minutos atrás enquanto eu estava na casa do professor Sebastian e ele me fazia a proposta de fazermos sexo sem compromisso.

Nas palavras dele: "Isso beneficiaria a nós dois. Afinal estamos atraídos um pelo outro e precisando urgentemente de sexo."

Eu tive que olhar dentro dos seus olhos para ter certeza de que ele falava sério e ele estava.

Ele me disse para pensar a respeito e lhe dar uma resposta em breve.

Eu apenas saí dali e agora estou aqui com isso em minha cabeça.

Como eu fui me  meter em uma dessas?

O problema é que só a ideia de estar com ele em uma cama, já me deixa excitada.

Sei que eu neguei isso o tempo todo, mas meu corpo quer aquele homem desde a primeira vez que o vi.

E só de pensar naqueles olhos tão perto dos meus e o toque dele, minha respiração já fica mais acelerada.

__Que isso Harper? Tá louca? Você não vai aceitar isso, nunca!

Eu digo pra mim mesma enquanto estou parada no farol e pelo canto do olho vejo uma senhora me encarando de dentro do carro ao lado. Apenas sorrio sem graça e ela vira  a cara.

...

Já em casa depois de alimentar George fico na sala vendo TV, quando sinto uma vontade enorme de ligara para Dayna.

Encontro seu número, mas quando vou ligar, penso sobre o que ele disse, sobre nunca ter contado a ninguém e que eu também não o fizesse.

Até penso em contar apenas a parte do sexo sem compromisso, mas como eu explicaria como chegamos a isso depois de jurar ódio eterno a ele?

Acabo desistindo de ligar para ela.

Me deito no sofá com o barulho da TV ao fundo e aquelas cenas voltam em minha mente outra vez.

Eu tenho que esquecer isso, pensar sobre isso só me leva a crer que eu posso estar cogitando aceitar o que ele propôs e eu não estou, não mesmo.

...

Depois de muitas tentativas, de tanto insistir e usar meus melhores argumentos, o professor Rhodes  resolve me deixar refazer o último trabalho de cálculo.

Eu passo o domingo todo me dedicando a isso e a noite o envio por e-mail. Finalmente me sinto realizada e posso começar a curtir minhas férias.

....

Resolvo dedicar minhas tardes de folga em alguns passeios pelo parque e shopping, não que eu vá fazer compras o tempo todo, não gosto disso e nem tenho grana para gastar. Mas eu gosto de estar perto de várias  pessoas e tentar imaginar a vida delas.

Além disso gosto de tirar fotografias de pessoas e paisagens e isso mantém minha mente ocupada para não pensar em mais nada.

...

Estou em casa revisando algumas fotografias e fazendo a edição necessária para que pareçam melhores quando meu celular vibra na mesa da cozinha.

Corro até lá, talvez seja Dayna me contando como está curtindo Paris.

Mas é uma ligação de quem eu venho tentando ignorar há dias a ideia de pelo menos pensar a respeito dele.

Aperto o botão de ignorar. Não me sinto bem ao fazer isso, mas é o melhor para nós dois.

Ele liga mais uma vez e eu nem atendo mais.

No sábado de manhã ele liga novamente e depois do almoço também. Já estou pensando em bloquear o número dele mas minha campainha toca e resolvo deixar isso para depois.

 Não costumo ter muitas visitas.

Abro a porta e dou de cara com quem eu menos esperava nessa vida.

__Professor Sebastian?