DAVINA
O cheiro de ferrugem e sal grudava na minha pele, me lembrando a cada segundo de onde eu estava. O porão do navio era apertado, sufocante, com o balanço constante da embarcação me deixando tonta. Eu vinha contando os dias desde que fui trazida para cá, me baseando nas refeições. Duas por dia, de manhã e à noite. E hoje era o décimo dia. Dez dias longe de casa. Minha mãe deve estar surtando.
E o caras? Eu espero que eles estejam atrás de mim.
Por favor, venham atrás de mim.
Eu puxei as pernas contra o peito e encostei a testa nos joelhos, tentando afastar a sensação de pânico que ameaçava me engolir. Mas então ouvi um sussurro ao meu lado.
— Ei... você ainda está acordada?
Era Aimee.
Seu cabelo cacheado estava emaranhado e sem brilho, a pele pálida, mas seus olhos ainda tinham determinação. Desde o momento em que fomos trancadas nesse inferno flutuante, nos tornamos amigas. É mais fácil sobreviver quando não se está sozinha.
— Continuo aqui — murmurei.
Aimee soltou um suspiro, c