DAVINA
A moto rugiu na noite enquanto Gutemberg me levava para casa. Meu coração batia acelerado, mas, desta vez, não era só pela adrenalina. Eu amava estar na garupa, sentir o vento contra o rosto, o calor dele tão próximo. Poder abraçá-lo por trás.
E isso era um problema.
Porque eu estava sentindo coisas por três caras diferentes.
Quatro, se eu contasse Meia-noite. Mas era um não enorme para isso.
Quando finalmente paramos em frente à minha casa, desci, ainda sentindo o frio da ausência do corpo dele. Devolvi o capacete, mas ele empurrou de volta para mim.
— Fica com ele, comprei para você.
— O q-quê?
— Você reclamou que o outro era frouxo.— sim, eu fiz isso. O antigo escorregava o tempo todo e eu tinha que manter uma mão na cintura dele e outra no capacete. Eu só não...
— Minha reclamação não tinha segundas intenções.
— Eu sei.
— E também não faz sentido, não é como se eu fosse andar com você de moto o tempo todo.
— Talvez você ande.
Senti um incômodo no estômago. Baixei o olhar.