GUTEMBERG
O som dos talheres tilintando contra os pratos caros me fazia querer gritar. A mansão dos meus pais nunca foi um lar; sempre foi um museu, um palco onde a felicidade era apenas uma encenação barata. E hoje não era diferente.
Minha mãe, sentada na cabeceira da mesa com um sorriso forçado, falava sobre um jantar beneficente que Jimmy, meu pai, planejava realizar em breve.
— Eles vão amar a ideia, querida. Quem não gostaria de ajudar crianças carentes? — A voz dela era doce, mas sem alma. Apenas um eco de quem ela costumava ser.
Fingi estar interessado, cortando o pedaço de carne no meu prato sem realmente pensar em comê-lo. Eu sabia que ela não acreditava em uma palavra do que dizia. As doações, as festas, tudo era para alimentar o ego de Jimmy e manter as aparências.
Olhei para ela e senti aquele aperto familiar no peito. Seu cabelo loiro platinado estava perfeitamente arrumado, o corte elegante acima dos ombros. Ela parecia uma princesa de um conto de fadas, mas o brilho nos