DAVINA
O silêncio dentro do carro era ensurdecedor. A única trilha sonora era o ronco baixo do motor e o tamborilar nervoso dos meus dedos contra a perna. Gutemberg parecia tão desconfortável quanto eu, uma mão no volante e a outra descansando no câmbio, os olhos fixos na estrada à frente.
Finalmente, criei coragem para romper o silêncio.
– Obrigada. – Minha voz soou mais fraca do que eu queria. – Por ter libertado meu pai das mãos do KJ.
Gutemberg não desviou os olhos da estrada, mas seus dedos no volante ficaram tensos.
– Eu vou pagar o dinheiro de volta. Não sei como, mas vou dar um jeito.
Ele soltou uma risada curta, áspera, que parecia mais um reflexo do que uma reação genuína.
– Não precisa se preocupar com isso agora.
A forma como ele disse aquilo, como se o assunto fosse insignificante, me irritou.
– Não me preocupar? Meu pai foi sequestrado por pegar dinheiro emprestado com um criminoso, e agora eu tenho uma dívida com outro criminoso. Claro que vou me preocupar!
Bufei, cruzan