PV Marylin Darlinghton
Assim que saí do templo encontrei Ulisses encostado na moto, desci as escadas e parei em sua frente.
— Agora irei te mostrar o restante da cidade.
***
Ulisses me mostrou toda a cidade de Atenas em quase três horas de passeio, paramos para comer, e fazer as compras para o almoço que sua esposa prepararia para nós.
Agora estávamos na última parada para irmos de volta a Pireu. Ulisses estacionou em frente a uma grande loja com belas vestimentas na vitrine.
— Essa é a melhor loja de Atenas. Aqui há compra e venda de tecidos, assim como tem a melhor costureira da cidade.
Desci da moto carregando a sacola que continha a última parte da minha vida na Riviera Francesa.
Passei pela porta que Ulisses abriu para mim e no mesmo momento paralisei no lugar.
— Divertido, não é?
— Incrível seria a palavra certa.
Aquela loja era diferente de tudo que eu já tinha visto, tecidos circundavam as paredes, e o teto era de várias cores diferentes, não tinha começo nem fim, parecia uma grande loja de brinquedos, tinha manequins nus e vestidos com peças de roupas coloridas e chamativas que os destacavam e correntes e joias os completavam o look de cada manequim, móveis antigos por todo o espaço, trazendo um estilo vitoriano e elegante às peças de roupas e aos tecidos.
Era uma bagunça organizada, elegante e incrível.
— Καλή μέρα μπορώ να σας βοηθήσω? (Bom dia, posso ajudá-los?) — Uma jovem morena, com olhos castanhos claros, vestida com um brilhante conjunto estampado apareceu carregando dois rolos de tecidos e parou em nossa frente sorrindo, falando no que eu acreditava ser um Grego incrível e que eu não entendia. Olhei para Ulisses, vendo-o sorrir e se dirigir à moça, respondendo.
— Ναι, φέραμε ένα ύφασμα και θα θέλαμε μια αξιολόγηση για αυτό. Και θα θέλαμε επίσης αν δεν σας πειράζει να μιλάτε στα Αγγλικά (Sim, trouxemos um tecido e gostaríamos de uma avaliação sobre ele. E gostaríamos também que caso não se importe fale em inglês.) — Apenas observei Ulisses.
— Me deixe ver esse tecido. — Ela se virou para mim sorrindo e falando finalmente na minha língua. Entreguei a sacola em que eu segurava a última parte do meu terror.
Observei-a o sobrepor em cima da mesa de vidro rodeada de tecidos e observar cada mínimo detalhe e o acariciar como se fosse ouro.
Aquele vestido significava tudo menos algo valioso.
Respirei fundo e ignorei a dor que se formou em meu coração.
O rosto de William em minha mente, assim como suas palavras, sua mão em meu rosto, e suas costas quando ia embora.
Ele não me merecia, não merecia a minha liberdade, ele não me merecia.
Ignorei todos os pensamentos e observei o rosto da jovem se formar em uma pequena careta ao chegar à barra do vestido.
A barra do vestido já não era a mesma, depois da minha corrida e do pequeno salto que eu tinha dado para o barco de Ulisses.
— É um belo vestido, mas essa barra, terá que ser toda refeita. Qual o estilista?
— Lazaro Perez.
— Tem certeza de que quer se desfazer? — Olhei para o vestido que nada poderia significar além de dor.
— Absoluta.
— Me dê alguns minutos, irei passar o vestido para minha mãe, ela irá dar a avaliação final, mas acredito que você conseguirá com ele uns 5.000 euros, e pode escolher umas roupas do nosso vestuário. Essa roupa sua está muito grande em você, fique à vontade, em alguns minutos já volto, e a propósito sou Isadora.
— Mary. — Eu a vi andar para dentro por uma porta e olhei em volta da loja pensando em qual parte poderia começar. Ando em direção a um pequeno guarda-roupa móvel.
— Escolha vestidos, saias, e blusas claras. Aqui não há muito tempo frio, apenas um calor extremamente quente — Ulisses falou, antes de andar para outro guarda-roupa móvel. — Posso te ajudar a escolher se quiser.
— Eu aceito. — Olhei para os vestidos à minha frente e sorri. Aquilo era uma compra diferente para mim, era novo e até mesmo engraçado, as roupas que tinham ali eu nunca tivera. Eram delicadas, pouco chamativas, mais extremamente detalhadas, flores coloridas flutuavam entre as peças, assim como nuvens, coroas e desenhos diversos. Era como roupas de crianças mais em formato maior. Escolhi três vestidos das minhas cores favoritas. Azul, verde e vermelho.
Observei Ulisses que diferente de mim estava repleto de roupas em seus dois braços. Assim como suas mãos que estavam carregando sandálias gladiadoras.
Ele me entregou a sandália e pediu para eu calçar. Sentei-me em um dos sofás, e as calcei uma por uma, elas tinham ficado perfeitas.
Sorri para ele agradecendo.
— Acho que você não precisa de mais nada.
Levantei-me ficando com uma das sandálias, os sapatos que eu usava eram dois números maiores que os meus, mas tinham tirado o meu pé do chão e naquela uma semana tinham sido perfeitos, mas nada como belas sandálias confortáveis e do tamanho exato.
Coloquei os três vestidos que gostei em cima da mesa de vidro onde antes continha meu vestido de noiva. E ajudei Ulisses a colocar as roupas que ele tinha pegado para mim, dobrei uma por uma.
— Vejo que já escolheu as roupas. — Olhei para Isadora sorridente. — Eu deixei seu vestido lá dentro, ele será desmontado hoje ainda, minha mãe está louca para montar um novo modelo, e parece que o tecido do seu vestido é perfeito para isso. Você quer se despedir dele?
— Não. — Sorri em sua direção, com alívio.
— Ótimo então, irei pegar uma bolsa para você pôr suas roupas, e irei pegar mais umas coisinhas que você irá precisar. Que número você veste? 38 ou 40?
— 38 — respondi, e a observei sair sorridente e voltar minutos depois com duas bolsas, ela colocou uma por uma as roupas que eu escolhi na segunda bolsa de pano e em seguida me entregou as duas.
— Coloquei o dinheiro aqui nessa bolsa junto com algumas roupas íntimas que espero que estejam do tamanho certo. Presente da minha mãe. Boa sorte e bem-vinda à Grécia Mary.