✥ Cada partícula do meu corpo parecia reagir pela necessidade de ver Nate. Minhas mãos formigavam, meu estômago se agitava como se borboletas estivessem voando dentro e meu coração batia forte. Serpenteando pela trilha de arbustos floríferos podados, vou adentrando cada vez mais para dentro do jardim e deixando o enorme edifício para trás. O céu estava escuro e a lua muito branca e redonda em volta das centenas de estrelas, observava silenciosamente o meu caminho. A vontade de ficar nos braços de Nate consumia meus pensamentos e me faziam esquecer os últimos acontecimentos. Eu poderia estar ficando maluca por ignorar o que tinha acontecido do refeitório e talvez, inconscientemente essa fosse a minha vontade. Eu quero estar livre de qualquer preocupação e aproveitar a chance de estar ao lado dele. Mesmo que para isso, tenha que passar por cima de uma das regras disciplinares. O jardim do colégio é gigantesco, a grama em todo lugar é bem aparada e sempre verde. Postes coloniais ilum
Inverness, Escócia - 1852 Uma terrível tempestade caía desde o fim da tarde. Nuvens densas na cor carvão tingiram o céu na hora mais escura da noite, cobrindo-lhes como uma mortalha. Apagando o brilho das estrelas e a iluminação precária do luar. Um vento forte rumava em fúria, sentido ao norte e intensos relâmpagos retumbavam em uma dança espetacular de clarões brancos, lindos de serem vistos e completamente letais. Os habitantes de um vilarejo ocultado pelas montanhas se encontravam reféns não apenas da fúria devastadora mãe da natureza, mas também do terror inominável que lhes caíram como uma maldição. Pés descalços desciam uma escadaria pedregosa esculpida secretamente em uma das montanhas de Krane. A curvatura sem fim dos inúmeros degraus quando ultrapassados tornavam próximo o refúgio mais distante e o mais seguro. Descer novamente aquela escadaria profunda era como regressar ao passado para mudar o futuro.
Parte I - Segredos Revelados "Nada há de oculto que não se torne manifesto, e nada em segredo que seja conhecido e venha a luz do dia. — Evangelho de Lucas 8,17 ✥ Adeus. Indicação de despedida; sinal, palavra, gesto ou acontecimento que assinala a partida de alguém. PALAVRA QUE POSSUI UM SIGNIFICADO TÃO PROFUNDO quanto o amor, a morte e o perdão. Existem situações em que temos que estar prontos para a partida iminente de alguém, mas e quando somos pegos de surpresa? Quando a morte surge sem aviso prévio e nos obriga a aceitá-la, arrancando de nós aqueles que, por meros mortais que sejam, deveriam ser eternos? Como descobrir quando estamos finalmente prontos para dizê-lo e retirar a atadura que cobre a ferida de nossos corações? O tempo não cura, apenas ameniza a dor das lembranças que agora vem acompanhada por uma tristeza que comprimi nosso coração ao ponto de nos sufocar enquanto lágrimas se derramam e a dor se torna aparente. Se passaram sete anos desde que passei a conviver
O clima estava agradável após um dia de calor intenso. O céu salpicado de estrelas prateadas e brilhantes com a lua crescente perfeitamente projetada no centro. A sua luz pálida acentuava com esplendor a claridade do colégio e sua estrutura arquitetônica vitoriana, vislumbrá-lo era como se deparar com um castelo dos típicos filmes do Conde Drácula. Eu o adorava. Karyn havia partido há poucos minutos, quando certificou que Edgar, em sua guarita de segurança, liberou minha passagem pela abertura automática dos portões gigantescos de ferro. Entre as fiadas lâminas do seu topo o nome Jardim Prata, forjado em arco enegrecido, só tornavam a instituição mais extravagante. Reparei que os alunos estavam dispersos pela área externa do colégio, aproveitando o frescor noturno antes do toque de recolher e eu sabia que com a Evelyn não seria diferente já que ela aproveitava cada oportunidade que cirurgia para ficar ao ar livre e sentir, mesmo que mo
MEU TRONCO SE ERGUEU EM UM MOVIMENTO BRUSCO QUANDO PUXEI O AR DE VOLTA. O coração batendo dolorosamente contra as paredes do meu peito arfante, que se tornará incapaz de sustentar o ar nos pulmões devido à adrenalina desencadeada por um sonho ruim. Foi só um pesadelo...Pensei ainda aflita.Um terrível e assustador pesadelo...Repeti com minha própria voz soando instável em minha mente.Respirei fundo para me acalmar.Foi quando observei a decoração familiar do meu quarto. O abajur desligado, a janela erguida pela metade, com a cortina puxada para os lados, deixando entrar raios de sol amanteigados que exibiam mais um dia quente e ensolarado. Apanhei meu celular virado para baixo em cima da cabeceira ao lado da cama e toquei no ecrã que acendeu a tela. Eram oito horas e quinze minutos.Havia algo de errado.... Algo de muito errado.Percorri com os olhos toda a distribuição do quarto ao mesmo tempo em que meu cérebro buscava entender como e quando eu havia deitado para dormir. Só que m
✥Na manhã seguinte, fui despertada com batidas insistentes na porta do meu quarto e com uma Kathryn impaciente resmungando que iria atrasá-la para o trabalho. Fui obrigada a descer de qualquer jeito. Bem, na verdade, meu cabelo era a única coisa em mim que precisava de fato ser ajeitado. O volume das mechas onduladas estava decididamente inclinados em não me obedecer, tanto que decidi deixar como estavam, caindo em longas cascatas em meus ombros e costas.O café da manhã já estava posto à mesa e em silêncio fiz minha refeição. Cereal com leite na tigela, um pedaço de torta de maçã e uma xícara de café era o que eu poderia chamar de café da manhã aborrecido.Minha irmãliaintencionalmente o jornal no sof
✥ O livro em cima cama parecia me observar de uma forma indireta, com um poder intimidador e invisível, me deixando acuada e sob pressão. Eu me sentia vítima de uma piada de mau gosto do universo. Ficar andando de um lado para outro pensando na hipótese de pisar na biblioteca para devolvê-lo se tornou a tarefa mais difícil do meu dia. Havia uma briga absurda dentro de mim que não fazia sentido algum. A parte racional do meu cérebro insistia que não tinha razões para tal comoção e que tudo estava como costumava ser, com a calmaria habitual alinhada as normas de conduta e de exigências do colégio. Porém, toda vez que eu decidia dar ouvidos a essa parte racional e deixava a infantilidade de lado. Um medo crescente tomava espaço em meu ser, os pelos do meu corpo eriçavam friamente e um novo nó voltava a se formar em meu estômago com a voz horrenda disparando dentro da minha cabeça de que eu jamais despertaria. Em meu último ato de coragem sai do quarto sem pestanejar, rumando em direção