Desde o momento em que vi minha mãe voar com o carro para fora da pista, minha alegria se foi. A imagem daquele acidente ainda me assombra, como um filme que se repete em minha mente todas as noites. Eu me apeguei muito a ela durante os anos em que moramos juntas. Ela era minha única família verdadeira, minha protetora, minha mentora. E, é claro, não fiquei nada feliz com o que aconteceu. Ela era minha luz. Com ela, respirei, vivi intensamente, corri riscos e aprendi a me defender da melhor maneira. Com sua morte, só me restou tristeza, dor e angústia. Cada dia que passava era de escuridão. Claro que eu não estava feliz, ainda mais sabendo que o responsável pela morte dela foi o homem que seria meu noivo, aquele com quem eu teria sido obrigada a me casar. Isso foi a gota d'água. A verdade é que eu queria ter morrido junto com ela naquele dia. Queria que tivessem me deixado entrar naquele carro no estacionamento do hotel.
Desde o sepultamento, tenho estado aqui na casa que herdei dela