Capítulo 29 – Maré Cheia
Heitor
Fechei a porta do apartamento e me encostei nela por um instante. O silêncio parecia mais acolhedor do que de costume, como se as paredes soubessem que algo em mim tinha mudado. Soltei um riso leve e cansado. O fim de semana tinha sido tudo, menos previsível. Ou melhor... foi tudo que eu precisava. Tudo que eu nem sabia que desejava com tanta urgência.
Caminhei até a cozinha, larguei as chaves no balcão, tirei o blazer e o joguei no encosto do sofá. Ainda sentia o cheiro dela na minha pele, mesmo depois do último banho antes de deixá-la no prédio. O sorriso idiota colado no meu rosto não dava sinais de ir embora.
Me joguei no sofá. Liguei a TV, mas nem prestei atenção no que passava. As imagens dela dançavam na minha cabeça: os gemidos, os olhares, a forma como ela montava em mim com domínio, a risada leve no meio das provocações, o gosto da pele dela misturado com vinho no jantar de domingo...
O celular vibrou no bolso. Chamada de vídeo: Felipe.