Furacão Lívia
(Heitor estava sentado na varanda do seu apartamento em São Paulo, camisa de algodão amassada, copo de whisky pela metade e os olhos perdidos na vista noturna da cidade)
(fazia três noites que acordava suando. E sempre com o mesmo nome nos lábios)
— Lívia...
(a mesma imagem sempre o acordava: ela caminhando na praia, o vestido colado ao corpo pelo vento, os olhos desafiadores e tristes. O beijo. A despedida. A carta...)
(ele havia lido a carta tantas vezes que já sabia cada palavra de cor. E ainda assim, não conseguia esquecer a dor silenciosa que ela deixara com aquela letra firme)
—
(a campainha toca. Ele não esperava ninguém. Vai até a porta, destranca. Felipe entra sem cerimônia, como sempre)
— Irmão! Que cara é essa? Parece que te passaram pra trás num contrato bilionário.
— Felipe...
— Caralho, você tá um caco. Isso é jet lag emocional ou você tá mesmo se alimentando só de whisky e silêncio?
— Voltei da Bahia pior do que fui.
— Isso é novidade. Você sempre volta do