Hoje é um dos piores dias da minha vida, imagina para Lívia que está enterrando a família inteira em um único dia, a minha dor não chega perto da dor que ela ela sentindo, no entanto ela está aqui me amparando, pois foi demais para mim encarar os quatro caixões a minha frente. - Bebi - Lí me entrega um copo d`água com açúcar, tomo alguns goles e devolvo o copo a ela - você precisa se acalmar ou quer voltar para o hospital - ralha.- Desculpa, mas isso tudo parece um pesadelo - confesso.Lívia me abraça e ficamos assim por algum tempo, sentamos próxima aos caixões, enquanto observamos o entrar e sair de pessoas conhecidas e desconhecidas, uma vez que seu Lorenzo e dona Carla eram pessoas muito conhecidas e queridas no bairro, não havia um viva alma em Vila Matilde que não tivesse algo bom a falar sobre eles.A manhã passou devagar, perto de meia dia, havia tantas pessoas que não cabia mais no salão, Thiago teve que pedir ajuda as pessoas que foram contratadas pelo chefe de Clara para
Meu coração bate tão forte dentro da caixa torácica que tenho a leve impressão de que vá se romper a qualquer momento, não pisco, sequer respiro, o ar se torna escasso, olhos frios me encaram, até engolir em seco se torna difícil.Não sei bem o que dizer, então permaneço em silêncio, volto a deitar-me.- Valentina - sinto um arrepeio na espinha ao ao ouvir a voz grossa e autoritária, não o respondo, apenas viro-me de costa para ele.Ouço passos se aproximando, a cadeira se arrasta e ouço se sentar, uma respiração forte é ouvida.- Você ao menos pretendia me contar? - pergunta calmamente.- Sim - respondo e outra respiração forte seguido de um silêncio sepucral.Passamos a tarde inteira assim, em algum momento volto a dormir, acordo com Livia me chamando.- Tina, acorda você precisa comer, meu sobrinho precisa comer - assim que termina a frase abro meus olhos levando aos mãos a barriga - vamos bela adormecida.- Onde ele estar? - pergunto olhando ao redor.- Não sei, apenas pediu para
A vida é uma vadia quando quer! Não esperava encontrar Valentina no vélorio da minha funcionária, jamais passou pela minha cabeça que o táxista havia me enganado, acreditei facilmente quando disse que apenas havia a deixado na rodoviária. Não posso o julgar, não mais, uma vez que ele não está aqui para se defender, e sinceramente acho que até o agradeceria, pois cuidou da minha mulher.Não vou brigar, ou discutir, ou a questionar seus motivos, no primeiro quando a reconheci no velório, confesso que fiquei furioso, queria questioná-la, queria resposta, mesmo sabendo que a culpa era toda minha, ainda assim estava furioso, porém quando ela desmaiou toda fúria caiu por terra, dando lugar a preocupação, apenas corri com ela nos braços para o hospital.Não me importei com o olhar incrédulo da única sobrevivente daquela tragédia toda, mesmo lutando com sua dor, ela me parou e questinou, quis tomar Valentina de meus braços, precisei explicar que já a conhecia, que aquela era minha mulher, ent
Por favor não me julguem, eu sei que me rendi muito fácil, porém analisando tudo o que aconteceu até o presente momento, tudo o que vivi desde que sair lá do meu interior, todas as dificuldade, perdas e sofrimento que já passei, decidir que mereço ser feliz, James agiu errado tentando fazer o certo, ele reconhece que errou e para mim isso basta, não estou pensando apenas em mim, tem outro fator importantíssimo em questão, um bebê está à caminho, eu sei o que é ser criada sem um pai presente, o quanto essa presença é importante na vida de uma criança.- Calma homem - peço sorrindo quando ele cheira meu pescoço causando cócegas.- A saudade não me deixa ter calma - responde passando a barba pelo meu pescoço.O afasto sem que ele espere, o que o confundi, o olho nos olhos por alguns segundos, então o surpreendo ao me levantar e começar a tirar a roupa, seus olhos escurecem, meu corpo se arrepia inteiro, James me come com os olhos, ele analisa cada centímetro do meu corpo, parando no mont
Estou vivendo um sonho, sonho esse que não quero acordar jamais, James é um príncipe, apesar de parecer mais um vilão malvado, aquele ditato é realmente certo ''quem ver cara... não ver coração'' por onde ele passa olhares o alcançam, muheres, homens, não importa o genêro, James chama atenção não apenas por seu tamanho, ou sua beleza quase surreal, ou seus olhos lindos, imagina se essas pessoas o vissem sorrindo, no entanto, o que realmente chama mais atenção são suas tatuagens, James é coberto por elas.Esse homem acaba comigo quando está vestindo com terno de três peças, camisa enrolada até o cotovelo e alguns botões de sua camisa abertos, minha nossa senhora, chego até me abanar só de pensar.- Se você continuar me olhando assim, vou cancelar esse jantar - sorrio com sua ameaça.Tinha esqucido que estávamos em um restaurante.- Não seria uma má ideia - retruco.James dá um sorrisinho de canto, o que faz minha calcinha inundar, não sei se são os hormônios da gravidez, mas eu quero e
Observo a mulher que revirou minha vida dormir serenamente, Valentina parece um anjo daquelas pinturas renascentista, não sei o que fiz para merecer ela, mas agradeço a quem quer que seja, Deus, o destino, o universo, sei lá, apenas sou muito grato, muito grato, pois ela chegou, chegando, me tirando da zona de conforto, bagunçando tudo, me fazendo repensar na vida.Coisas que jamais quis, passei a ansiar, já havia estabelecido em minha mente, minha linhagem terminaria em mim, não queria casamento ou família, imagina filhos, e olha onde estou agora, velando o sono da pessoa que me tira o sono, a pessoa mais importante da minha vida, que agora está carregando meu mundo em seu ventre, a vida é uma caixinha de surpresa mesmo.A cada dia que passa Valentina me surpreende cada vez mais, pouso minha mão em sua barriga que ja aparece, ela se remexe com o toque abrindo os olhos preguiçosamente e se ja não estava apaixonado, acabei de me apaixonar novamente, Valentina me agracia com um lindo so
Observo James ao telefone, desde que saímos do Brasil, ele não sai desse telefone, entendo sua preocupação.- Quer comer algo filha? - Maria que está sentada ao meu lado pergunta.- Não Maria, obrigada.Ela apenas sorrir e segura minha mão, logo recebemos a notícia que iremos pousar, depois de mais ou menos treze horas de viagem consigo enfim esticar as costas, assim que pousamos me assusto com a quantidade de seguranças que nos aguardam, parece até que estão escoltando algum presidente.- Por que tantos? - sussurro para James?- Sua segurança e do nosso bebê são minha prioridade nesse momento - diz deixando um beijo em minha testa.Apenas assinto, não falo mais nada a respeito, apenas o sigo.- Aqui senhora - um dos seguranças abre a porta de um bentley preto.- Obrigada - digo ao entrar.James entra logo em seguida.- E Maria? - pergunto perceber que o carro está saindo.- Em outro carro amor - explica.- Hum, ok.A viagem dura pouco mais de quarenta minutos, se fiquei boquiaberta c
Desde que nasci sei o que é rejeição, fui abandonado ainda preso a placenta, jogado em uma caixa como se fosse um bicho morto, por pouco não conheci a morte, um segurança que passava pela rua deserta onde me encontrava ouviu meu lamento baixinho, a principio o homem ficou assustado, porém logo agiu me enrolando em sua blusa, fui levado para um hospital meu estado não era dos melhores, virei notícia nacional, ''Homem encontra bebê ainda preso a placenta dentro de uma caixa'' depois da alta fui entregue para o estado, passei por vários orfanatos até por fim ser adotado aos 6 anos pelos Collins, um casal americano que veio em busca de uma criança no Brasil.Antes da adoção passei por muitos maltratos mesmo sendo muito pequeno, aprendi a me defender na raça, sei o que é dormir com fome e frio. Minha vida se transformou com a chegada de Louis e Mary Collins, tive dificuldade em confiar, para mim eles iriam fazer o mesmo que os outros faziam, demorou muito para que baixasse a guarda e os de