Capítulo 5

Belle ficou pensando no encontro com o arquiteto lobo Zarwin mais cedo. Pensou enquanto comia, pensou enquanto tomava banho e pensou enquanto trabalhava em um conjunto igual o seu colar para sua mãe. Pensou de todas as formas possíveis sobre os dois. Ela nunca se aventurava muito com rapazes. Havia ficado com um e namorado o segundo. Um, com quem perdeu a virgindade e foi horrível porque ele só se preocupou com ele mesmo, o que fez o namoro nem começar e o segundo com quem ela perdeu a virgindade em ter orgasmos. Mas que também durou pouco. Ele era um alufo de sua turma e era tão bom quanto ela, e para falar a verdade foi isso que os aproximou, um trabalho no qual teriam que fazer um feitiço complicado que levava sangue. Esses eram os que mais duravam e só eram quebrados quando o dono do sangue morria, libertava o enfeitiçado por espontânea vontade ou o feitiço era quebrado por um bruxo, ou bruxa poderosíssimos. Então haviam usado o sangue dos dois em feitiços bobos e teriam que quebrar os feitiços um do outro. Ambos conseguiram, tiraram a nota máxima na matéria e saíram para comemorar. Na saída do barzinho, se pegaram e foram pra casa dele. Foi a primeira vez que ela teve um orgasmo na vida. Depois disso ficou tão interessada que se dava prazer sozinha ou com ele. Independente se ele estivesse junto ou não. Riu ao lembrar. Ele ficou chocado com a audácia dela. Mas após três meses de sexo e prazer, carinho e poder, ele se mudou para o outro lado do país, já que seus pais haviam sido contratados pelo senado de bruxos. E ela ficou sozinha. Dava alguns beijos aqui e ali, mas a maioria não valia o esforço de ter que se arrumar toda, se perfumar para chegar na hora e não se preocuparem com o prazer dela. Estava bem o suficiente ter ela mesma e o seu amiguinho bunny. Que nome estranho. Mas era o nome que vinha na caixa do vibrador. Fazer o quê! E agora isso. O senhor arquiteto, lobo, Zarwin, gostoso, entrou na sua vida e fez ela sonhar todos os dias por causa de uma lambida. Literalmente. Uma única lambida, do meio dos seus seios até seus lábios. Ela se tocava com o cheiro dele, tinha um orgasmo em poucos minutos. Poucos mesmo, na última vez demorara dois minutos, cara, que absurdo. Maldita memória fotográfica. Bastava ela pensar na noite que ele entrou a lambeu, na ereção, na noite em que encontrou com ele, o meio sorriso, os olhos que a despiam e pronto. Só isso. Não precisava de mais nada. E agora, lembrando do que leu sobre os cheiros intensos, tinha certeza que ele sentiu o cheiro dela, porque o dele ficou super intenso. O problema era que ela era companheira dele, se não fosse por isto e ela não quisesse apenas estar com ele e aproveitar sem um casamento de fato, logo que saiu de casa e encontrou sua independência, ficaria com ele. Teriam noites, talvez até dias, já que moravam tão perto e ele podia vir ali a hora que quisesse, e também pelo fato de que ele iria trabalhar lá. Mas só iria de manhã e inspecionar algumas vezes, não é? Como o antigo arquiteto, ela esperava. Saiu na sacada do seu quarto, no andar de cima. Era o local mais alto. Ela viu as luzes do pequeno castelo. Iria testar para ver se ele olhava para lá. Será que a via? Apagou e acendeu as luzes em código Morse, e esperou. As luzes se apagaram e acenderam no ritmo que ela sabia ser a resposta positiva. Enfim, ele a via. Tinha um lobo voyeur, mas ele fora honesto com ela. Isto era outro ponto a favor. Sentou em sua escrivaninha de trabalho e terminou a primeira parte do intrincado trabalho sobre a pedra.

Terminou de enviar e-mails para possíveis clientes e postou reels sobre o andamento de algumas coisas que estava criando. A maioria gostava disto e assistiam fascinadas, então enquanto mandasse esses mini vídeos, a rede social também lhe pagaria como criadora de conteúdo. Estava bem.

Deitou em sua cama e olhando para o castelo ainda aceso, apagou e acendeu, dizendo boa noite. Ele respondeu. Ela sorriu. Dormiu.

O dia seguinte ela desceu já bem acordada. Não costumava dormir cedo e nem acordar cedo mas acostumara a cumprir compromissos, e enquanto precisasse abrir e fechar a porta para ele e os construtores, ela o faria. Não gostava muito de deixar sua chave com ninguém. Ouviu a campainha, logo que entrou na sala. Abriu a porta e ele estava ali, com todo o kit de segurança, ferramentas e ela ficou de boca aberta, as maduras do que estavam todas na calçada.

- Bom dia. Vim mais cedo para descarregar, se não se importa. Se puder abrir a porta da garagem para que eu possa colocar a madeira ao lado do jardim e começar a trabalhar.

- Claro. - Ela respondeu ainda surpresa que já havia tanta coisa para ele trabalhar. Abriu o portão automático da garagem e ele já estava com duas vigas grossas em cada lado, nos ombros. Os músculos tensos. Ele se abaixou e colocou as vigas no chão tranquilamente. A calça jeans apertando seus músculos das coxas e bunda contraídos. Ahh, isso com certeza iria ser pura tortura para ela. - Ah minha deusa Hecate! - ela sussurrou. Ele riu baixinho, ouvira ela sussurrar, será? Ou sentira o cheiro da sua excitação? Apostava que fora os dois.

- Então, você entende de código Morse. - ela disse.

Ele olhou para ela enquanto passava com as toras de sustentação.

- Você também entende. Fiquei surpreso.

-Sim? Porquê? Achou que sua companheira não seria inteligente?

Ele parou de carregar e olhou para ela. Sério.

- Eu nunca imaginei isso. Apenas não pensei que saberia sobre. Não é algo que é usado normalmente.

- Tem razão. Mas tenho memória fotográfica, então, qualquer coisa em que eu coloque os meus olhos, fica gravado para sempre em minha mente.

Ele arqueou a sobrancelha. Encarou seus olhos.

- Qualquer coisa?

- Sim. Qualquer... "coisa".

- Assombroso saber disto e.. Inesperado. - ela o encarou também. Nunca, ninguém havia dito que sua.. Especialidade era assombrosa ou inesperada, e se dissessem não seria de forma boa. Achavam que ela burlava as leis, de alguma forma, que ela já nascera com táticas para ter o jogo ganho. Então, até crescer e ter atributos físicos desejáveis, ela não era a amiga preferida de ninguém. Só de quem fingia ser sua amiga para pegar cola em todas as tarefas escritas, pelas quais receberiam nota. E também por aqueles que queria se beneficiar num trabalho em grupo. Então, após ela entender um pouco mais sobre isso, ela optara por esconder que tinha memória fotográfica. Só assim, já na faculdade, conseguiu ter alguma vida social.

- E você tem algo inesperado e assombroso? - Ela perguntou - Além de que aparentemente, ser você que vai construir o deque, sozinho, já que não vi absolutamente ninguém chegando nesses quarenta minutos em que você está descarregando as coisas aqui. Além de ser auto suficiente, faz tudo e inteligente, lobo e gostoso, você faz algo assombroso e inesperado?

Ele olhou para ela, primeiro sério, depois o sorriso veio bem lentamente. Caminhou até bem perto dela, que estava encostada em uma parede assistindo ele descarregar o caminhão. Ele praticamente encostou o nariz dele no dela.

- Gostoso? - Ele sussurrou com a voz rouca, e parecia que havia dedilhado as espinhas dorsais dela com aquela voz. Ela puxou o ar. Foi um erro. Ela só encostou a boca na dele. Outro erro. Ele ficou ali, parado. Entreabriu os lábios, outro erro. Ele não tirou os olhos dos dela. Não se moveu. Ficou com todos os músculos contraídos. Ela percebeu que ele não se moveria. Ela desejou que ele o fizesse, que a desejasse com força. Como ela o desejava. Seu ego a levou a provocá-lo. Enfiou a língua na boca dele. Prazer espocou em seu cérebro. O sabor era muito melhor do que ela imaginava. Viu e sentiu a contração muscular e a respiração suspensa dele. Se apertou a ele de cima a baixo e parou de beijar seus lábios. Desencostou o corpo e os lábios dos dele.

- Realmente, muito gostoso. - Disse e saiu, deixando ele trabalhar. Olhou para trás enquanto caminhava e o viu parado, atônito e completamente duro. Por ela. Ahhh lobo. Vai ser uma aventura isso. Ela riu mais e subiu correndo as escadas da árvore.

O lobo milenar que habitava nele se regozijou pelo que ela fez. Todos os músculos do corpo dele se distenderam e voltaram ao normal. O coração batia tão forte que podia explodir seu peito a qualquer momento. O perfume dela, nunca esteve tão forte, nem quando ele a sentiu ter um orgasmo. O que seria dos dois quando eles tivessem um orgasmo juntos? Ele encostou na parede. Inspirou e expirou para se acalmar. Foi até o caminhão, tirou a camisa e ficou apenas com a camiseta branca, pegou sua garrafa de água gelada, tomou e jogou um pouco no pescoço para se resfriar. Colocou seu chapéu de proteção, colocou as luvas de volta e prendeu seu cinto de ferramentas. Pegou as máquinas que iria precisar. Pensava fazer o deque em uma semana. Precisava focar nisso. Subiu a pequena colina, e começou a fazer os buracos necessários para colocar as toras de sustentação. Precisava ainda ver se não havia nenhum bolsão de água que poderia causar uma queda em algum rio subterrâneo. Pegou o georadar na caminhonete e rastreou todo o terreno, marcando onde poderia fazer as escavações.

Pegou a escavadeira circular manual e fez todos os buracos. Quando terminou, viu que ela estava sentada na varanda da frente da casa, "assistindo" ele trabalhar. Deu um tchauzinho e desceu. Carregava no ar um copo de algo refrescante que deu na mão dele sem chegar a mais de um metro.

-Estava pensando, você come carne certo? Já que é um lobo, come carne crua, ou de qualquer jeito? É o que você come além disso?

- Sim, tenho uma alimentação balanceada, como a sua. Porque a pergunta?

- Precisamos comer não é? Não sei se percebeu, mas passou de uma da tarde. Não tem fome? Estava esperando você parar para oferecer. Eu tenho carne assada. Deixei a panela programada. Não sentiu o cheiro?

- Senti. E realmente estou com fome, mas tenho minha marmita.

- Ah tem? Podemos esperar ela aquecer lá dentro e almoçar. Que acha?

- Tudo bem.

- Traga sua comida e use o micro-ondas para aquecê-la. - Ela entrou na casa enquanto que ele foi ao carro buscar suas coisas na caixa hermética que tinha para isto.

Quando entrou ela já estava colocando uma salada de batatas em uma travessa que colocou no balcão da ilha junto com a carne que estava em uma panela slow cooker. Havia também arroz.

- O cheiro está muito bom. - Elogiou ele.

- Está muito bom mesmo. É uma receita de família. Só que antes era feito em fogo baixíssimo e minha avó e meu avô ficavam alternando a noite para vigiar o fogo, não podia ficar nem muito baixo e nem muito alto. Agora com as panelas de cozimento lento, isto não precisa mais ser feito. Eu amo invenções. - disse ela colocando a comida dele no micro-ondas e depois entregando o pote a ele de volta quando ficou pronto. Ela apontou os pratos e talheres. - sirva-se.

- Obrigado. Inclusive por me lembrar o horário, costumo me perder quando trabalho sozinho e só paro quando estou com muita fome.

- Por nada. - eles se serviram e comeram um de frente para o outro. Ela serviu o mesmo suco que estava tomando antes.

Comeram entre conversas corriqueiras.

- Costuma trabalhar muito sozinho?

- No início sim, trabalhava sozinho, depois dos negócios foram melhorando e puder ir contratando pessoas, de todo tipo e vários ramos. Aí acabei ficando preso no escritório porque comecei a abrir filiais e mais filiais. Até que ano retrasado, eu senti necessidade de me livrar do ambiente fechado e voltar a trabalhar como estou fazendo aqui, então contratei um CEO, e voltei a fazer o quero. Recebo informação diária sobre as decisões importantes a tomar e estou vivendo da forma que gostaria antes de ter o conglomerado.

- E a casa da floresta, ela é linda. De onde a trouxe mesmo?

- Étretat. Uma cidade turística litorânea, com belos jardins e falésias. Passei muitos dias da minha infância por lá com minha avó. Mas na guerra de castas perdi boa parte de minha família. Mas isto é passado. Acabamos com a guerra num tratado de paz. Muitos perderam seus entes, estava todo mundo cansado disto. Afinal, que sentido há em lutar até a morte por um território e não ter para quem deixar pois todos morreram? Eu doei as terras para as famílias de Lobos, remanescentes dali. Dividi tudo em partes iguais. Eram três famílias e eles vivem bem um com os outros agora.

- Surpreendente.

- Se quiser, depois, ou qualquer dia, te levo para conhecer. A casa, além da praia, claro.

- Claro. Seria um prazer. - disse ela sorrindo.

- Estava tudo muito bom. Obrigado. - disse ele levantando. Ele pegou os pratos e levou para a lava-louças. Ela somente olhou ele se mover pela sua cozinha. Sentada, com o cotovelo no balcão e o rosto apoiado na mão, ela bebericava seu suco gelado e aproveitava para dar uma boa olhada na parte traseira dele. Os cabelos bem cortados e jogados de lado, os ombros fortes dentro da camiseta apertada. Os jeans que contornavam sua bunda e pernas perfeitamente e as botas pesadas de trabalhar. Ele fechou a lava louça e virou para ela. Sentiu o cheiro da excitação dela.

- Sabe, não é uma boa ideia você brincar com isto entre nós. Eu senti que você estava me desafiando a tomar o que você não quer me dar. O lobo não aceita muito bem desafios.

- O lobo pareceu aceitar muito bem minha provocação. Firmemente até.

- Eu não vou ceder, a não ser que você me peça. Claramente. - ele chegou mais perto dela, do outro lado do balcão. Ela girou a cadeira alta e ficou de frente para ele. A coluna reta, os pés apoiados no suporte da cadeira e as pernas separadas. Ela estava de calça leggings e uma blusa regata e ele olhou rapidamente o monte em V do sexo dela. Havia visto ela nua, em sua sacada ao longe e a primeira visão que teve dela era ela nua, dançando na floresta dele, em uma clareira. Ele sabia o que se escondia atrás da roupa. E isso era pior do que parecia, pois mesmo que ele não tivesse memória fotográfica, ele nunca iria se esquecer dos detalhes do corpo dela nu. Precisava se afastar dela um pouco, mas o lobo queria chegar mais perto, provocá-la, como ela fez com ele. - Você quer que eu faça algo por você Belle? - Ela estava completamente excitada neste ponto, tanto quanto ele, ele cheirava seus sucos e isso o enlouquecia.

- Que tipo de coisa você faria por mim? - Ela falou com a viva seca e o coração trovejando no peito. A voz rouca dele ligava ela tanto quanto o resto. Isso, isso aqui, era uma baita aventura. Isto era perigo de verdade. E a estava eternamente excitada por isto.

- Posso fazer muitas coisas que você adoraria. Mas nunca farei sem a sua permissão. Cada coisa que você quiser, vai ter que me dizer, nos mínimos detalhes. Entendeu? - ele quase a tocava, quase. Sua mão pinicava por isto, sua boca salivava por mais um pouco do sabor da boca dela, da pele dela na língua dele. Esta situação não podia sair fora de controle, ele poderia machucá-la de alguma forma. Ele não queria isto. - Obrigada pelo almoço. Voltarei ao trabalho. - Ele disse com a voz mais grossa e mais rouca ainda. Virou as costas para ela e voltou ao trabalho. Começou a pegar novamente as toras e as vigas e levá-las nos braços até o gramado onde ficariam. Foi até os buracos e concretou um por um, para criar uma sapata no fundo para que o de que tivesse um alicerce firme. Eram cinco da tarde quando ele terminou de encaixar as toras com os suportes para que ficassem ao meio. Belle havia subido para a casa da árvore depois do aviso dele. Ficando quieta lá dentro. Terminaria o seu trabalho sem maiores incidentes entre eles. Ainda faria a piscina ao lado do deque. Então o próximo passo seria levar o bobcat para escavar no formato que eles haviam combinado. Terminou de arrumar suas coisas e se preparou para sair. Chamou ela. Ela apareceu com a cabeça para fora da janela.

- Estou indo, finalizei por hoje. Se puder vir fechar as coisas.

- Já vou. Ele sentia cheiro de metal derretido e solda, com certeza ela estava trabalhando. Esperou mais um pouco. Ela desceu. E ele não deveria ter olhado cada movimento que ela fez. A calça apertava, Moldávia perfeitamente seu corpo até a cintura e sua bunda era incrível. Ele nunca viu uma bunda tão redonda e deliciosa. Tinha fantasiado no primeiro dia tomando ela por trás, segurando os glúteos redondos. Fora surreal, só de imaginar. E se ele estava duro durante o dia todo, agora teve que colocar o capacete na frente e disfarçar.

Ela estava descalça e os pequenos pés eram lindos. Ele focou nisso para distrair a mente.

- Pronto! Vamos? - ela esperou, já que ele não saia do lugar. Ele despertou e seguiu ela pelo jardim. Ahhh, devia ter ido na frente. O balanço dos quadros, fazia a bunda dela saltar levemente, um lado de cada vez. Foda.

Ele precisava se aliviar de algum jeito. O lobo estava desesperado. Ele soltou um pequeno rosnando. Ela parou e olhou para ele desconfiada.

- O que foi isso?

- Não se preocupe, somente me deixe passar à sua frente.

- Porquê?!

Ele parou, ela queria saber porquê.

Diria a ela.

- Porque você passou o dia me provocando, porque eu passei o dia pensando em tudo que aconteceu hoje, porque eu reparei em cada movimento dessa bunda deliciosa que você tem, e imaginei me enterrar nela neste instante no meio do jardim, na sua casa, na minha e em todos os lugares que eu puder e meu lobo está faminto por você, pelo seu cheiro que não pára de encher meu pulmão e meu corpo de excitação. É como se você jogasse gasolina em mim e ateasse fogo. Eu gostaria de te comer toda, com a boca, com a língua, com meu pau e depois começar tudo de novo te ouvindo gritar milhares de vezes de orgasmos e sentir o cheiro maravilhoso de quando você gozou na noite do seu aniversário naquela cama que você dorme. - Falou ele extremamente predador. Indo até ela, enlouquecido. Sentiu que quanto mais ele falava mais ela se excitava. - Porque você me enlouquece Belle, saiba disso. E agora, eu vou entrar na minha caminhonete e me dar prazer pensando em você, como venho fazendo todos esses meses, desde que te vi dançando nua na floresta em lua cheia. Porque eu preciso me aliviar de algum jeito e não vou tocar você até que você me fale para fazer isso. Entendeu?

Ela fez que sim com a cabeça, muda e desorientada. Ela deu a chave na mão dele.

- Pode ficar com as chaves. Eu vou precisar me ausentar por alguns dias. Bom descanso. Tchau. Ela voltou correndo para a casa da árvore e ele foi até a caminhonete, sentou, abriu a calça jeans, tirou uma camisinha do porta luvas, colocou rapidamente e se masturbou, tão intensamente que teve dois orgasmos seguidos. Respirando forte ele retirou a camisinha com cuidado de sua ereção ainda dura mas menos que antes e jogou no lixo. Se limpou, vestiu e deu a partida no carro. Iria ficar sem vê-la por alguns dias. Seria uma tortura e uma benção.

Ele precisava se conter, fora completamente antiético. Aquele era seu ambiente de trabalho e por mais que ela fosse sua companheira e que somente com um sorriso ligava todos os botões dele que o deixavam louco. Ele não podia perder a noção de que ele era um contratado e ela a contratante. Ela podia processar ele neste momento, que ele pagaria todos os bilhões que tinha a ela de indenização.

Ele usaria esse tempo longe dela para fazer o mais rápido possível o trabalho. Chamaria alguns trabalhadores que estavam na sua casa para terminar logo. Havia pensado em fazer sozinho, não queria dividir a beleza dela com ninguém. Coisas de lobo. Mas não aguentaria a tortura que ele passou por mais um mês. Precisava terminar e parar de ter acesso fácil a ela. Sua doçura, competência em tudo que fazia, sua inteligência, seu corpo escultural e seu cheiro. Pelo menos até ela pedir a ele que fizesse amor com ela. Com todas as palavras e não só com seu corpo e suas brincadeiras de sedução.

Ela havia dito, quando se viram pela primeira vez, ele como homem, que ela não queria saber dele. Que ela só queria a recente e maravilhosa liberdade que ela teria. E que ele sabia que ela tinha agora recentemente. E ele entendera. Já tinha quatrocentos anos e vivia há séculos, sua vida de homem adulto, que ganhara precocemente ao perder sua família toda na guerra das castas há duzentos e cinquenta anos atrás. Ao ter sua alcateia morta pelos Lobos da família de Marrok Gerwulf, o traidor da ordem dos lordes Lobos. Zarwin era um lorde mas abdicara o título e o passara para seu primo. Isto não o fazia deixar de ser o alfa. Mas se o alfa não queria o título, como ele, poderia optar por dá-lo provisoriamente ao beta. Era seu primo mais velho Garrick Blackwolfgan. Ele mantinha as coisas da forma que deveriam ser na câmara dos lordes dos Lobos e tinha os mesmos ideais que Zarwin, era a escolha certa. Zarwin queria apenas se afastar disso tudo. Não gostava da violência e da falta de humanidade e guerras inúteis que alguns outros lordes adoravam. Ele era quem tinha o lobo mais poderoso, e o mais antigo de todos, talvez por isto este lobo o havia escolhido. Por suas ideias e ideais de paz e lealdade. Seu lobo Ulrickh Ræedwulf era um lobo milenar, que vivera muitas guerras e mortes, perdendo sempre sua companheira e sua prole. Ele estava cansado disto, tanto quanto Zarwin estivera quando o lobo o escolhera na sua formatura da lua, aos seus cento e oitenta anos. Que era a maioridade dos jovens Lobos. Ele o apoiaria por esperar sua companheira querer o contato deles. Ele havia tido uma experiência completamente desagradável. A companheira de sua penúltima vida, havia sido entregue pela família e ela o odiava. Só era receptiva nas horas do sexo mas no dia a dia ela odiava Ulrickh e foi assim até ela se matar. Ele não queria ter esta experiência novamente. Sofrera tanto que havia pedido para ser decapitado. Não tiveram filhos, não houvera tempo. E agora sua perfeita Belle os fazia babar e eles fariam tudo por ela, mas só a tocariam quando ela dissesse que queria. Eles não iriam submetê-la. Esperava que ela quisesse logo.

Belle subiu para sua casa e observou a caminhonete atentamente. Viu quando ele fez exatamente o que disse que faria. As estocadas constantes de duras em sua própria mão. A ereção linda e brilhante que ela quis em seus lábios e em sua vagina. E quando ele teve os orgasmos. Oh, Hecate! Orgasmos! Ela sentira isso como se fosse ela. Porque ela também teve orgasmos, apenas de observá-lo. Ela viajaria amanhã cedo. Não estava planejado. Mas tinha que fazer, pois estivera distraída demais com ele e havia esquecido de renovar seu estoque de minerais e pedras e só havia percebido hoje que estava com uma última pepita na caixa. Aproveitaria para adquirir mais coisas do que havia comprado da última vez, pois ela não sabia se continuaria a ficar tão distraída assim. Ela estava quase desistindo e se deixando ser a companheira dele. Afinal, ele parecia ser um cara decente. Honesto e respeitoso. Apesar das coisas que ele disse a ela ali embaixo, sabia que não era a atitude dele normal. Pesquisou sobre ele, tudo que havia na Internet e redes sociais. Inclusive um dos perfis sociais dele mostrava o tipo de coisas que ele gostava, livros, arte, coisas feitas à mão. Ele havia inclusive postado fotos do colar que ela havia criado, e havia uma porção de comentários perguntando quem seria a sortuda que iria ganhar o colar. Ele havia respondido que era a companheira dele. Ela. Ela já fazia parte da vida dele, mesmo sem saber. Muitas pessoas elogiando o seu trabalho. Por isso que seu e-mail havia enchido de pedidos de orçamento para a criação de joias únicas. Muitas das pessoas interessadas, eram muito ricas. Do tipo com o qual ela não costumava socializar normalmente. Ela viajaria e aproveitaria a viagem para encontrar sua única amiga Sury. Ela havia se mudado ano passado e elas se viam apenas quando Belle viajava para lá para refazer seu estoque ou quando ela vinha uma vez por ano para visitar os pais. Largou o notebook de lado, após guardar tudo numa bolsa própria dele. Arrumou suas malas. Levaria apenas duas. Uma com suas roupas e outra com as caixas próprias para os metais e pedras que traria. Esperava encontrar tudo nas feiras. Depois de tudo pronto ela tomou seu banho, jantou e sentou na cama olhando a torre alta do castelo dele. Deu boa noite em código Morse.

Ele respondeu e adicionou um “boa viagem”. A luz parou por um instante e depois veio uma última frase:

Esperarei ansioso por seu retorno.

Ela deitou.

Uma emoção a alagou por inteiro, sua respiração se tornou mais forte e as lágrimas saíram carregadas por suas bochechas. Nunca havia sentido o que sentia agora. Algo que se quebrara dentro dela algum dia, essa coisa que sentira toda vida, essa solidão que fingia que não existia parecia que fora tirada dela neste momento. Ela era muito segura de si, sua mãe a fizera assim. Sempre se sentirá linda e inteligente, não porque de alguma forma seu cérebro guardava as memórias sem que ela precisasse se esforçar como ouvira por diversas vezes de pessoas aleatórias, na escola e ou outro local, era como se ela tivesse roubado uma individualidade que ninguém tivera a sorte de ter, mas ninguém sabia como era para ela se lembrar com exatidão dos piores momentos de sua vida. Sua mãe, um dia lhe disse que não ligasse para o que as pessoas diziam, lhe falara que se ela não procurasse aprender por si própria nunca saberia o que sabia. Que seu dom era estéril, se ela não quisesse saber. Ela concordava mas mesmo assim, ela se magoava com pessoas que foram usando ela apenas quando precisaram. Nunca fora querida, desejada, até mesmo com seu segundo namorado, com quem compartilhará e aprenderá a ter e dar prazer, sabia que se ele precisasse escolher entre ela e alguma outra coisa importante, escolheria outra coisa. Porque eles não tinham esse sentimento indissolúvel. E ela não o culpava, também não se sentia assim. Essa conexão. Sentia agora. E estava morrendo de medo, excitada e ao mesmo tempo não sabia como reagiria se ele dissesse um dia que ela não podia, ou não deveria fazer algo, ou vestir algo. Ele nunca havia sido assim com ela, mas os Lobos eram extremamente possessivos e territoriais.

Não ele. Aparentemente.

Não queria ceder, mas sabia que era inevitável. E seria maravilhoso, tinha certeza. Recebeu uma mensagem de um número desconhecido. Havia uma pergunta:

- Está chorando, porquê?

Só podia ser ele.

- Quem é?

- Zarwin. Desculpe, senti o cheiro de lágrimas, eu... Não pude me segurar. Meu instinto era ir até aí, mas resolvi não invadir seu espaço.

- Obrigada por não invadir meu espaço.

- Eu... Eu fiz algo que a magoou, ou alguém fez?... PS.: Se eu estiver sendo intruso, me deixe saber. Só, não consigo saber que está chorando e não estar aí para lhe consolar.

Ela riu. Querida Deusa Hecate! Como podia ser tão... Não tinha nem palavras para explicar.

- Está tudo bem. Só fiquei emocionada porque me disse que esperaria ansioso minha volta... Bobagem minha.

- Tudo bem. E é a verdade. Esperarei muito ansiosamente, não se engane Belle. Eu a desejo em todos os sentidos. A admiro, e amo sua força e intelecto.

A palavra com "a". Ele disse sem querer. Não perguntaria.

- Não sei o que dizer. Mas obrigada. Acho que também sentirei sua falta. Vou só ficar lá por três dias. Volto logo.

- Serão três longos dias e noites. Quero que saiba que não a desejo somente por ser minha companheira, já houve casos em que os companheiros não eram absolutamente compatíveis. Meu lobo mesmo, em uma encarnação anterior passou por isto.

Eu a desejo por você ser quem é. Não são só os hormônios, ou o destino que me fazem querer você. Que fique bem claro.

- Eu entendo. Não sabia desta informação. Achei que isto nos obrigava a ficarmos juntos.

- Não. Há um livro, não muito bem aceito, não pelas castas de Lobos, escrito por Ulrickh RædWulf. Se o achar, leia. É do século XIII. Não sei se o encontrará facilmente. Entenderá meu lobo, foi ele que o escreveu. Se não o achar e quiser, venha até minha casa. Eu o tenho. Comprei um exemplar há alguns séculos atrás, quando estávamos ainda nos conhecendo, eu e o Lobo.

- OK. Preciso dormir agora. Obrigada pela preocupação. Boa noite Zarwin.

- Boa noite Belle.

Ela ficou olhando a tela do celular. Até se apagar sozinho. Colocou para carregar e dormiu, pensando nele.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo