O sol entrava pelas janelas com violĂȘncia, como se a luz tivesse pressa de arrancar Melina da escuridĂŁo onde ela queria permanecer. Sentada na beira da cama de Kauan, enrolada no lençol e com os cabelos bagunçados caindo sobre o rosto, ela encarava o vazio com uma intensidade nova. Seus olhos estavam abertos, mas algo dentro deles havia fechado.
Kauan entrou com uma caneca de cafĂ©. Olhou para ela em silĂȘncio. Sabia que a noite passada significava muito mais do que sexo. Era uma ruptura. Um ponto sem volta.
â Trouxe cafĂ©. Com açĂșcar, como vocĂȘ gosta.
Ela pegou a caneca sem dizer nada. Deu um gole. Depois outro. E suspirou fundo.
â NĂŁo me olha assim.
â Como?
â Como se estivesse com medo de me tocar. Como se vocĂȘ fosse me quebrar.
â Talvez eu esteja. VocĂȘ tem se partido em pedaços desde que tudo isso começou, Mel. Amanda, Miguel, as mensagens... Ă© muito.
Ela riu sem humor, encostando a testa na borda da caneca.
â Eu me parti. Mas nĂŁo sou mais frĂĄgil. VocĂȘ entende isso? Aquela Melina que