Impossibilitados de amar
Impossibilitados de amar
Por: Mil marias
O encontro.

Em uma das favelas mais conhecidas da cidade com codinome de Rocinha, foi nascido e criado Júlio, mais conhecido na comunidade como Julinho, menino esperto e astuto, sempre ativo, alto, negro, nariz afinado, traços delicados, cabelo encaracolado e lábios carnudos, tinha traços mestiços pois sua mãe na adolescência se envolveu com o filho do seu patrão, homem rico e bem sucedido, quando descobriram que a sua mãe estava grávida lhe expulsaram da casa e a ameaçaram que se voltasse a procurar aquela família, iria amanhecer morta. Assim, Julinho nunca teve pai e foi criado somente pela sua mãe Joana e sua avó materna, ele ajudava os moradores locais e se comunicava com todos da favela, quando criança gostava de empinar pipa e jogar bola no campinho do morro, sempre ajudava a sua mãe com as tarefas domésticas, lavava suas roupas, lavava os pratos e varria toda a pequena casa que tinha apenas dois quartos e um banheiro e ainda ia para a escola, sua mãe nunca estava em casa pois trabalhava como faxineira em uma casa na zona sul da cidade.

Do outro lado da cidade nasceu e cresceu Maria Isabel, branca, cabelos lisos castanhos claros, olhos azuis, uma bela menina, sempre acompanhada das suas babás, tinha o melhor celular, última geração, rodeada por tablets, relógios tecnólogos, estudava na melhor e mais cara escola da cidade, sua família detinha muitos bens, carros Importados, seu pai Fernando era empresário e escondia um segredo, era um mafioso porém ninguém da sua família desconfiava do sub mundo em que ele vivia, acreditavam que o seu dinheiro era apenas por conta dos negócios de suas empresas que na verdade eram de faixada, sua esposa era médica, apesar de muito ricos, sempre muito ausentes na vida da menina, que crescia sempre dentro de casa, uma bela casa por sinal, localizada em frente à praia, possuía 5 quartos, todos eram suítes, janelas enormes de vidro, piscina e, câmeras de segurança para todos os lados, seus pais temiam os perigos da cidade, bandidos, assaltos, e assim foi crescendo Maria Isabel, detinha das melhores tecnologias, comia das melhores comidas porém lhe faltava liberdade.

Em uma das praias mais belas da cidade chamada de praia da banana e frequentada por todos os tipos de público, ficara em frente a casa de Maria Isabel, e próximo a favela que Júlio morava. No mês de dezembro, com sol escaldante todos os jovens se reuniam na praia da banana, Maria Isabel comemorava seu aniversário de 18 anos resolvera ir à praia com suas duas amigas mais próximas e Júlio já possuía 20 anos e marcou um futebol com os meninos do morro na praia.

Em um clima muito amistoso todos riam e brincavam naquela tarde de domingo com temperatura de 35 graus celsius, Maria Isabel estendeu sua toalha na areia e ficou sentada com as amigas conversando sobre planos para o futuro como a faculdade que iria escolher pois acabara de concluir o ensino médio em sua escola, enquanto Júlio jogava bola na areia com alguns amigos, todos da mesma idade.

Quando de repente surgiu barulhos de tiros, pow pow, as pessoas corriam e o caos se instaurou no local, tinha ocorrido um assalto a um casal de idosos que frequentavam a praia, a senhora havia sido baleada, muito sangue e correria.

Maria Isabel se desespera e sai correndo e acaba se perdendo das suas amigas, jovem, ingênua não sabia o que fazer e nem para onde ir, enquanto Júlio também correu na mesma direção que a menina, estavam muito próximos um do outro, quando avistaram o assaltante atirando para cima e andando na direção que eles se encontravam, desesperada Maria Isabel começa a chorar e Júlio percebe o desespero da menina, pega-a pela mão e se escondem atrás de uma barraca de praia de madeira coberta por palhas, nesse momento Júlio coloca a mão na boca de Maria Isabel e diz: não grita! Vai ficar tudo bem.

A garota chora mas não grita, ambos com corações acelerados, o medo os consomem quando escutam mais barulhos de tiros de arma de fogo, seguram as mãos um do outro. Um silêncio dentro deles, se olham, ela percebe o tipo físico do rapais, sem camisa, abdômen perfeito, musculoso, braços definidos, cabelos cacheados sujos de areia, olha novamente e retira o olhar, ainda está muito assustada, ele olha para ela percebe o quanto ela é bonita, cabelos ao vento, de biquíni, seios avantajados, sente desejo mais se auto reprime e tenta se concentrar na situação que se encontram.

Cerca de 20 minutos depois os tiros cessam, as pessoas param de gritar e de correr, os assaltantes fugiram e a ambulância já havia resgatado a senhora ferida, os dois se olham e ele diz: acho que já podemos sair daqui, parece que está tudo calmo, ela balança a cabeça concordando, soltam-se as mãos, levantam e saem da barraca de praia, ao saírem percebem que já podem seguir um sem o outro, se olham e daquele momento em diante nasce um interesse mútuo entre os dois. Ele diz meu nome é Júlio qual o seu ? Ela diz ainda com a voz trêmula: Maria Isabel, ele continua: sempre venho aqui na praia da banana e vc ? Ela afirma: de vez em quando. Ele a olha nos olhos, olha para sua boca, ambos sentem vontade de se beijar porém ocultam esse sentimento quando ela diz moro aqui próximo na zona sul, assim que ouviu isso Júlio toma um choque de realidade e percebe que ele mora na favela e ela na área nobre da cidade, pensa que ela jamais lhe daria uma chance, ele se oferece para leva-lá até a porta da sua casa em segurança, ela aceita, caminham juntos pela avenida até chegar em sua casa quando pergunta onde o rapais mora, ele envergonhado responde: na favela da Farofinha, ela surpresa diz: nunca fui em uma favela, ele ri, e diz: existem pessoas do bem lá, ela pergunta se eles voltaram a se ver, ele responde: apesar de mundos diferentes sempre costumo vir aqui à praia, ela diz: esperarei por você qualquer dia desses, ele sorri.

Júlio percebe um interesse por parte da menina, fica feliz mas sabe da impossibilidade do namoro, responde: qualquer dia nos veremos de novo, ela diz: espero que seja breve.

Se aproximam, olham-se nos olhos, seus lábios desejam um ao outro, querem mas entendem que é cedo, que não podem, se afastam com sentimento de frustração e Júlio se despede: tchau obrigado por me salvar, a menina ri e diz: o que seria de mim sem você hoje ? Ele diz: só salvei uma princesa desse mundo chamado selva, tchau, até mais. Vira de costas e sai andando, ela continua ali parada na porta olhando ele indo embora até dobrar a esquina e desparecer por completo.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo