No banco de trás do carro de luxo, o espaço entre Dimitri e Amélia parecia, ao mesmo tempo, infinito e inexistente. O motorista conduzia o veículo com uma suavidade profissional, os olhos fixos na estrada, alheio — ou fingindo estar — à atmosfera densa e sufocante que emanava dos seus passageiros.
Dimitri e Amélia mal trocaram uma palavra durante todo o percurso até em casa. O silêncio era pesado, preenchido apenas pelo som abafado do motor e pela respiração contida de ambos. Havia um pacto mudo selado naquele trajeto: o que aconteceu no sítio, ficou no sítio.
Era uma mentira que contavam a si mesmos, uma tentativa desesperada de autopreservação. Enquanto Amélia fitava a paisagem cinzenta pela janela, tentava enganar o próprio coração, fingindo que ele não sangrava com a possibilidade de nunca mais se perder nos braços dele. Dimitri, ao seu lado, mantinha a postura rígida, o olhar fixo no encosto do banco do motorista. Ele cerrava os punhos sobre os joelhos, lutando contra a memória t