A van parou em frente ao morro da Rocinha e a porta foi aberta, despejando ali o corpo desacordado do Matheus.
— Que merda é essa? — gritou alguém que estava de guarda, apontando um fuzil para o carro, que arrancou às pressas.
— Quem é esse? — perguntou outro, se aproximando.
Um deles desceu até a rua e virou o corpo que estava de costas. Franziu o cenho tentando reconhecer, mas logo ficou espantado ao perceber quem era.
— É o Matheus! — gritou ele. Outros desceram até lá, recolhendo-o da pista quente e o levando para dentro do morro. — Chamem o Rafa e a irmã dele.
Um menino, que não devia ter mais do que doze anos, subiu correndo com o fuzil chicoteando as suas costas nua e castigada pelo sol. Ele chegou à janela da casa do Rafa e gritou por ele, que logo apareceu.
— O que é, muleque? Tô jantando! — disse bravo.
— É o Matheus.
— O que tem ele? — perguntou tenso.
— Largaram ele no pé do morro. Acho que tá morto — disse o menino.
Matheus pulou a janela e desceu correndo com desespero.