Matheus pilotou de volta para casa debaixo da intensa chuva. Quando chegou, logo foi tomar um banho. Ao sair, seguiu até a cozinha e pegou um copo de suco na geladeira.
— Tá todo mundo comentando da tua burguesinha — disse Gabi, parando no batente entre a sala e a cozinha.
— O que tão falando? — olhou para ela.
— Tão dizendo que ela é rica. O pisante dela devia custar uns três mil paus — falou com um pouco de desdém.
— E daí?
— E daí que tu é um preto favelado. Ela não é pra você. Tá na cara que só quer diversão com o que os ricos consideram exótico. — Apontou para ele.
— Tu num sabe o que tá falando.
— Trouxe ela aqui para conhecer a nossa mãe. Acha mesmo que ela quer namorar contigo? — Riu com deboche. — Acorda. Foram os bacanas que viraram as costas para nossa mãe quando a corda apertou. Ela é um deles.
— Ela não é! — Foi incisivo.
— E Letícia tá odiando a menina. — Sorriu. — É melhor num trazer a loirinha pra cá de novo.
Virou-se saindo. Matheus foi atrás da irmã.
— O que ela disse