Embarcamos no avião do Dom, o que me deixou um pouco aliviada já que não conseguia parar de chorar. Entrei e me sentei em um canto isolado.
Enquanto o avião decola, sinto a pressão no meu peito aumentar. A visão das nuvens lá fora não traz a tranquilidade que eu esperava. Em vez disso, só me sinto mais presa. Tento distrair a mente olhando pela janela, mas as lágrimas ameaçam voltar. O silêncio no avião é opressor. Decido buscar um pouco de consolo em uma das cartas que Paola me trouxe. Com as mãos tremendo, retiro o envelope da bolsa e começo a ler. As palavras dela, cheias de amor e apoio, me aquecem um pouco. As lembranças dos momentos que passamos juntas me trás um pouco de paz. Se Paola acredita tanto em mim, talvez eu consiga encontrar uma forma de enfrentar o que está por vir. Fecho os olhos por um instante, respirando fundo, tentando não me deixar abater. Esse não ser o fim da minha história. Quando desembarcamos a primeira pesssoa que avisto é Paola, meu coração se enche de emoção. Ela me vê e corre na minha direção, os olhos brilhando de felicidade. Assim que nos encontramos, ela me abraça forte, e as lágrimas que eu estava segurando escorrem livremente. — Oh, Halina, eu estava tão preocupada! — ela diz, sua voz cheia de carinho. — Eu também senti sua falta. — respondo, ainda envolta no calor do seu abraço. Paola me solta um pouco, segurando meu rosto entre as mãos. — Vamos, precisamos sair daqui. Tem tanto para te contar e mostrar! Eu aceno, sentindo uma mistura de alívio e ansiedade. A cidade ao nosso redor parece prometer novas oportunidades, e pela primeira vez em muito tempo, uma faísca de esperança brilha em meu peito. Enquanto caminhamos juntas, sinto que, independentemente do que acontecer, tê-la ao meu lado faz tudo parecer um pouco mais suportável. — Tenho uma ótima notícia — diz entrando no carro, enquanto minhas malas são arrastadas pelo motorista. — O Dom esteve em reunião com Antônio há alguns meses atras e conseguiu adiar o seu casamento para daqui dois anos. Eu sei que não é exatamente o que queríamos mas já é um bom começo. Sinto um alívio profundo ao ouvir as palavras de Paola. A ideia de ter mais tempo para pensar, para planejar uma saída, me dá um pouco de esperança. — Dois anos? — repito, tentando absorver a informação. — É melhor do que eu esperava. Ela sorri, visivelmente aliviada também. — Exatamente. Vamos usar esse tempo para nos preparar, e quem sabe encontrar uma maneira de te livrar desse noivado. Mas o noivado ainda acontecerá. Nem tudo são flores né? Eu entendo a situação! Olho pela janela do carro, observando as luzes de Nova York enquanto a cidade ganha vida ao nosso redor. — Obrigada, Paola. Você realmente me ajudou — digo, com sinceridade. — Sempre estarei aqui por você, Halina. Vamos encontrar uma solução. — Também gostaria de agradecer ao Dom, pelo apoio dele. Ela assentiu. — Ele foi viajar com a esposa, assim que ele voltar eu tento marcar uma reunião e vocês conversam. — Isso seria ótimo. — me sento um pouco mais otimista. — Preciso entender melhor a situação e ver como ele pode me auxiliar. Olho pelas ruas vibrantes, e sinto uma mistura de ansiedade e esperança. — E sobre você, como está se sentindo? — pergunto, curiosa sobre como ela tem lidado com tudo. Ela sorri, embora um pouco cansada. — Tem sido uma montanha-russa, mas estou bem. Preocupada com você, mas determinada a fazer o que for preciso para ajudar. Eu a admiro, sabendo que sempre posso contar com ela. — Juntas, podemos enfrentar qualquer coisa. — reafirmo nossa conexão e sorrimos. Paola me abraça apoiando minha cabeça em seu ombro. — Você ainda usa shampoo de morango? — Questiona rindo. — Foi minha irmã preferida quem me apresentou essa maravilha. Não consigo ficar sem. — Boba.— Ela ri, e o som é contagiante, ébom esta em casa.— Eu me lembro de como você adorava o cheiro. Sempre dizia que te fazia sentir mais alegre. — E faz mesmo! — sorrio com a lembrança. — É um pequeno prazer em meio a tudo isso. Paola se afasta um pouco, olhando nos meus olhos. — Vamos encontrar pequenas alegrias, Halina. Isso vai nos ajudar a enfrentar o que está por vir. Concordo, sentindo que, com ela ao meu lado, há esperança. (๑๑˙❥˙๑๑˙❥˙๑๑˙❥˙๑๑˙❥˙๑๑˙❥˙๑๑)✍️ Chegamos no apartamento ao qual eu iria morar as sete e meia da noite, o lugar é simplesmente lindo e espaçoso, espaçoso demais — Eu vou morra aqui sozinha? Minha irmã olha em volta. — É acho que Rodolfo exagerou! — Murmura jogando a bolsa no sofá. Eu olho em volta, admirando o espaço arejado, mas a vastidão do apartamento me faz sentir um pouco intimidada. — É realmente grande. — comento, tentando me acostumar com a ideia. Paola ri, balançando a cabeça. — É realmente um exagero. Mas a verdade é que você pode usar esse espaço como quiser. — Espero que eu consiga me sentir em casa aqui. — passo a mão na superfície de um móvel. — Você vai, eu prometo. Vamos decorar, colocar suas coisas, deixar do seu jeito. Imagino como seria transformar esse lugar em um lar? — Ele fez isso para te surpreender não foi? — Levanto uma sombrancelha encarando-a. — Não seja maluca. Esqueceu que ele chutou minha bunda. Nos duas rimos. — Não era o que você queria já que é loucamente apaixonada por Apolo? — Sim! – Afirma, fazendo com que suas bochechas fiquem vermelhas. – E como está a situação com ele? – Me sento de frente a ela, curiosa para saber de alguma novidade. São quase 6 anos de apaixoniti, e nada de Apolo notar. Ela suspira e eu vejo a tristeza em seu olhar. – Nada ainda. Acreditei que depois do rompimento com Rodolfo ele iria pelo menos olhar para mim mas nada, para ele eu simplicidade não existo. Fico triste por ela. – Graças a Deus eu nunca me apaixonei por ninguém. – Digo sentindo um alívio. – Iria se apaixonar por quem naquele convento, pelo padre? – Ela j**a a cabeça para trás morrendo de rir. — Não, com certeza não! — gargalho junto com ela. — O mais perto que cheguei de romance lá foi com as paredes. Paola ainda ri, mas logo seu sorriso se transforma em uma expressão pensativa. — Às vezes, eu gostaria de poder voltar e fazer as coisas de forma diferente. Mas, quem sabe, agora que você está aqui, as coisas possam mudar. — Verdade. — concordo. — E, com você ao meu lado, talvez eu até comece a sair mais e me abrir para novas possibilidades. Ela me olha com um brilho nos olhos. — Exatamente! Vamos aproveitar essa nova fase. E quem sabe, se você se sentir pronta, eu posso te apresentar algumas pessoas. — Vamos com calma. Por enquanto, quero apenas me sentir em casa. — digo, ainda me tentando entender tudo ao meu redor. — Combinado. Mas saiba que sempre estarei aqui para te apoiar, independente do que vier. — Sim, eu sei — me levanto. — Vamos conhecer o apartamento? — Já conheço. Mas irei te mostrar a parte que mais gostei. Assenti, seguindo Paola que não parava de falar.