O ar estava carregado.
O silêncio... mortal.
Ninguém dizia uma palavra, mas todos sentiam.
A tensão.
O medo.
A dor da perda.
Nos preparávamos para o funeral de Mika.
A senhora Carson, sempre altiva, estava irreconhecível.
Seus olhos — outrora afiados como navalhas — agora opacos, partidos.
Perder a filha mais nova… deve doer de uma forma que nem as palavras alcançam.
Mika nunca foi como o restante da família.
Talvez por isso todos sentissem tanto.
Ela tinha o coração do pai: gentil, doce, justo.
Jamais usou sua posição para se impor.
Era luz onde os outros só espalhavam sombra.
Bri, ao meu lado, fungava baixinho e então murmurou:
— Poderia ter sido a Rebeca… ninguém sentiria falta. E ainda sairia do meu caminho…
Olhei pra ela com estranheza.
A mágoa em sua voz era nítida, mas as palavras…
O que ela quis dizer com “sair do caminho”?
Antes que eu pudesse perguntar, Rebeca fez sua entrada —
Teatral, claro.
Nos braços de Lucas.
Mesmo na dor, ela precisava que tudo