A última curva foi tomada com maestria. Jasmine sentiu o motor de sua moto roncar como uma extensão de sua própria vontade. Seus dedos firmes no guidão, o vento batendo no seu rosto, a adrenalina correndo por suas veias — ela era pura energia, a estrada e a moto, tudo em sintonia com sua natureza indomável. Ela cruzou a linha de chegada com a facilidade de quem já havia dominado aquele circuito muitas vezes antes. O rugido da multidão a envolveu como uma onda, mas para ela, era apenas o som do triunfo.
Ela desmontou da moto, respirando fundo, o coração ainda acelerado. Quando olhou para trás, viu Namael com um sorriso discreto no rosto, seus olhos atentos a cada movimento dela. Era o olhar de quem sabia o que a motivava, o olhar de quem nunca a deixaria seguir sozinha em algo tão arriscado, mas que também respeitava sua liberdade.
Naveen, que estava ao longe, observou a cena com um misto de admiração e algo que ele não queria nomear. Ele não esperava que Jasmine fosse tão rápida, tão destemida. Uma onda de inveja o invadiu, mas também um respeito relutante. Ele sabia que sua irmã de criação não era apenas uma garota doce e calma; ela tinha algo de feroz que ele não podia negar.
Quando Jasmine se aproximou de Naveen, ele estava ali, esperando, com os olhos brilhando de uma curiosidade disfarçada. Ela deu um sorriso, aquele sorriso de quem sabia que, de alguma forma, havia conquistado mais do que uma simples vitória.
— Você viu? — Ela disse, o tom de sua voz revelando uma mistura de satisfação e brincadeira. — Meus reflexos são melhores do que você imaginava.
Naveen sorriu de volta, mas seu sorriso não alcançou os olhos. Havia um desafio silencioso entre eles, algo não dito, mas compreendido. Ele queria ser o melhor, ele queria mostrar que a disputa não acabava ali.
— Não foi mal. — Ele respondeu, com uma leveza que soava quase desinteressada, mas seu olhar a seguia com uma intensidade que não passava despercebida.
Namael, que estava ali, observando a troca de palavras entre os dois, não pôde deixar de sentir uma pontada de frustração. Ele sabia que, apesar do que fosse dito ou feito, havia algo mais profundo na relação deles. Algo que ele não poderia controlar, mas que o incomodava. Mesmo assim, ele permaneceu em silêncio, contente em ver que Jasmine estava feliz.
— Bom trabalho, Jasmine. — Namael disse, dando-lhe um sorriso mais sincero, e ele a parabenizou de maneira genuína, sem qualquer sombra de rivalidade.
Jasmine, percebendo o olhar de Namael e a tensão em torno de Naveen, fez um movimento inesperado, tentando aliviar o ambiente.
— Ei, que tal uma pizza? — Ela sugeriu, o sorriso voltando ao seu rosto. — Eu e o Mael vamos para casa agora, e mamãe vai adorar ver você, Veen. Você deveria vir.
Naveen a olhou surpreso. Ele sabia o quanto Marina o via como um filho, assim como Jasmine era uma filha para Alec. A ideia de ir à casa dela não o incomodava, mas ele não podia deixar de notar que, mais uma vez, Jasmine estava tentando suavizar a rivalidade silenciosa entre ele e Namael, uma tentativa de reconciliar algo que nem ele mesmo sabia como chamar.
— É claro que ela vai adorar me ver, ela me ama — Naveen respondeu com um sorriso cínico, mas seus olhos estavam mais suaves agora, como se a proposta tivesse despertado algo dentro dele. — Bom, quem sou eu para recusar uma pizza com você?
Passou os braços pelo ombro da garota e bagunçou seus fios loiros.
Namael, que não perdeu uma palavra da conversa, olhou para Jasmine, e depois para Naveen, com uma expressão que misturava cansaço e paciência. Sabia que essa era uma tentativa dela de unir os dois, mas também sabia que seria difícil fazer com que as coisas acontecessem de forma fácil.
— Eu diria que você deveria vir, Naveen. — Namael falou, sua voz sem malícia, mas com um tom de seriedade. — A pizza é boa, e minha mãe sempre tem algo para nos contar.
Jasmine, então, deu um leve empurrão no ombro de Namael, com um sorriso travesso.
— Viu? Até o Namael concorda. Vai ser divertido. — Ela disse, sabendo que a verdadeira diversão estava nas pequenas situações como aquela, onde ela conseguia fazer com que a tensão entre os irmãos diminuísse, nem que fosse por um momento.
Naveen deu um último olhar para a pista de corrida, um lugar onde ele sabia que sempre se sentiria no controle. Mas, por um momento, deixou a competição de lado e pensou em ir. Afinal, era raro passar tempo com Jasmine e Namael fora das disputas. Talvez, apenas por aquela noite, fosse bom esquecer quem era o melhor.
— Tudo bem, vou com vocês. — Ele aceitou, e a tensão entre os três pareceu diminuir, mesmo que por um breve momento.
Eles caminharam juntos para o carro, a noite ganhando uma nova dimensão de possibilidades. Para Naveen, a ideia de estar com a família de Jasmine era algo diferente, mas ao mesmo tempo, familiar. Ele sabia que Marina o acolheria como sempre, como um dos seus. Para Namael, o simples ato de estar junto com Jasmine e Naveen parecia uma tentativa de reparação, uma tentativa de trazer todos para mais perto, como se isso fosse possível.