Trilogia Eventyr - Livro III: O exército de Leone está tomando todos os reinos de Monterra e Nebro é o único reino que ainda não foi dominado. Beatriz, Alexis, Neandro e os outros terão que fazer o possível e o impossível para proteger a Capital de Monterra das mãos de Leone antes que não exista mais uma única estrutura de pé. Entre encontros, desencontros, reencontros e perdas Beatriz também terá que achar o caminho que a levará para seu destino. Ela terá que escolher se volta para casa ou se fica em Monterra. Muitas emoções estão reservadas neste desfecho da trilogia "Eventyr".
Leer másParecia que estávamos ali há séculos, mas tinha apenas uma semana. Uma longa e cansativa semana. Talvez mais longa e cansativa para mim, pro Alexis, o Tales e a Thalisa do que para qualquer outro que estivesse por ali.
Estávamos de guarda no porto, esperando o ataque que havia sido previsto para breve. Iríamos por em prática o plano que havíamos criado há algum tempo. Esperava não ter que utilizá-lo. Não apenas por Monterra, mas por conta do cansaço que eu me encontrava. Tínhamos criado um sistema de revezamento, mas há dois dias que eu, Alexis, Tales e Thalisa estávamos sem descansar direito.
Cosmo, Neandro e Nicardo ficaram no castelo, caso algum imprevisto acontecesse. Talvez eles estivessem mais descansados do que nós. Eles seriam mais úteis aqui do que no castelo. Levinda e Camila também estavam no castelo por motivos de segurança.
Tentava manter o foco a todo custo. Era difícil, mas estava conseguindo. Andar de um lado para o outro e jogar copos de água gelada no rosto ajudam um bocado a ficar acordado. Alguns comerciantes que ainda continuaram a morar próximos ao posto nos ajudavam dando alimentação, apesar do prejuízo.
Todos os homens – e algumas mulheres – que estavam no esconderijo de Tales em Padja foram trazidos para a Capital. Ficaram apenas as crianças e um pequeno grupo de mulheres que não quiseram abandonar seus filhos ou não estavam preparadas para uma guerra.
O cansaço me dominou e acabei não suportando mais e resolvi me deitar um pouco. Fechei os olhos, mas tentei ficar atenta a tudo o que estava acontecendo ao meu redor. Não poderia me deixar levar pelo sono também. Mas quem consegue lutar contra isso quando se está próximo ao seu limite?
– Eles estão chegando! – ouvi uma voz perto de mim.
Demorei um pouco para entender o que aquele aviso significava. E se eu continuasse deitada no canto sem fazer nada acabaria morrendo sem saber o que me atingiu.
Levantei como um relâmpago. Um pulsar de energia dentro de mim acabou me revitalizando para a batalha que estava prestes a começar, exatamente como havia sido previsto.
Homens de armadura preta descem aos montes de vários barcos que chegam bem próximos ao porto. Estávamos todos prontos para a batalha. E eles também.
– Leone não parece estar entre eles! – disse a Tales que estava do meu lado.
– Não creio que ele apareça tão cedo. – Tales estava apenas esperando pelo primeiro ataque – Leone só irá aparece quando as batalhas menores acabarem. Ele nós quer sozinhos.
Antes que todos os “homens de preto” terminassem de entrar no porto o nosso plano foi descoberto. Saímos todos dos nossos esconderijos e começamos o ataque. Obviamente os homens de Leone revidaram.
Alguns homens me cercaram e começaram a me atacar. Não tinha muito tempo para tentar lançar alguma magia, por isso apenas me defendi da melhor maneira que pude até Alexis e Tales aparecerem para me ajudar.
Continuamos apenas nos defendendo dos golpes. Revidamos algumas vezes, mas estávamos esperando o momento certo para começar a atacar de verdade.
Tales e Alexis estavam se dividindo, atacando em parceria. Eu e Thalisa começamos a fazer o mesmo.
Atacamos dois deles com golpes na altura do estômago. Tentamos atingir as cabeças, mas eles as protegiam muito bem e sempre conseguiam desviar os golpes. Reparei que Alexis e Tales estavam tendo a mesma dificuldade.
Pouco depois finalmente consegui me distanciar da batalha e voei até alguns metros para analisar a batalha de um modo mais amplo. A batalha estava favorável para o nosso lado. Os homens de Leone pareciam inexperientes e estava sendo muito fácil de derrotá-los. Poucos homens que estavam no nosso grupo foram atingidos e a maior parte deles haviam sido feridos de raspão.
Comecei a jogar algumas bolas de fogo e água em alguns homens de Leone, que caiam como se não tivessem ossos, todos desconjuntados. E todos mortos. Ou pelo menos muito feridos para levantarem. E isso era muito estranho.
O que Leone pretendia mandando homens tão despreparados? Isso, sem dúvida alguma, não era apenas uma escalação ruim. Será que Leone estava obrigando seus prisioneiros a lutarem? Será que todos essas pessoas com quem estávamos lutando eram pessoas inocentes, vitimas de Leone?
– Alexis! – gritei enquanto voltava para o chão – Acho que estamos cometendo uma atrocidade!
– O que você está falando? – Alexis perguntou assustado.
– Esses homens... Olhe como eles morrem com facilidade! – disse desesperada.
– Sim, eu reparei nisso também e estranhei. São inexperientes demais para uma batalha como essa. – Alexis tentava se esconder. Só então reparei que ele estava com um ferimento na mão direita.
– O que foi isso? – perguntei quase gritando.
– Não foi nada. – Alexis orgulhoso como sempre.
– Nada não, isso é alguma coisa sim! – o ajudei a se esconder.
– Foi apenas um golpe de raspão. O soldado me atingiu por sorte. – Alexis segurava a mão.
Realmente o corte não parecia nada de grave, mas ele estava impossibilitado de usar espadas. Daquela família o único que sabia usar com perfeição espadas segurando apenas com a mão esquerda era Neandro, que não estava ali. Peguei uma faquinha que estava pendurada em minha cintura e rasguei um pedaço da roupa de Alexis.
– O que você está fazendo? – Alexis gritou zangado.
– Um curativo de emergência nesse corte. – respondi amarrando o tecido na mão de Alexis.
– Ai! – ele resmungou quando apertei o nó – E tinha que ser com a minha roupa? Por que não tirou da sua?
– Quer parar de reclamar? – usei da mesma arrogância – Achei que você já tinha aprendido a ser mais agradecido, mas parece que você continua o mesmo príncipe autoritário e arrogante de sempre.
– O que vocês estão fazendo ai? – Tales nos descobriu – Essa não é a hora para ficar de namorico.
– Nós não estamos de namorico. – Alexis disse bufando.
– Também é uma péssima hora para discutir relacionamento. – Tales aproveitou o esconderijo para recarregar energia.
– Alexis se cortou e eu estava cuidando do ferimento. – respondi com a tranquilidade que a situação permitia. Ou seja, nenhuma.
– Mas você estava falando sobre os homens de Leone? – Alexis voltou ao assunto inicial.
– Vocês também notaram que eles estão morrendo com facilidade? – Tales perguntou.
– Isso não é estranho demais? – perguntei.
– Sim isso é...
– Tales cuidado! – Alexis interrompeu Tales.
Um soldado estava vindo em direção a Tales, que conseguiu desviar a tempo. Tales derrubou o homem com um golpe nas costas e o segurou pelo braço.
– Mas o que é isso? – Tales disse completamente confuso.
Tales jogou o soldado no chão e arrancou seu capacete. Todos nós levamos um grande susto com o que vimos em seguida. A armadura estava vazia. Completamente oca.
No mesmo instante mesmo instante todas as armaduras que estavam lutando caíram inanimadas no chão, se desmontando inteiras. Todas tão ocas quanto a que havíamos visto. Uma fumaça negra começou a dissolver as armaduras até que todas elas desapareceram.
– Mas o que foi isso? – Alexis perguntou confuso.
– Armaduras enfeitiçadas! – Tales falou para ele mesmo e depois repetiu gritando com um tom de ódio – Armadura enfeitiçadas!
– Enfeitiçadas? – perguntei.
– Claro, como não desconfiei antes? – Tales continuava com o tom de ódio – Era para se esperar que Leone fosse brincar com a nossa cara com esse tipo de truque!
– Mas do que ele está falando? – perguntei a Alexis.
– Armaduras enfeitiçadas eram muito usadas em épocas de guerra. – Thalisa se aproximou – Elas eram usadas com o objetivo de distrair o inimigo e cansá-lo, assim quando houvesse o ataque real todos estariam cansados demais para lutar e seriam facilmente vencidos.
– Já aconteceram casos de batalhas onde os dois reinos mandavam armaduras enfeitiçadas para guerrear, o que acabava causando um grande constrangimento por ambas as partes. – Tales começava a se acalmar – Esse truque acabou deixando de ser usado por conta da facilidade em que se descobria a armação, fazendo com que os soldados que estavam sendo atacados ignorarem a presença do falso exército.
– Mas eles deixavam as armaduras atacarem e não faziam nada? – perguntei.
– As armaduras só atacam se forem atacadas. – Thalisa explicou – Elas não tem inteligência e apenas reagem da mesma maneira em que o ambiente onde ela se encontra está. Se esse ambiente estiver em guerra, ela ficará em guerra. Se estiver em paz, ela ficará em paz.
– E nós fomos os idiotas que caímos no truque mais velho que existe! – Tales voltava a ficar com ódio.
– Vocês estão querendo dizer que toda essa batalha foi em vão? – perguntei assustada.
– Infelizmente. – Thalisa baixou a cabeça – Provavelmente Leone queria nos distrair e nos cansar, como nos tempos antigos.
– E agora? – estava sem ação.
– Bem, não podemos deixar de vigiar. – Alexis continuava segurando a mão – Leone pode ter armado esse truque para nós pensarmos que ele começará a invadir em outra parte da Capital.
– E pode também ter planejado esse falso ataque para que nós pensássemos que ele queria nos afastar daqui pra justamente atacar em outro local. – Thalisa mostrou a outra possibilidade.
– Acho que o melhor agora é pensarmos com calma em nossos próximos passos! – Alexis estava mais calmo.
– Espero que não aconteça mais nenhuma surpresinha hoje. – Tales também havia se acalmado – Caso contrário nem eu, nem vocês e nenhum dos meus soldados resistirão. Estamos todos exaustos. Fomos levados aos nossos limites nessa brincadeirinha.
– Mas esse falso ataque não foi tão ruim assim. – Thalisa era quem estava mais centrada – Agora nós já sabemos que Leone pode querer “brincar” mais um pouquinho com todos nós. Mas se isso acontecer já estaremos preparados e atentos para o verdadeiro embate entre as nossas tropas com as de Leone.
– A Thalisa está certa! – tentei não parecer nervosa – Temos que aproveitar o dia de hoje e tomar como um aprendizado. Eu nunca participei de uma guerra antes, mas tenho certeza de que agindo desta forma estaremos mais preparados para lutar.
– Beatriz tem razão. – Alexis deu um sorriso tímido – Tudo o que precisamos agora é prestar mais atenção e reforçar nossa vigilância para que isso não aconteça novamente.
– Agora acho melhor...
– Senhor, senhor – um dos homens de Tales o interrompeu – Rápido. É o Acelo.
– Não diga que...
Tales olhou para o rosto do rapaz que o devolveu com um olhar de que não tinha boas notícias. Tales colocou as mãos na cabeça e respirou fundo. Ele olhou para nós como se procurasse uma saída. Só não conseguia entender se ele queria que nós déssemos uma saída pra ele ou se ele procurava uma saída para engabelar-nos.
– Podemos ajudar em algo? – perguntei.
– Não! – ele falou em um tom alto e desesperado.
– Mas se for o que estou pensando...
– Seja lá o que você está pensando, não! – Tales falou um pouco mais baixo – Eu não quero que ninguém venha atrás de mim.
– Mas Tales...
– Beatriz, não! – Tales estava nervoso.
– Será que ao menos podemos saber o motivo? – Thalisa perguntou preocupada.
– Não! – ele voltou a falar alto – Será que vocês não podem respeitar o meu pedido?
– Tales, isso que você está fazendo não faz sentido. – Alexis se aproximou – Nós sempre lutamos juntos e sempre nos ajudamos. Sempre. De repente você não quer que nenhum de nós vá ajudar seu soldado. Por quê? Nós não iremos matar seu soldado.
– Alexis! – dei um beliscão nele.
– Ai! – Alexis resmungou – Não precisa disso.
– Alexis, Beatriz, Thalisa. Não é nada disso. – Tales se acalmou – Se a situação fosse outra eu até permitiria, melhor, adoraria ter a ajuda de vocês.
– Então por quê? – Thalisa perguntou.
– Eu não posso dizer a vocês o motivo. – ele parecia realmente triste em não poder aceitar nossa ajuda – Talvez, um dia, eu possa contar tudo a vocês.
– Conte agora! – Thalisa insistiu – Não há razões para esconder de nós seja o que for.
– Acredite, há razões! – Tales olhou triste para todos nós.
– Senhor, é melhor nos apressarmos. Já vai começar a anoitecer. – o soldado de Tales o apressou.
– Eu juro que eu irei contar quando for a hora. – Tales respirou fundo – Por enquanto eu peço apenas que respeitem minha decisão de tomar conta dos meus soldados sozinho.
– Se não existe outro jeito. – segurei nas mãos dele – Vá. Iremos te esperar na casa de Neandro, tudo bem.
– Obrigado! – Tales sorriu.
Tales e o soldados correram tão rápidos que nem pareciam ter ficado quase dois dias sem dormir e ainda participado de uma batalha, mesmo que não tenha sido tão longa quanto esperávamos que fosse.
– O que será que ele está escondendo de nós? – Alexis perguntou.
– Não sei. – respondi – Honestamente, eu não sei. Mas senti que ele está muito angustiado.
– Você não consegue mais ver o que se passa na mente dele? – Alexis ficou curioso.
– Não. E espero nunca mais conseguir isso. É horrível você saber o que passa na mente das pessoas.
– Nunca pensei que diria isso, mas gostaria que o cabeça de pedregulho estivesse aqui! – Alexis gostava mesmo de zoar com Nicardo. Aprendi a ignorar.
– Eu não sei o que pode ser, mas não estou gostando nada dessa história. – Thalisa continuava fitando o Tales levando o seu soldado para dentro de um dos estabelecimentos que foram abandonados.
– Confesso que essa história também não está me agradando. – disse em um tom mais baixo que o de costume – Acho que temos motivos para ficarmos bem preocupados.
– O que foi que você disse? – Alexis perguntou.
– Nada. – balancei a cabeça – Estava apenas pensando um pouco. Vamos?
– Vamos! – Alexis e Thalisa responderam juntos.
Seguimos para a casa de Neandro já planejando como iríamos contar o que aconteceu – isso é, se ele já não ouviu de outra pessoa. Não sabíamos se contávamos ou não da atitude de Tales em esconder-se e não deixar que ninguém ajudasse a cuidar de seus soldados. Talvez nem fosse preciso, o próprio com certeza falaria em outra ocasião.
Chegamos a casa de Neandro no meio da noite. Fiquei o tempo inteiro com o coração apertado – e os pulmões também, mas isso era por outro motivo. Tinha algo de muito grave acontecendo, isso eu podia sentir. Tales estava escondendo um segredo muito grande e provavelmente muito doloroso. Mas o que seria?
Fiquei durante algum tempo observando a cena. Aos poucos Leone parecia estar se dissolvendo, mas algo ainda o matinha inteiro. O cristal brilhava, bem forte, e quase não conseguia enxergar o que estava ao redor. – O que está esperando? – Leone gritou – Acabe logo comigo! – Você jamais iria mudar! – não sei por que disse isso. Talvez já tenha ouvido tanta coisa parecida em filmes que quis fazer igual. – Mudar? Sério? Beatriz, que decepção! – Leone tentou gargalhar, mas não conseguiu – Tenha mais respeito pela minha pessoa. Acabe logo com isso. Me destrua de uma vez! Faça o que sempre disse que iria fazer! Só então notei, ou melhor, senti que o que mantinha Leone era o meu poder. Eu o estava desintegrando e eu que estava segurando-o neste mundo ainda. De fato era hora de terminar o que tinha começado. – O que aconteceu? – Leone gritou – Está com medo? – Cale a boca, Leone! – respondi. O cristal que tinha aparecido em cima de Leon
Leone ergueu as mãos e vários buracos no chão apareceram ao lado das gaiolas. Com outro movimento ele foi levando as gaiolas para dentro dos buracos, que foi caindo lentamente. Os buracos se fecharam com um último gesto de Leone. – O que você fez com essas pessoas? – perguntei. – Por enquanto nada. – Leone agora andava pelo salão vazio – Eu estou apenas guardando para quando chegar a hora de me livrar de pesos indesejáveis. – Você é um monstro. – falei. – Sou apenas um mal compreendido. Tudo o que estou fazendo é para o bem de Monterra. – Talvez você não seja mesmo um monstro. – Amadeus falou com fúria – Só um louco mesmo. – De você eu não permito esses tipos de abuso! – Leone iniciou um gesto, mas se interrompeu – Acho melhor começarmos a nossa brincadeira. Leone desapareceu. – Cretino, covarde! – Alexis gritou – Está fugindo maldito? Volte e brigue feito homem! – Alexis... – tentei dizer algo. – Vejam!
Sem dúvida alguma aquela seria uma cena que guardaria para o resto da minha vida. Nunca imaginei que um momento tão triste pudesse ser também um momento tão belo. Rei Célio havia partido de forma honrosa. E agora eu sabia que não poderia deixar mais ninguém morrer em vão. Eu precisava acabar com Leone. E precisava fazer isso rápido. Não sei dizer por quanto tempo ficamos naquele jardim. A Rainha Alina ainda estava desacordada, mas parecia bem melhor deitada ao lado das flores e sobre a sombra de uma árvore. Talvez ela tenha sentido a essência do Rei Célio tomando conta do lugar. Neandro resolveu deixar a Rainha no jardim. Não estava tão certa de que seria seguro deixá-la daquele jeito, mas Neandro parecia confiar bastante no que estava decidindo. – Eu me sinto péssima. – disse – Deveria ter chegado a tempo. – Não foi sua culpa, Beatriz. – Neandro parecia bem mais calmo – Acredito que era para ser assim. Infelizmente. – Mas eu estava vendo tudo
A minha dor em ver o Rei Célio morto só não era maior que a dor que eu vi nos olhos de Neandro. Ele estava completamente arrasado. Mas arrasado do que eu poderia imaginar – se é que algum dia eu fosse imaginar algo tão cruel. A Rainha Alina estava viva, eu podia sentir. Reparei que ela não estava jogada como quando vi pelo espelho. Ela parecia ter sido posta de uma forma mais confortável. Provavelmente Neandro a deixou daquele jeito antes de correr em direção ao corpo do pai. Leone estava fazendo um trabalho manual. Depois de jogar coisas e pessoas ao vento apenas com o estalar de dedos achei que tivesse se esquecido. Ele pegava o trono que havia sido jogado para o outro lado da sala e colocava em seu lugar. Provavelmente ele queria sentir o prazer de fazer isso com as próprias mãos. Depois de colocar o trono no lugar, Leone seguiu em direção ao corpo do Rei Célio. Neandro tentou pará-lo, mas foi em vão. Leone esticou a mão e segurou Neandro pela cabeça, faze
As chamas logo se apagaram. Não conseguia ver se foi algum tipo de defesa do castelo ou se havia sido Leone que estava brincando com a cara deles mais uma vez. Mas era bem provável que fosse as duas coisas. Tentei desesperadamente sair daquele lugar. Era muita crueldade me fazer assistir aquilo sabendo que eu estava de mãos atadas. Mas mesmo sabendo que já havia feito de tudo, continuei tentando achar uma forma de voltar para Monterra. Tentei novamente magia, tentei encontrar passagens e tive que resistir ao impulso de pular para cima do espelho. Nada funcionava. Eu estava condenada a ver a Capital sendo destruída e não poder fazer nada para ajudar. Neandro, Tales e Cosmo estavam fazendo a defesa, enquanto Lifa e Thalisa faziam a retaguarda. Vários soldados estavam espalhados em pontos estratégicos, atacando cada avanço que Leone e seu exército davam. Leone brincava no céu com seu cavalo alado feito de sombras. Mas ele não parecia estar se divertindo.
Fiquei algum tempo fitando o espelho. Estava me sentindo ridícula, mas se fosse o que eu desconfiava ser eu teria um conforto enquanto não fosse liberada daqui. Bati de leve no espelho, esfreguei, tirei do lugar e nada. Ele continuava exatamente o mesmo espelho velho de sempre – talvez não tão velho já que aquele não era o meu espelho. Resolvi arriscar. – Alexis? – falei – Se for você que está me observando através deste espelho, faça algo. Eu preciso de algum tipo de confirmação. Qualquer coisa. – não obtive resposta. Tentei novamente encontrar algo que me desse à confirmação que precisava, mas não havia um único sinal suspeito. A única pista que tinha era a sensação guardada em meu peito de que era mesmo o Alexis que estava me observando. Talvez esse fosse o sinal. – Alexis, eu espero que esteja bem. – comecei a falar – Estou me sentindo tão sozinha sem você. Leone está me mantendo prisioneira, mas acho que já sabe. Eu te amo muito, nunca se
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