Falcão
Saí do quarto puto. Minha mãe tinha que aprender a fechar a porra da boca antes de falar merda. Desci as escadas ainda fervendo de raiva e fui direto pra cozinha pegar um copo d’água, tentando esfriar a cabeça.
Sombra tava na sala, largado no sofá, com um baseado na mão. Ele me olhou e soltou um riso debochado.
— Qual foi, patrão? Tá com a cara de quem quer matar um.
Joguei o copo na pia e me encostei na parede, cruzando os braços.
— Minha mãe enchendo o saco. Meteu o louco pra cima da Lara, falou que ela quer dar golpe da barriga.
Sombra riu de canto.
— Ué, e tu já não falou essa merda também?
Revirei os olhos.
— Já, mas uma coisa é eu falar. Outra é os outros.
Ele gargalhou.
— Ah, agora entendi. Tu pode chamar de vagabunda, mas se alguém falar, o bagulho fica doido?
Peguei o beck da mão dele e dei um trago, sentindo a fumaça acalmar meu peito.
— A mina tá carregando meu filho, porra. E eu falei merda no calor do momento. Agora já era, é minha responsa.
Sombra balançou a cabe