Narrado por Catarina Smirnova
O quarto estava mergulhado em penumbra, mas dentro de mim só existia tempestade.
Andava de um lado para o outro, os saltos ecoando no piso de mármore como tiros abafados. A cabeça latejava, o coração parecia querer explodir no peito. Dmitri Volkov havia me humilhado. Na frente de todos. Na frente dos médicos, dos seguranças, do mundo.
Minhas mãos tremiam, e o gosto metálico da raiva queimava a minha boca. Ele não apenas terminou comigo, ele me descartou como se eu fosse um erro. Uma mancha. Uma peça fora do tabuleiro.
O Don dos Volkov.
O homem que deveria ser meu marido.
Agora me jogava fora por causa de outra.
A porta se abriu devagar, e Yakov Smirnov entrou. Ele sempre tinha aquela presença que dominava qualquer espaço, mas dessa vez eu senti a rigidez em seus ombros, a tensão no maxilar. Ele sabia que algo havia acontecido.
Yakov: — Catarina… o que houve?
Olhei para ele, e por um instante as lágrimas ameaçaram cair. Mas não eram de dor. Eram de ódio.
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