Grávida do CEO
Grávida do CEO
Por: Valentina Cruz
Capítulo 1

O sol penetrava pelas frestas das cortinas pesadas de veludo, e tingia o quarto de um dourado suave. Ela abriu os olhos lentamente, sentindo a cabeça latejar como se mil martelos batessem dentro do seu crânio. O gosto amargo e a sensação de boca seca a fizeram gemer. Era uma ressaca daquelas, a primeira de sua vida.

Com esforço, ela se sentou na cama, sentindo a suavidade dos lençois de seda contra sua pele nua. Seu coração acelerou. Por que estava nua?

O quarto ao seu redor exalava riqueza. Ela observou, ainda confusa, um enorme tapete peludo ao pé de uma lareira! “Uau, uma lareira” se espantou. Ela sentiu o quarto tão quentinho, apesar de estarem em uma semana de frente fria de outono, e adorou a existência da lareira… “As casas de São Paulo não costumam ser muito preparadas pro inverno. Como é bom uma lareira pra deixar tudo bem quentinho.” Como viu que estava sozinha, se levantou nua mesmo e caminhou até a grande janela do quarto. Afastou um pouquinho a grossa cortina e espiou pela fresta o sol recém nascido e a vista panorâmica deslumbrante da cidade.”Uau” pensou de novo.

“Mas onde, exatamente, será que eu estou?”

Atenta e levemente desconfiada, começou a observar o ambiente com mais detalhes. Uma enorme televisão de tela plana pendia na parede oposta à cama, fazendo parte da decoração. Na tela, a réplica digital do popular quadro Noite Estrelada. “Hmm, um pouquinho clichê” pensou ela, julgadora. À frente da televisão uma elegante poltrona de couro branco e uma mesa de vidro com pés de metal retorcidos. “Hmmm a poltrona é imponente e a mesa parece antiga. São bonitos” Ao notar melhor a poltrona ficou vermelha com lembranças vagas que não pareciam pertencer a ela.

Tentando focar, flashes da noite anterior começaram a emergir de sua mente enevoada. Aquela poltrona... Teria sido sonho ou realidade? Ela havia se deixado beijar — profundamente. Imagens em flash… Pipocaram na sua mente, levemente desconexas. Corou ao lembrar. E depois? O que teria acontecido? Finalmente terminou de acordar e lembrou-se de quem era, mas ainda não fazia ideia de onde estava.

Se esforçando, conseguiu recordar um pouquinho da festa. Um local barulhento e cheio de luzes piscantes. Nada agradável. Ela realmente não tinha vocação pra frequentadora de festas. Tinha ido por insistência da melhor amiga. Era a despedida de solteiro dela, e, apesar de ter uma natureza bastante reservada, não podia recusar o pedido da melhor amiga. Era uma despedida de solteira, afinal. E ambas as amigas esperavam que fosse a única. Ana era romântica. E levava a idéia de um casamento muito à sério. Mas amava uma boa celebração.

Já Rafaela, não era acostumada a beber, nem a frequentar bares e baladas, mas o motivo da festa, sua amiga tão feliz, querendo comemorar com brindes insistentes, fizeram-na baixar a guarda.

Logo, estava se sentindo leve e um pouco atordoada. Ainda conseguia se lembrar dos lindos olhos de um homem que a observava com intensidade. Mas… Quem será que era ele? Como ela havia terminado ali?

"Acho que me empolguei um pouquinho... Céus... o que era aquela batida colorida que estávamos brindando... Meu deus… Docinha e deliciosa... acho que perdi a conta depois do terceiro copo"

Ao olhar para baixo e notar novamente sua nudez, sentiu um misto de vergonha, espanto e medo. Seu estômago revirou. Será que...? A cabeça doía demais para que ela pudesse pensar com clareza. Precisava de um banho. Urgente. para se recompor e entender o que estava acontecendo.

Com um esforço considerável, levantou-se e se dirigiu ao banheiro. Seu corpo estava inteiro dolorido. Ela sentia como se tivesse corrido uma maratona.Caminhou até o banheiro, onde a luz a cegou por um segundo. O frio do chão de mármore a fez estremecer.

Entrou no banheiro e soltou um “Oh” com a boca bem redonda de espanto. O banheiro era um oásis de luxo moderno. Mármore branco do chão ao teto, uma banheira redonda e espaçosa e uma ducha de vidro temperado. Um luxo com o qual ela jamais sonhara. Ela ligou o chuveiro, apreciando a pressão da água. Regulou a temperatura bem quente, do jeito que ela mais gostava. O vapor começou a se espalhar pelo ambiente. Entrou no box, deixando a água quente correr por seu corpo.Queria lavar mais do que o suor ou a sujeira - queria lavar a confusão e a ansiedade que sentia. A água ajudou a clarear um pouco seus pensamentos, embora as memórias ainda estivessem fragmentadas. Notou e experimentou os sabonetes perfumados e um xampu maravilhoso que deixou seu cabelo super macio.

Depois do banho, olhou para aquela banheira redonda, tão convidativa e pensou: "Bem, já que estou aqui… Porque não aproveitar ao menos um pouquinho, né?"

Apesar da cabeça meio rodando, escolheu alguns sais de banho na bancada e preparou um banho digno de cinema e mergulhou na água perfumada, coberta de espuma branca. Um prazer reconfortante.

"Ai, que delícia, poderia me acostumar com isso... Mas nossa, o que foi que aconteceu, minha cabeça parece que vai explodir...."

Depois do banho, enxugou-se com as maiores e mais macias toalhas que já havia visto. Secou cada parte do corpo com delicadeza, apreciando o toque do tecido, se livrando um pouquinho do peso da noite anterior.

Envolta na toalha procurou por suas roupas e as encontrou dobradas e dispostas cuidadosamente no closet. Alguém tinha feito aquilo. Alguém a despira. Alguém a vira nua. Vestiu-se rapidamente sentindo sua face corando totalmente mais uma vez.

Suas memórias estavam confusas e ela tentava juntar as peças de um quebra-cabeça incompleto e fazia o máximo possível para evitar um ataque de pânico. Lembrou-se das risadas, das danças, dos drinks... e daqueles olhos penetrantes que a observavam com interesse. Mas, quem era ele? E por que ela estava naquele quarto?

Reparou então em uma bandeja colocada na mesinha da ante sala da suíte. Água de coco, suco de laranja e um café da manhã reforçado com pães, queijo, ovos, bacon estavam caprichosamente dispostos em uma bonita louça e enfeitados com flores.

"Bacon no café da manhã é um hábito que nunca vou achar normal" pensou torcendo o nariz por causa do cheiro forte. Seu estômago embrulhou devido à ressaca e ela não quis tocar na comida, mas a água de coco ela sorveu com vontade, sentindo sua garganta ressecada recebendo aquele líquido dos deuses com gratidão.

Com problemas mais sérios para resolver, decidiu sair logo dali e voltar para sua casa. Esse mistério teria que ficar pra depois. A vida urge e esse seria um dia muito importante. Pegou suas coisas e deixou o quarto. Descendo pelo elevador espelhado, notou que estava no último andar do hotel... O elevador levava direto à ante sala e só poderia ser acionado, por fora, através de uma senha. Mas para sair bastava apertar o botão, e assim ela fez.

Ela viu seu reflexo e pensou abatida em como isso poderia ter acontecido, logo com ela que era sempre tão reservada e nunca foi de sair para festas ou ficar com desconhecidos. Até hoje Rafa só tinha tido um namorado. Aquele homem sem coração a abandonou depois de seduzí-la e conseguir o que queria. Ele a trocou por outra e ela nunca se recuperou dessa traição. Desde então passou a ter uma grande dificuldade de confiar nas pessoas, principalmente do sexo oposto.

No saguão, quando ela passou, o porteiro a cumprimentou com um sorriso educado, como se fosse uma cliente habitual. Ela retribuiu o sorriso, bastante sem graça, mas fingindo costume, ainda tentando processar tudo o que havia acontecido. Achou melhor não fazer nenhuma pergunta e apenas sair o quanto antes dali. Chamou um carro pelo aplicativo, ansiosa para deixar aquela manhã estranha para trás e tentar entender como sua vida havia virado de cabeça para baixo em uma única noite.
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