Narrado por Viviane
Era uma noite abafada. Daquelas que o ar parece pesar no pulmão. Mas pra mim, era perfeita. No calor, as pessoas ficam mais descuidadas. Mais lentas. E eu precisava de um momento exato entre a escuridão e o silêncio pra executar o próximo passo.
Carolina chegou no meu apartamento com uma sacola nas mãos e um sorriso no rosto. Jogou a bolsa no sofá, como se estivesse em casa.
Carolina: — Eu comprei a roupinha. Igual àquela da foto antiga que você me mostrou. A mesma estampa, o mesmo modelo. Só mudei o tamanho.
Viviane: — E o sangue?
Carolina: — Tinta teatral. Parece real. Eu testei no meu braço. Seca com aquele aspecto grudento. É horrível. Perfeito.
Peguei a sacola e olhei a peça minúscula. Era um macacão branco com desenhos de ursinhos azuis. Simples. Infantil. Inofensivo… se não estivesse com manchas vermelhas manchando o tecido, parecendo que alguém tinha deitado nele após um ataque.
Viviane: — Ela vai surtar quando ver isso.
Peguei também a chupeta que já estav