Letícia
Trinta dias.
Quatro semanas.
Vinte e oito noites fingindo que nada tinha mudado. Mas tinha. Meu corpo gritava. Meus seios doíam, meu humor oscilava como maré de ressaca e a comida… ah, a comida me dava nojo, fome e raiva ao mesmo tempo.
Eu tentava acreditar que era psicológico.
Que o enjoo era nervoso. Que a tontura era só estresse. Que o atraso… bom, era só mais um daqueles sustos que a vida dava de vez em quando.
Mas ontem, quando eu desci pra comprar sabão e dei de cara com a prateleira da farmácia, encarei os testes de gravidez como se estivessem me encarando de volta.
Comprei quatro.
Não por precaução. Mas porque eu sabia que não conseguiria acreditar só com um.
Esperei o Gustavo sair de casa. Disse que ia resolver um problema da empresa com o contador. Quando a porta bateu, tranquei. Fui direto pro banheiro com a alma na garganta.
Abri uma caixa.
Fiz o teste com a mão trêmula.
Esperei.
Dois minutos.
Três.
Quatro.
Duas linhas.
Abri o segundo.
Duas linhas.
Terceiro. Quarto