Narrado por Bianca
Pedi que chamassem ele no fim da tarde. Queria que o céu estivesse escurecendo quando ele chegasse — uma coincidência simbólica que combinava com o que aquela conversa representava. Porque quando o dia morre, a sombra cresce. E ele sempre foi isso: sombra. Pressão. Silêncio disfarçado de estabilidade.
A porta se abriu devagar.
Noah entrou com a mesma postura impecável, camisa dobrada até o antebraço, cabelo arrumado como se nada tivesse acontecido. Os olhos dele varreram o quarto em segundos antes de pousarem em mim.
Ele esperava a minha rendição. Esperava um "sim" frágil, desesperado. Talvez até esperasse que eu chorasse.
Mas não era isso que ele ia encontrar.
— Senta, — falei, apontando a cadeira à minha frente. Não pedi. Não implorei. Ordenei.
Ele se sentou. Silencioso. Observador. Como um predador analisando os movimentos da presa.
Mas naque