Narrado por Bianca
A chuva caía fina quando encontrei abrigo em uma pensão no centro velho da cidade. A fachada era desgastada, as letras da placa já apagadas pelo tempo, e a recepcionista nem ergueu os olhos quando entrei. Era exatamente o tipo de lugar que eu procurava: discreto, barato, esquecido. Paguei adiantado com as últimas notas que tinha e subi as escadas rangentes até o quarto 206, carregando o peso da barriga e da fuga. O quarto era pequeno, úmido, e cheirava a mofo, mas era o lugar mais seguro onde já estive nos últimos meses. Uma cama de solteiro encostada na parede, uma cômoda descascada, uma janela trancada com grade por fora. Mas o silêncio… o silêncio me abraçou como não fazia há muito tempo. Joguei minha mochila no canto e sentei com cuidado, as mãos apertando a barriga. Estava enorme. Dura. Tensa. O bebê se mexia com força, como se também sentisse que algo se aproximava. As dores começaram como fisgad