CAPÍTULO 53 - O sangue sagrado II
Emmy Zack
Passar a noite na caverna não foi o problema. O verdadeiro tormento foi mais uma sequência de sonhos vívidos, sobre a guerra que Daha’ch enfrentou.
Acordei várias vezes com a respiração entrecortada, como se tivesse corrido por campos em chamas ou assistido à morte de um filho. Cada cena, cada perda, latejava dentro de mim com uma dor que não era apenas minha — era dela. Era como se Daha’ch estivesse tão próxima que seus sussurros se impregnassem na minha pele, escorregando por baixo da carne até alcançar minha alma. Como se quisesse me lembrar, me alertar, me preparar.
Depois de cavalgarmos por horas em silêncio, a paisagem diante de nós começou a se transformar. Montanhas se erguiam em um abraço colérico e sagrado, separando Ry’Shara do restante do norte. No horizonte, uma cordilheira colossal estendia-se como uma muralha viva. No centro dela, um arco natural moldado pela própria montanha se erguia, coberto por musgo e neblina dourada.
— E