Capítulo 4
Só na tarde do dia seguinte é que Bruno, o assistente de Francisco, me encontrou no laboratório.

— Sra. Laura, o Sr. Francisco gostaria de se encontrar com a senhora esta noite no Restaurante Monsoon.

Fiquei surpresa por um momento.

O Restaurante Monsoon — um lugar que eu jamais esqueceria.

Foi lá que, no nosso aniversário de casamento, ele me deixou esperando a noite inteira porque teve uma reunião de negócios.

Fiquei em silêncio por um longo tempo e, finalmente, assenti.

Ao anoitecer, cheguei ao Restaurante Monsoon.

Francisco já estava sentado perto da janela, vestindo um terno escuro, com o cabelo penteado para trás e usando seus familiares óculos de aro dourado.

Ele levantou a cabeça e me viu, um sorriso apareceu em seu rosto, como se nada tivesse acontecido.

— Laura. — Ele chamou meu nome suavemente com a voz grave e gentil.

Olhei para ele, e meu coração começou a bater descontroladamente.

Veja só, embora eu tivesse decidido abandonar esse relacionamento, os anos de admiração por ele ainda ocupavam minha consciência. Meu coração ainda batia forte ao vê-lo, e minhas bochechas coravam de timidez.

Aproximei-me e sentei-me. Ele puxou a cadeira para mim, um gesto cavalheiresco como sempre.

Francisco olhou para mim com uma expressão complexa:

— Laura, eu quero conversar com você.

— O que você quer me dizer?

Ele me olhou, seu olhar um tanto complicado:

— Laura, eu sei que te negligenciei ultimamente, mas Alice e eu...

Nesse exato momento, seu celular tocou. Era Bruno.

— Sr. Francisco, a Alice cortou os pulsos.

Francisco levantou-se abruptamente:

— O quê?!

Observei sua reação exaltada e senti como se um balde de água fria tivesse sido jogado sobre mim, apagando a última centelha de esperança que eu ainda guardava por ele.

Eu pensei que ele me confessaria algo, algo que me fez entender mal a situação.

Mas o telefonema daquela mulher chegou, e ele ainda se preocupava com ela.

Essa era a explicação dele, era o que ele queria discutir comigo.

— Francisco, pode ir.

Levantei a cabeça, esforçando-me para que minha voz soasse calma.

Ele me olhou, e um traço de dor passou por seus olhos.

— Laura, desculpe. Voltarei o mais rápido possível.

Dito isso, ele se virou e saiu apressadamente.

Olhei para suas costas, sentindo uma dor aguda no peito.

Em seguida, tudo ficou escuro, e eu desmaiei.

Quando acordei, estava em uma cama de hospital.

O médico estava conversando com Bruno, o assistente de Francisco. Ao me ver acordar, ele pareceu surpreso.

— Sra. Laura, você acordou.

Assenti, sentindo um aperto no coração.

Será que ele contaria ao Bruno sobre a minha gravidez?

— Sra. Laura, seu corpo está muito fraco, você precisa descansar bem. — Disse o médico, com um tom sério. — Além disso, você...

Eu suava frio de pânico.

Felizmente, nesse momento, o telefone de Bruno tocou.

— Com licença, é o Sr. Francisco.

Ele atendeu imediatamente e saiu.

Respirei aliviada e chamei o médico:

— Com licença, sobre a minha gravidez, o senhor poderia não contar a eles?

O médico assentiu:

— Claro, é sua privacidade.

Alguns minutos depois, Bruno voltou:

— Sra. Laura, o Sr. Francisco está ocupado com algo, preciso ir.

Dito isso, ele deixou um cartão de crédito:

— O Sr. Francisco pediu que eu deixasse isto para a senhora. Se precisar de algo, é só falar com o médico.

E então, ele saiu apressadamente.

Deitada na cama do hospital, olhava para o teto com o coração amargurado.

Durante minha internação, ouvia frequentemente as enfermeiras cochichando.

— A Alice tem muita sorte de ter encontrado um marido como o Sr. Francisco.

— Sim, o Sr. Francisco é tão bom para ela. Vem visitá-la todos os dias e até prepara sopa pessoalmente.

— Ouvi dizer que a Alice logo dará um herdeiro ao Sr. Francisco.

— Ouvi dizer que ela está grávida de três meses...

Eu ouvia tudo, e meu coração se partia.

A Sra. Silva de quem elas falavam era eu, mas a verdadeira Sra. Silva estava sendo ignorada, desconhecida por todos.

Dias depois, finalmente recebi alta.

Minha primeira parada foi o tribunal, para retirar a sentença de divórcio que já havia sido homologada.

Olhando para a sentença em minhas mãos, respirei fundo, tentando acalmar minhas emoções.

Eu sabia que, uma vez dado esse passo, não haveria mais volta.

Mas também entendia que era a única maneira de me libertar.

Peguei meu celular, liguei para uma empresa de entregas e agendei o envio.

Mas, ao preencher a data de envio, atrasei deliberadamente por três dias.

Eu queria garantir que Francisco só recebesse a sentença depois que eu chegasse à Noruega.

Eu não queria mais vê-lo, muito menos ouvir qualquer notícia sobre ele.
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