— Graças a Deus, você finalmente está fora de perigo. — Disse Letícia, a voz embargada, o nariz úmido de emoção.
O corpo frágil de Beatriz permanecia imóvel, mas naquele instante, a presença de Letícia parecia preencher todo o quarto. Gabriel, que estava mais afastado, percebeu que dali onde estava ela não teria como vê-lo. Então, deu alguns passos e se posicionou atrás de Letícia.
Quis dizer alguma coisa, qualquer palavra de conforto. Mas tudo que pensava já tinha sido antecipado por Letícia. Se repetisse, soaria inútil.
E havia algo ainda pior:
ele temia, no fundo da alma, que Beatriz não quisesse vê-lo.
A garganta dele se moveu em seco. Ficou ali, imóvel, apenas olhando-a com uma intensidade que queimava. O rosto carregava cada traço da preocupação que lhe sufocava o peito.
Por um instante, acreditou que Beatriz o havia notado.
Mas logo em seguida…
Ela fechou os olhos.
E, lentamente, virou o rosto para o outro lado.
O impacto foi devastador.
Gabriel sentiu a garganta travar, como se